Um peso e duas medidas?


Por Renato Salles

03/05/2019 às 06h30

O atual momento do futebol brasileiro não é, de fato, dos melhores. A geração é fraca e só tem em Neymar um verdadeiro fora de série. Os outros são os outros. Bons jogadores. Ponto final. Mas o fato é que, às vésperas de uma Copa América a ser disputada em gramados “verdeamarelos”, o craque virou um problema e um abacaxi difícil de descascar. Fosse eu Tite, honestamente, deixaria Neymar de fora da competição nacional por coerência por “me-re-ci-men-to”, como gosta de dizer o treinador de fala pastoral. Um jogador que agride um torcedor com um soco merece uma dura e uma punição exemplar como uma “não convocação”. Nada justifica tal ato.

Cabe lembrar que, no ano passado, Tite deixou o atacante Douglas Costa, do Juventus (Itália), de fora da convocação que sucedeu um injustificável ato de indisciplina do jogador brasileiro. Douglas levou a “punição” após ter feito algo repugnante: cuspiu em um adversário – no caso, Di Francesco, do Sassuolo. À época, o técnico da Seleção admitiu que a cusparada pesou na decisão de deixar o atleta de fora dos amistosos contra Arábia Saudita e Argentina, disputados em outubro. “Não foi convocado pelos dois fatores: lesão e incidente. Ou ato de falta de disciplina”, disse Tite na ocasião.

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No caso de Douglas Costa, de nada adiantou o pedido de desculpas do jogador, que admitiu publicamente: “errei feio”, em texto publicado nas redes sociais. Há alguns meses, a opção de Tite pela não convocação do atacante foi elogiada. Foi dado o exemplo. Agora, Neymar também optou pelas redes sociais para se desculpar pelo ato indigno de forma atabalhoada. “Tô errado? Tô. Mas ninguém tem sangue de barata”, postou em seu Instagram. Escusa torta de um cara que admite pela metade sua atitude deplorável. Até aqui, Tite não se manifestou sobre a agressão de seu principal atleta, mas, caso opte pela coerência, o único caminho possível é deixar o jogador do PSG fora da Copa América e fazer de um mau exemplo, um exemplo.

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