O Vasco precisa entrar em campo


Por Bruno Kaehler

16/04/2019 às 20h32- Atualizada 16/04/2019 às 20h53

Seis finalizações, sendo uma na meta adversária. Menos da metade de passes certos do rival (243 contra 488) com 39% de posse. Os dados do Vasco no embate de ida da decisão do Campeonato Carioca contra o Flamengo, no domingo (14), justificam a mais popular reivindicação dos torcedores após o 2 a 0 sofrido: “O Vasco não entrou em campo.”

No campo tático, outra estatística ajuda a entender a limitação vascaína reforçada por alteração de Abel Braga. Com a bola, 88,6% dos passes do time de Alberto Valentim foram nos dois primeiros terços de campo. Apenas 11,4% no ataque. Já o Rubro-Negro obteve 78,2% da posse trabalhada do meio para frente. O mapa de calor (ver imagem) ilustra. O Vasco pouco incomodou.

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Mapa de calor de Vasco e Flamengo do clássico de domingo evidencia consistência ofensiva rubro-negra (Arte: Footstats)

A estratégia de Abel Braga ao inserir Arrascaeta na equipe, tornando-a mais presente no último terço de campo com e sem a bola, foi fatal. Valentim, sem variações, não suportou a marcação alta e intensa flamenguista, somada às más atuações sobretudo do volante Lucas Mineiro – coração cruzmaltino no início de temporada, e dos meias-atacantes Bruno César e Yago Pikachu. A característica do jogo proposta com a mudança de Abel expõe defesas, como nos clássicos em que o Flamengo atuou com time alternativo, e valoriza individualidades – quesito em que o Rubro-Negro é muito superior.

O mais preocupante, porém, é o que está por vir. Convenhamos, o título carioca foi, recentemente, motivo de ilusão ao Gigante da Colina. E assim será, se vier. O Vasco foi pressionado pelo modesto Bangu pelo menos em duas partidas. Valentim não mostra variações táticas. O 4-1-4-1, com Raul de primeiro volante, Lucas Mineiro avançando para auxiliar a criação ao lado de Bruno César, e Marrony e Rossi ou Pikachu abertos, é previsível. Tanto é que quase todos os gols da equipe saem de bolas paradas ou pelo alto – virtude que deve ser elogiada e mantida para a temporada.

O mais preocupante, porém, é o que está por vir. Sim, repito. Nesta quarta, o desafio que realmente importa, sobretudo pelo aspecto financeiro – a Copa do Brasil – é contra uma das melhores equipes do primeiro semestre brasileiro: o Santos de Sampaoli. Que espremeu o Corinthians na Vila Belmiro. E que irá buscar o mesmo contra o Vasco. Se repetir a atuação de domingo, o time de Valentim pode ser goleado. O maior comprometimento com a bola é obrigação. Acima de tudo, a personalidade de quem defende a Cruz de Malta. O Vasco precisa entrar em campo.

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