Nós te amamos, Weezer, mas… Ajudaí, galera

Por Júlio Black

30/01/2019 às 07h05 - Atualizada 30/01/2019 às 07h26

Oi, gente.

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O Weezer é uma das minhas bandas favoritas surgidas no último quarto de século, mas é preciso reconhecer que há quase 20 anos o quarteto comandado por Rivers Cuomo não lança um grande álbum, daqueles que a gente coloca para tocar no estéreo e fala “caracas, preciso ouvir isso todos os dias até o dia da minha morte, mesmo que ela seja desagradável e envolvida em dor excruciante”. Contraditório, não? Talvez; mas o caso é que os três primeiros discos do Weezer (“Blue album”, de 1994; “Pinkerton”, de 1996; e “Green album”, de 2001) eram tão bons, mas tão bons, mas tão bons MESMO, que tudo que viesse na sequência teria que cortar um dobrado para ser tão bom quanto.

No fim das contas, não foi o que aconteceu, mesmo que a banda mantenha uma legião de fãs a ponto de ser realizado um cruzeiro marítimo com o Weezer dando uma de Roberto Carlos. Trabalhos como “Everything will be alright in the end” (2014) e o “White album” (2016; na verdade, os verdadeiros títulos dos álbuns “branco”, “verde”, “azul”, “vermelho” levam o nome do quarteto, mas assim são apelidados pelos fãs) até lembram o bom e velho Weezer, mas a maioria dos discos do grupo nesta última década e meia apresentam umas duas ou três músicas muito boas, e o resto é tão mais ou menos que a gente até esquece que os álbuns estão ali, pedindo para ser ouvidos e dando aquele “oi, sumido” musical.

Como gostamos tanto do Weezer (apesar dos vacilos), cá estamos nós esperando pelo “Black album”, previsto para sair em março, e eis que de repente, não mais que de repente, os rapazes surpreendem e lançam, na última quinta-feira (24), o “Teal album”, com versões para dez clássicos do rock, pop e R&B de gente como Black Sabbath, A-ha, Electric Light Orchestra, Eurythmics e Michael Jackson. O trabalho saiu após o inesperado sucesso da regravação de “Africa”, do Toto, que fez sucesso ano passado.

O resultado, porém, é decepcionante, pois não agrega nada à carreira da banda ou às versões originais, em sua maioria. Quando chegou a notícia do álbum, logo se imaginou que o Weezer faria algo com a sua assinatura, porém a banda apenas reproduz as dez faixas praticamente sem mudar um “A” em seus arranjos. É doloroso dizer isso, mas imagine uma dessas bandas de formatura com uns músicos bons no que fazem reproduzindo pérolas do pop e do rock para formandos cheios de álcool nas ideias balançarem seus esqueletos. É isso que o Weezer faz em “Teal album”, um disco desnecessário, equivocado e que nada acrescenta à carreira do grupo. Antes tivessem ficado em casa, assistindo às inúmeras versões de “Bandersnatch”.

Para sermos justos, a versão de “No scrubs”, do TLC, é a melhor do disco por procurar não ser mera fotocópia do hit do trio norte-americano. A 2.485ª versão de “Stand by me” (Ben E. King), por outro lado, é disparada a pior de todas, até porque não existe motivo algum no universo para essa música ser regravada pela 2.485ª vez. As demais são cópias tão fiéis dos trabalhos originais que a gente até curte ouvir “Paranoid” e “Mr. Blue Sky” na voz de Rivers Cuomo e poderia colocá-las no setlist aleatório de alguma festa, mas não fariam falta alguma à humanidade se não existissem.

Se é para recriar, o Weezer bem que poderia fazer como o Teenage Fanclub, que deixou “Like a Virgin” (Madonna) com a cara da banda escocesa e é uma das melhores covers já feitas. Ou o Manic Street Prechers com “Umbrella” (Rihanna), Faith No More com “I started a joke” (Bee Gees), Flaming Lips com “Space Oddity” (David Bowie), Placebo com “Bigmouth strikes again” (The Smiths), Swans com “Love will tear us apart” (Joy Division), ou o que o Pomplamoose tem feito há uns bons anos com suas versões para músicas de Lady Gaga, Michael Jackson, Beyoncé e Earth, Wind & Fire. Nem pedimos uma “Hurt” (Nine Inch Nails) com Johnny Cash, a mais bela apropriação de uma música alheia na história da raça humana.

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Só um pouco mais de personalidade, Weezer, por favorzinho. Seria melhor ter deixado a galera esperando pelo “Black album”.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Júlio Black

Júlio Black

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