El Toro Fuerte e Grogues fazem show neste domingo (10) na Canil Recs
El Toro Fuerte, de BH, e a juiz-forana Grogues apresentam novidades autorais, embaladas por indie rock entre outras influências
Canções sobre amor, solidão, novas pessoas e viagens, situações insólitas ou comuns do cotidiano, esperanças, desilusões, amizades, relacionamentos, questões existenciais, embaladas por melodias inspiradas no dream pop, indie rock, música brasileira, música eletrônica, soft rock, pop que não tem vergonha de se assumir como tal: tudo isso pode ser conferido, curtido e conquistar os corações desapegados na sonoridade das bandas El Toro Fuerte e Grogues, que fazem show neste domingo (10), a partir das 15h (abertura da casa), na Canil Recs, um dos pontos da música alternativa de Juiz de Fora. E ambos vão para o jogo com trabalhos novos para mostrar, o primeiro com seu segundo álbum, “Nossos amigos e os lugares que visitamos”, enquanto o segundo tem como cartão de visitas o trabalho de estreia, “Passar mal”.
Formada em 2015 em Belo Horizonte, a El Toro Fuerte tem em “Nossos amigos e os lugares que visitamos”, sucessor de “Um tempo lindo pra estar vivo” (2016), boa desculpa para fazer o segundo show em terras juiz-foranas. Como esta é uma das primeiras paradas da turnê de divulgação do segundo álbum, o repertório vai se concentrar em “Nossos amigos…” e mais algumas do primeiro disco para alegria dos fãs mais antigos. Será a oportunidade de conferir, ainda, a nova formação da banda, que antes era um trio (João Carvalho, Diego Soares e Gabriel Martins) e agora oficializou a entrada de Fábio de Carvalho, responsável por cinco das 13 letras do segundo disco, além de ajudar a diversificar a sonoridade do agora quarteto.
“Foi um trabalho em que tivemos condições de expandir o som e trabalhar outros estilos musicais, variar as temáticas. É um álbum mais completo, complexo e que dialoga mais com o público”, acredita João Carvalho, que credita parte dessas mudanças ao amadurecimento dos integrantes nesse período. “Tivemos muitas experiências de viagem, ir para outros estados, as turnês pelo Nordeste, São Paulo, Rio de Janeiro. Isso deixou a gente com uma atitude mais profissional; não perdemos a emoção da coisa, mas temos feito shows mais elaborados, técnicos, a experiência de quem assiste é melhor.”
Também foi fundamental, acrescenta, a entrada de Fábio de Carvalho. Para João Carvalho, o novo integrante – que já tocava com a banda nos shows – conhecia a identidade da El Toro Fuerte e trabalhou suas composições pensando nisso, sendo ainda um dos fatores que ajudaram na comentada diversificação sonora. “Agora temos quatro membros, sendo três compositores mais ativos, e passamos a ter mais identidade. Conseguimos dialogar mais com a música pop por conta dele, que tem outras influências. Pudemos mostrar também mais influências do Clube da Esquina.”
Fazendo amigos e criando músicas na estrada
A soma de novo integrante+pé na estrada+amadurecimento se reflete nas letras e melodias de “Nossos amigos e os lugares que visitamos”, título muito significativo a respeito desse processo de estabelecimento e crescimento da banda. “As músicas e o título surgiram ao mesmo tempo na viagem pelo Nordeste, que durou cerca de um mês. Começamos a pensar no disco tendo em mente essa questão das viagens, e as emoções que sentimos nessa proximidade com os fãs serviram de combustível para as composições, que falam disso: viajar, sair de casa, conhecer pessoas, passar tempo em outros lugares… O álbum fala dessas nossas experiências tocando em lugares novos”, detalha.
Sobre as viagens, João Carvalho diz ter sido uma grande surpresa, na época, a proporção tomada pela banda, pois não era a pretensão, nesse primeiro momento, ter uma resposta tão significativa, mas que ao perceberem o feedback tiveram a certeza de que estavam fazendo a coisa certa. “Por conta do disco, conhecemos muita gente de fora, e depois retornamos a Belo Horizonte. É o que acontece muito aqui, as bandas são reconhecidas em outras cidades e só depois em BH. Mas não é uma mágoa, e sim o reconhecimento do processo, já que as ruas, os bairros onde crescemos são meio que personagens principais das composições. Há uma relação afetiva com a cidade, e tentamos colocar esses lugares nas musicas. ‘Santa Mônica’, por exemplo, é sobre o bairro em que o Diego cresceu e onde gravamos a maior parte do álbum.”
Para terminar, aproveitando que o assunto passou para Belo Horizonte e o reconhecimento no próprio quintal, João Carvalho fala a respeito do cenário musical local. “Participamos de uma onda independente que estabeleceu locais fixos na cidade, e as bandas surgidas depois puderam se aproveitar disso. Mas acho que estamos sempre nesse duelo com o poder público, pois as verbas para eventos têm sido mais complicadas (de se conseguir). Não é necessariamente algo ruim, pois aprendemos a fazer as coisas por conta própria. Importante que o cenário está melhor estabelecido, as coisas estão crescendo.”
Som nada indigesto
Representante de Juiz de Fora no evento, a Grogues é um misto de projeto-desafio daquele que é considerado por parcela considerável da comunidade indie como O hitmaker da cidade, Filipe Alvim. A ideia era gravar em apenas um mês, durante outubro passado, as oito faixas de “Passar mal”, título que faz referência ao consumo exagerado de lanches em geral e substâncias não recomendáveis ao corpo humano. Depois de quatro apresentações durante o período de gravação, o grupo formado por Filipe, Everton Surerus, Marcio Reis e Vini Fonseca (Leo Fazio, da paulista Molodoys, participou das gravações e tocou nos primeiros shows, mas não é membro fixo e estará ausente desta vez) retorna para mostrar o trabalho na íntegra mais a música “Frio”, da Gaax.
“Eu e Everton voltamos de uma turnê decididos a compor mais e talvez ter um projeto”, relembra. “Acabou que o Leo Fazio veio pra Juiz de Fora e ajudou a criar as letras, assumiu alguns instrumentos nas faixas. Nós morávamos na mesma casa, e foi tudo uma coincidência. O Vini já estava entrando pra minha banda solo, e automaticamente veio pra Grogues. Eu estava sem agenda na época e resolvi marcar alguns shows para a banda.”
Para o trabalho de estreia do grupo, cujo nome é inspirado nos costumes etílicos do quarteto – “Nós realmente somos muito bêbados, com exceção do Vini” (risos), acrescenta entre uma resposta e outra da entrevista, feita pela internet enquanto Filipe faxinava a casa -, nada de reaproveitar alguma composição inédita do Filipe Alvim solo. Ele diz que todas as faixas foram criadas a partir do zero, na casa em que dividiam. “Acho que só o Leo Fazio trouxe a ‘Lucidez’ pronta”, diz, para quem as composições de “Passar mal” se aproximam do que faz como artista solo. “É a mesma ‘fórmula’ (risos).”
Para o futuro, Filipe Alvim acredita que “tudo pode acontecer neste ano”, seja com a banda ou na sua jornada de hitmaker solitário. “Tenho conversando com muitas pessoas, e as possibilidades são infinitas. Por enquanto eu e Everton estamos focados no espaço que estamos abrindo neste fim de semana (o Vitrine, misto de loja-espaço cultural-bar) a fim de financiar essas turnês e outras coisas.”
EL TORO FUERTE + GROGUES
Domingo (10), às 15h (abertura da casa), na Canil Recs (Rua Dr. João Pinheiro 307 – Jardim Glória)