Obras do HU serão retomadas em 2019, afirma reitor da UFJF
Marcus David anunciou licitação para construção de dois prédios para o próximo ano; Jardim Botânico e Complexo Esportivo serão inaugurados em março
As obras do Hospital Universitário (HU) da UFJF serão retomadas no início de 2019. A informação foi dada pelo reitor Marcus Vinícius David nesta terça-feira (11), durante o programa Debate da Rádio CBN Juiz de Fora junto com a Tribuna de Minas. Serão lançados dois editais de licitação para a concretização de dois blocos do projeto. Um dos prédios será destinado à instalação dos ambulatórios, e o outro, aos atendimentos do Centro de Atenção Psicossocial (Caps). Além das obras do hospital, outros projetos também devem sair do papel. A expectativa é de que em março, quando começa o primeiro semestre letivo, ocorra a inauguração do Complexo Esportivo da Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid) e a abertura do Jardim Botânico.
Com relação ao HU, o reitor esclareceu que para a retomada das obras foi priorizado o que poderia ser entregue à população já em funcionamento. “A complexidade da situação jurídica impôs que tivéssemos um cuidado redobrado. O projeto para o prédio do Caps está pronto, passando pelas últimas revisões. Para o bloco onde serão os ambulatórios, já temos o projeto técnico, e agora estamos na fase orçamentária.” Segundo ele, também existe a proposta de recuperação do prédio principal, que está sendo revista na tentativa de reduzir os custos.
Inicialmente, a ampliação do hospital foi orçada em cerca de R$ 250 milhões. Além de sofrer uma readequação financeira, o projeto original teve que ser alterado pela nova Administração da universidade em decorrência de irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Por conta dos questionamentos, as obras ficaram paralisadas. O valor das novas licitações não foi informado pela instituição.
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Marcus David relembra que quando assumiu a Reitoria, em 2016, deparou-se com um grande número de obras inacabadas. “O Brasil já enfrentava um cenário de crise econômica e política muito intenso. O processo de expansão de todos os investimentos públicos foram fortemente comprometidos”, conta. “Tínhamos projetos internos e grandes obras paralisados por questões de diferentes naturezas – jurídicas, técnicas e orçamentárias.” Nesta lista, estavam o Jardim Botânico, o Campus de Governador Valadares, o Parque Tecnológico, além do HU.
Jardim Botânico vai estar aberto para visitação em março
Para viabilizar a abertura do Jardim Botânico à visitação, a universidade optou por “desmembrar” o projeto em duas obras. “Primeiramente, trabalhamos com o nosso pessoal na questão de infraestrutura para garantir energia, água e esgoto. Agora estamos na fase final da implantação de medidas de segurança. Este trabalho permitirá abrir o espaço para visitação em março”, assegura. “O outro trabalho se refere à construção de um teleférico e um trenó de montanhas. Este projeto é orçado em R$ 20 milhões, e não será prioridade nesse momento de crise.”
Outro equipamento que estará disponível em 2019 será o Complexo Esportivo, que já está com as obras bem avançadas. De acordo com o reitor, é esperada apenas a construção de uma passarela que irá ligar os vestiários ao campo. “A empresa responsável tem o prazo para concluir o trabalho até fevereiro. Esperamos fazer a inauguração também em março.” Além do ginásio, o equipamento contará com prédios onde serão instalados laboratórios para pesquisa e salas para ginástica.
Parque Tecnológico e Campus de GV seguem sem perspectiva
Dois projetos de grande dimensão da UFJF seguem sem perspectivas de serem retomados. Prometido há mais de seis anos, o Parque Científico e Tecnológico ainda não tem possibilidades de sair do papel. O projeto, que foi estimado em R$ 75 milhões, previa a construção de dois prédios para a implantação da sede administrativa e de um galpão, localizados em um terreno de 1,2 milhão de metros quadrados às margens da BR-040, próximo ao Expominas.
A possibilidade de criação do parque chegou a atrair o interesse de empresas de base tecnológica. Em 2012, a UFJF conseguiu o empenho de R$ 40 milhões para a execução das obras. No entanto, questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU) também embargaram o projeto. “A retomada do Parque Tecnológico esbarra na questão orçamentária. A UFJF ficou com esse recurso empenhado e precisa da autorização legal para utilizá-lo. Foram muitas negociações desde 2012, mas ainda estamos num impasse jurídico. Tivemos pareceres divergentes até agora. Sem a autorização, o parque é inviável”, afirma Marcus Vinícius David.
A viabilidade da construção do Campus da UFJF em Governador Valadares também está sendo reavaliada, conforme o reitor. “É um caso do mesmo nível de complexidade jurídica do Hospital Universitário (HU). Estamos estudando este projeto e pensando em alternativas que possam ser apresentadas ao novo Governo. Com certeza, será uma das nossas primeiras pautas.” A possibilidade de “abrir mão” do campus foi descartada pelo gestor. “Entendemos que todos os esforços devem ser feitos para garantir o sonho da região do Vale do Rio Doce de ter uma universidade pública, federal e de qualidade. As dificuldades são imensas pela distância e pela falta de infraestruturas, mas entendemos a relevância deste projeto.”
Perspectivas políticas e econômicas com novo Governo
Durante a entrevista, o reitor da UFJF Marcus Vinícius Davis também falou sobre as perspectivas políticas e econômicas para o ensino superior com o início do governo de Jair Bolsonaro (PSL). “O recurso disponível para as universidades públicas na proposta de Lei Orçamentária (LOA) de 2019 é o mesmo, em valor nominal, do que foi disponibilizado em 2014. Apesar do crescimento do sistema universitário e das perdas inflacionárias nestes cinco anos, o montante é o mesmo e representa perda de 35% do orçamento. Este subfinanciamento explica muito da crise que várias universidades enfrentaram, como a redução de serviços terceirizados, bolsas e condições para o desenvolvimento da pesquisa.”
Na avaliação dele, a UFJF conseguiu enfrentar esta perda de recursos por ter a característica de conseguir captação por conta própria.”Conseguimos equacionar nossas contas e já nos projetamos para 2019. Trabalhamos considerando que seria o primeiro ano de um governo que ainda não conhecíamos, e projetamos estratégias para garantir o funcionamento da Universidade até o final do próximo ano.”
Para Marcus, as políticas para o ensino superior ainda não estão claras, o que é considerado “preocupante”. No entanto, ele acredita que a indicação do professor-colaborador do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da UFJF, Ricardo Velez Rodriguez, como Ministro da Educação pode ser positiva. “Nos últimos anos, as universidades públicas passaram a ser questionadas por alguns segmentos da sociedade. Vemos questionamentos pouco embasados, já que estão comprovadas a qualidade do ensino, a responsabilidade na maior parte da produção científica do país e a capacidade de transformação social por meio dos projetos de extensão”, enfatiza. “Nos preocupa que estes segmentos ganhem espaço no próximo Governo. Nesse sentido, o fato de termos um ministro que fez a vida acadêmica dentro de uma universidade pública nos faz acreditar que ele sabe e conhece a realidade tal qual ela é.”
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