Por acaso


Por Júlia Pessôa

20/01/2019 às 07h00

Ao longo de toda a existência humana, cientistas de várias áreas, líderes espirituais, filósofos propriamente ditos – e os de botequim – discutem a existência ou não do acaso. Confesso que não penso muito sobre ele. Eu tendo a ser uma pessoa que gosta de tudo planejado, sobretudo no que diz respeito às minhas responsabilidades, embora nem tudo saia exatamente como pensei com bastante frequência. Mas aprecio a segurança que sinto em estar preparada para o que preciso fazer. Pode ser um desejo por controle ou insegurança, talvez ambos. Nunca saberei.

O acaso pode assustar, e se Deus está, de fato, em algum lugar e observando a gente, sabe como eu odeio tomar susto, mesmo de brincadeira – faço um escândalo. Por outro lado, é só dessa imprevisibilidade que surgem as boas surpresas da vida. Encontros fortuitos não combinados, músicas gostosas que pululam no fone de ouvido no modo aleatório, afinidades inesperadas, descobrir um lugar diferente e agradável no caminho de todo dia, achar dinheiro no bolso de uma roupa meio esquecida no armário, explodir em uma gargalhada da maior besteira deste mundo. Bobagens, eu sei. Mas a gente se preocupa tanto com as situações macro da vida, do país e do mundo – com devida razão e desespero -, com tudo que está planejado, fadado e/ou determinado (o que inclui as raivas que temos passado, no melhor estilo “eu avisei”), que deixamos de permitir que ele, o acaso, possa nos arrancar um sorrisinho despretensioso, na mínima das hipóteses.

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Eu vou continuar fazendo listas, planejando meus dias, cumprindo horários, traçando metas e buscando um controle sobre a vida e seus desdobramentos. Faz parte de mim. Ainda assim, tenho procurado estar de olhos bem abertos enquanto percorro os passos da minha checklist. Nunca se sabe o que o acaso pode trazer na próxima esquina. (Ainda bem!)

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