Cloves Santos: ‘Queremos criar um conselho e colocar o torcedor para votar’

Ex-diretor reitera candidatura nas eleições de outubro no Tupi, com proposta de reforma estatutária e projeto de categorias de base


Por Bruno Kaehler

23/04/2019 às 18h12- Atualizada 24/04/2019 às 13h22

Após deixar o cargo de vice-presidente de Futebol do Tupi ao término do Campeonato Mineiro de 2016, antes da Série B, Cloves Santos pretende voltar à cúpula carijó. Mas, desta vez, em diferentes moldes, como ele próprio esmiuçou à Tribuna nesta terça-feira (23). O ex-dirigente reiterou que irá se candidatar a presidente do Tupi para o triênio 2020-2022 e expôs suas prioridades para o período.

A chapa, formalizada pelo movimento de torcedores denominado SOS Tupi nesta segunda (22), será composta ainda por Oswaldo Ribeiro, vice de Santos e ex-diretor social do clube, no primeiro mandato de Áureo Fortuna, com o apoio de carijós como João Delvaux e Eurico Moura, presentes em chapa oposicionista no último pleito, e de torcidas organizadas e grupos de alvinegros, casos da Tribo Carijó, Tupirados e Associação Amigos do Tupi (AAT).

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“O cargo de presidente foi uma escolha de todos. Um consenso. A princípio relutei porque não queria. Mas a ideia de conseguir entrar para modificar o estatuto para acabar com a figura do presidente e montar um conselho, porque acredito que, pelas dificuldades que o Tupi vai encontrar, será quase impossível resolver os problemas com as figuras de presidente, vice-presidente social, enfim. Como várias pessoas se prontificaram a ajudar, cada uma em uma área, montaríamos esse conselho sem a figura do presidente para resolver tudo. O meu foco é o futebol, e o do Oswaldo, a sede. Outras pessoas vão me ajudar no futebol e outras coisas que queremos explorar, como aumentar a questão dos sócio-torcedores, e mudanças estatutárias pra fazer o Tupi mais moderno, a exemplos de clubes como o Botafogo-SP, que sofreu mudanças que trouxeram muitos benefícios”, relata Santos.

Pleito previsto para outubro

Segundo previsto em estatuto, o pleito deverá ocorrer na primeira quinzena de outubro. As chapas deverão ser registradas na secretaria do clube em até 20 dias corridos antes do dia das eleições. Também à Tribuna, o atual presidente do Conselho Deliberativo alvinegro, Juninho, confirmou, em primeiro momento, e reiterou, em março deste ano, a intenção de concorrer ao comando executivo do Galo.

Cloves Santos deixou o Tupi em 2016 por “interferência em pasta” (Foto: Leonardo Costa)

Conselho gestor e mudança estatutária

Entre as prioridades de Santos e aliados estão a divisão igualitária de poder através da formação de um conselho gestor e reforma no estatuto para dar direito de voto aos sócio-torcedores do clube com, no mínimo, um ano no plano, sem benefícios sociais na agremiação.

“Queremos criar um conselho e colocar o torcedor para votar. Tenho certeza de que se fosse a vontade dos mil, 1500 torcedores que iam regularmente aos jogos do Tupi, essa diretoria não estaria no cargo. O motivo de ser do clube é a torcida e tem que ter direito ao voto. Não posso ficar preso a uma lista de sócios do clube que me apoiam sempre”, antecipa.

O objetivo é reaproximar juiz-foranos com maior transparência na administração. “Vamos convidar o Ricardo Estrade pela bonita história que tem no clube. De composição de chapa iremos fazer o que o estatuto pede. Mas na composição da gestão temos alguns empresários recém-chegados na cidade, contatos fora, contador, pessoal de marketing e redes sociais. Aliás, temos que elogiar o trabalho nas redes sociais feito no Baeta pelo Vitor (Gualberto) e Roney (Testa). O principal é trazer as pessoas da cidade de volta. Luis Augusto Alvim como preparador físico, o retorno do Walker (Campos), Júlio Cirico, (Alex) Nascif, que é um grande profissional.”

Há, ainda, proposta de projeto de formação de atletas com preocupação de caráter social. “A categoria de base provavelmente será meu carro chefe no futebol. No profissional terá uma transição rápida, mas na base quero um projeto social com parcerias de bairro a bairro. Quero levar o Tupi para os bairros porque muitos têm dificuldades em ir até o clube. Parcerias com as Caems, escolinhas itinerantes com este aspecto social.”

‘Não tem caça às bruxas’

Em relação aos problemas de relacionamento com torcedores registrados nos últimos anos em que esteve no comando do futebol do Tupi, segundo Santos, ficaram para trás. Para ele, não houve desavenças, mas um desgaste.

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“Depois que saí do Tupi, as campanhas infelizmente mostraram que meu trabalho era bom. Infelizmente mesmo. Porque os resultados não vieram, com três descensos. Comecei a ser recebido de uma forma diferente. Com todos os erros, defeitos, meus e dos torcedores, amadurecemos muito. Não repetiria várias coisas que fiz. Hoje não vejo resistência. Depois que o Tupi caiu à Série D, sempre um torcedor fala para eu voltar. É o famoso ‘era bom e não sabia’. Minha maior crítica naquela época era o marketing, que não atraía torcedores, porque meus resultados não mereciam nenhum desgaste. Fomos campeões brasileiros da Série D, tivemos descenso (2012), sim, mas de 2013 para cá o futebol cresceu. Em 2013 subimos, 2014 fizemos uma ótima campanha, no ano seguinte subimos novamente e o Mineiro de 2016 não foi bom porque tive interferências, assim como em 2012. Quem me deixou ficar naquela situação ruim centralizava tudo em mim. Foi o próprio marketing, que será muito bem cuidado se a gente vencer. Consigo enxergar o Tupi de fora pra dentro agora e não de dentro para fora. Vi o quanto o clube tem de torcedores, mas que não vão pelos mesmos motivos que eu: a desorganização. O Tupi precisa de um conselho, um grupo forte e que queira o clube sem precisar dele”, analisa.

O diretor ainda lembrou a atual diretoria ao destacar que “não tem caça às bruxas, à atual diretoria, nenhuma. Ninguém está torcendo contra o Tupi. Espero que o clube faça uma Série D boa e tenha calendário ano que vem, independente de quem vença as eleições.”

Tópicos: futebol / tupi

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