Juiz de Fora registra suspeita de morte por dengue
Idosa de 66 anos pode ter morrido em decorrência da doença; na próxima semana, agentes de endemia percorrerão 15 bairros
A morte de uma idosa foi notificada pelo Hospital São Vicente de Paulo ao Departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde. A suspeita é que a mulher, de 66 anos, tenha morrido em decorrência de dengue. De acordo com a Secretaria de Saúde (PJF), o departamento foi notificado e solicitou ao hospital o prontuário da paciente, para analisar as causas do óbito. Além disso, a pasta vai requerer ao Estado, por meio da Fundação Ezequiel Dias (Funed), a realização do exame de sorologia para confirmar ou descartar se o óbito ocorreu mesmo em decorrência da doença. A suspeita de morte por dengue é a única registrada na cidade neste ano. Apesar de ainda não haver confirmação, a suspeita é um alerta, já que o município tem registrado altos números de arboviroses, doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti.
A Secretaria de Saúde já confirmou 1.160 casos de dengue e 149 de chikungunya em Juiz de Fora – no total, são 1.309 comprovações das duas arboviroses. Para tentar minimizar os efeitos da proliferação do vetor, a Prefeitura vai dar continuidade, na próxima semana, à força-tarefa de combate à dengue em 15 bairros da cidade. Na ação, agentes de combate a endemias e fiscais de posturas irão vistoriar, simultaneamente, de segunda-feira (6) a sábado (11), residências de 247 quarteirões (ver quadro). A ação, que ocorre sempre pela manhã, tem o objetivo de fazer uma busca ativa de focos do Aedes e eliminá-los. Um dia após cada vistoria, agentes retornarão aos locais para aplicar inseticida a Ultra Baixo Volume (UBV), utilizado para controle do vetor.
Estado aponta incidência média
Conforme boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), atualizado na última segunda-feira (29), Juiz de Fora atingiu incidência média de casos prováveis de dengue. O índice significa que o município tem entre 100 e 299 registros da doença a cada cem mil habitantes.
A situação da dengue é crítica no estado mineiro. Segundo o boletim, até esta segunda, foram registrados 165.853 casos prováveis de dengue em Minas Gerais. Em 2019 foram confirmados 21 óbitos pela doença – nenhum na região da Zona da Mata -, e outros 66 seguem em investigação. Um decreto de emergência em saúde pública, por conta dos casos de arboviroses registrados em Minas, foi publicado pelo governo no último dia 23. O objetivo é facilitar a mobilização de recursos para o enfrentamento do Aedes aegypti e para a estruturação de serviços de atendimento às pessoas infectadas nos mais de 331 municípios localizados nas macrorregiões de saúde Centro, Noroeste, Norte, Oeste, Triângulo do Norte e Triângulo do Sul.
Embora o decreto não contemple Juiz de Fora e a Zona da Mata, a região registra altos números de casos de arboviroses – dengue e chikungunya. São João Nepomuceno, cidade distante cerca de 65 km de Juiz de Fora, tem o maior índice de casos prováveis da região: eram 1.287 registros até a última segunda. A situação do município vizinho é de incidência muito alta para a doença – mais de 500 casos prováveis por cem mil habitantes. Rio Pomba, Guarani, Visconde do Rio Branco, Tabuleiro e Rio Novo ampliam o número de municípios da Zona da Mata com incidência muito alta para a dengue. Lima Duarte, Rodeiro e Descoberto apresentam situação de alta incidência.
Chikungunya
Na região, a cidade de Santana do Deserto, distante 48 quilômetros de Juiz de Fora, tem 45 casos de chikungunya notificados. O município registra incidência muito alta para a doença. No entanto, em números absolutos, Juiz de Fora é a cidade do estado com mais registros de chikungunya. Apesar disso, o cenário tem se estabilizado em relação à doença nas últimas semanas. A alta na incidência se deu no início do ano.
Em entrevista à Tribuna, há cerca de duas semanas, a gerente do departamento de Vigilância Epidemiológica, Cecília Kosmann comentou a situação. “O vírus da chikungunya tinha circulado muito pouco em Juiz de Fora até o momento. Então esse ciclo não se fechava. Provavelmente, antes, o vírus tenha chegado numa área com poucos mosquitos ou com poucas pessoas. Mais de 50% (dos casos) se concentram no bairro Granjas Bethânia. Então, em algum momento, chegou alguém com o vírus e naquele bairro encontrou as condições ideais. Com isso, houve o aparecimento de casos”.
Na ocasião, a gerente explicou que foi feito um bloqueio para que a doença não se espalhasse para outros pontos da cidade. Com isso, a Prefeitura conseguiu conter o aumento de casos de chikungunya em outros locais, o que explica a alta no número de casos ter se estabilizado.
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