Faturamento da indústria mineira cai 4,7% em janeiro
Resultado é o pior registrado para um início de ano desde 2011
A indústria mineira começou 2019 com queda de 4,7% do faturamento, conforme a Pesquisa Indicadores Industriais (Index) de janeiro, elaborada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e divulgada na terça-feira (19). O desempenho é o pior registrado para um mês de janeiro nos últimos oito anos. O rompimento da barragem da mineradora Vale na Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, é um dos principais fatores que contribuíram para o acentuado decréscimo. Para se ter ideia, na análise setorial, as indústrias extrativas contabilizaram queda de 52,6%.
Na avaliação do economista da Fiemg Regional Zona da Mata, Matheus Sávio Santana, as indústrias extrativas possuem grande representação em termos de faturamento e renda. “A questão da Vale trouxe um grande impacto para toda a cadeia. Após as festas de fim de ano, é esperada uma queda de desempenho, mas não nesta magnitude.” O rendimento da indústria registrou queda de 0,9% em comparação com dezembro de 2018.
Os índices de emprego e massa salarial também caíram. Segundo Matheus, a queda de 0,4% no emprego pode ser decorrente dos ajustes no quadro de funcionários após as contratações temporárias da indústria para o final de ano. Já a redução de 1,2% observada na massa salarial é referente ao 13º salário. “Em janeiro sempre ocorre esta diferença porque em dezembro temos o pagamento do benefício.” Apenas as horas trabalhadas aumentaram 1,1%, o que pode ser justificado pelo número maior de dias úteis em janeiro na comparação com dezembro.
Cenário desafiador
Apesar dos olhares de otimismo lançados sobre 2019, esperado como o momento da retomada do crescimento pela indústria, os resultados foram piores do que os índices registrados no início do ano passado. Na comparação entre janeiro deste ano e janeiro de 2018, o faturamento das indústrias mineiras caiu 3,1%. A massa salarial reduziu 1,8%; o rendimento teve queda de 1,9%; e as horas trabalhadas diminuíram 3%. Apenas o emprego apresentou variação positiva de 0,1%.
Mesmo com um começo de ano em queda, a indústria se mantém confiante de que a melhora está por vir. “O índice de confiança da indústria fechou fevereiro com 63,5 pontos. Quando ele está acima de 50 pontos, consideramos o setor otimista e confiante”, pontua Matheus. “Além disso, estamos observando a movimentação dos indicadores econômicos. A manutenção da taxa Selic no patamar mais baixo que ela se encontra (6,5%) é bastante favorável.”
O estudo publicado pela Fiemg aponta “um cenário desafiador para a indústria diante dos impactos, diretos e indiretos, da interrupção parcial de atividades extrativas minerais, e das incertezas quanto à aprovação e abrangência de reformas estruturais importantes, como a da Previdência”, afirma. “Adicionalmente, a continuidade da crise econômica na Argentina, relevante parceiro comercial, poderá afetar negativamente os principais setores exportadores da indústria mineira.”