Atletas da região vencem ultramaratona de 300km e 150km

Juan Pablo de Oliveira e Adriano Mello lideram “300, O Desafio”, de Tiradentes a Passa Quatro, com 52h03min e 21h36min de prova, respectivamente


Por Bruno Kaehler

25/03/2019 às 20h29- Atualizada 25/03/2019 às 20h34

Os atletas Juan Pablo de Oliveira e Adriano Mello venceram, no último fim de semana, provas da Ultramaratona “300, O Desafio”, com largada em Tiradentes (MG) e chegada no município de Passa Quatro (MG). Juan Pablo, 25 anos, completou 300km de prova com o tempo de 52h03min, o melhor da disputa, na disputa com apoio. Já Adriano, 48, foi quem completou a modalidade de 150km com apoio no menor tempo, de 21h36min. O evento é marcado por ter, no percurso, parte da antiga Estrada Real, rota hoje turística que remonta à época do Brasil Colonial.

Nascido em Conceição de Formoso, distrito de Santos Dumont, o pacer Juan Pablo parou para dormir por apenas 30 minutos durante todo o percurso. Em meio às dificuldades com a chuva, ele conta que a paciência foi sua grande aliada na quinta (21), primeiro dia de prova.

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Juan Pablo (esquerda), ao lado do vice-campeão José Raimundo, o Baiano (Foto: Arquivo pessoal)

“No primeiro dia houve muito sofrimento. Choveu bastante, principalmente à noite, quando me aproximava do km 95 em Carrancas (MG). Sofri muito até na altura do km 120, onde fiz uma massagem nas coxas e alonguei. Aos poucos retomei minha corrida e, neste tempo, os primeiros colocados começaram a parar para dormir porque fizeram muita força no início. Meu amigo, Ariovaldo Branco, sempre me dizia para ter paciência, que ainda tinha muita prova. Comecei, então, a rodar mais solto”, relembra.

A partir disso, as ultrapassagens se tornaram frequentes, forma de comemorar o aniversário de Juan, na sexta (22). “Fui pegando um por um e saltei de oitavo para terceiro lugar. Passei no PC de apoio principal no km 163, em Cruzília, na terceira posição com duas horas atrás do líder. Decidi não parar, mantive um ritmo forte até Caxambu, quando o diretor da prova me disse que o primeiro colocado estava a pouco mais de 20 minutos de mim. Aquilo me levantou mais ainda. Não me preocupava em buscar a liderança, meu objetivo principal era concluir bem a prova, pois ninguém no mundo, na minha idade, tinha realizado isso. Mas segui minha estratégia”, conta.

Pouco depois, o segundo lugar ficou para trás. A ponta estava cada vez mais próxima. “Não forcei tanto porque sabia que o primeiro colocado era bem mais experiente que eu. Chegando em Pouso Alto ele travou em uma subida. Foi a hora de eu atacar com todas as minhas forças. Passei ele, cresci na prova, isso faltando 65km. A partir disso era só fazer meu dever de casa. Segui tranquilo, porque tinha feito uma prova espetacular até ali, sem falhas. No último PC de apoio, em Itanhandu, faltando apenas 25 km, resolvi dormir apenas 30 minutos por medo de alguém tentar me apanhar. Mas graças a Deus deu tudo certo, com o primeiro lugar geral e me tornando o mais novo a vencer uma prova acima de 250km. Tenho que agradecer demais à minha irmã, Josiane, que foi o meu apoio e lutou comigo até o fim, e a HY Brasil por todo o suporte e logística.”

Mais de 21 horas de pé

Experiente Adriano Mello passou por problema com carro de apoio em prova de quase um dia inteiro (Foto: Arquivo pessoal)

Aos 48 anos, o advogado Adriano Mello, carioca, mas que mora em Juiz de Fora há cinco anos, venceu a prova dos 150km do mesmo evento, com largada na sexta (22), às 14h. E não sentou durante um minuto sequer.

“Não descansei, nem tive vontade de dormir. Quando cheguei no km 61 parei para comprar um sanduíche. Nesse momento fui ultrapassado pelo segundo lugar. Esperei uns 15 minutos para esse sanduíche ficar pronto, saí e no km 62 o carro de apoio e eu nos perdemos. O carro pegou um caminho errado, assim como no km 63, sem achar o caminho. Fiquei parado até achar outro competidor e ir com ele até o km 112. Dali já tínhamos combinado que cada um faria a sua prova. Nem sentar, sentei, em momento nenhum. Fiquei as 21h36min em pé, porque minha especialidade é de provas acima de 200km”, relata, demonstrando naturalidade no feito, diante da experiência.

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O problema com o carro de apoio atrasou Adriano, que mudou estratégia ao longo do percurso para sair com o título. “Acabou que do km 63 tive que diminuir muito meu ritmo para ir junto com esse outro rapaz e o carro de apoio dele, e ficar de olho no caminho, já que em pouco tempo meu apoio e eu erramos duas vezes o trajeto. Aí fui buscar o ritmo no km 112, quando fui atrás da vitória. Vi que a diferença para o líder era de 45 a 50 minutos, faltando 38km. Apertei muito o ritmo e, faltando 26km, já estava a 28 minutos do primeiro colocado. A 10km do final passei o primeiro colocado”, relatou.

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