Hospitais suspedem atendimento a Ipsemg

Situação afeta 16 mil trabalhadores de JF, que encontram dificuldade para ter assistência em saúde


Por Carolina Leonel

17/11/2018 às 07h00- Atualizada 17/11/2018 às 09h31

Cerca de 16 mil servidores juiz-foranos que são usuários do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) estão sem receber atendimento médico-hospitalar em Juiz de Fora por meio do convênio. A suspensão do atendimento prestado por hospitais, laboratórios e clínicas credenciados tem “prejudicado e gerado uma insatisfação muito grande na categoria”, afirmou o diretor do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado de Minas Gerais (Sindpúblicos-MG), Geraldo Henrique. Ele ressalta que há alguns tipos de assistência de saúde suspensos há mais de um ano pela falta do repasse de recursos por parte do Governo do Estado. Entre os hospitais, Instituto Oncológico, Nove de Julho e Hospital Doutor João Felício confirmaram à reportagem que não estão atendendo temporariamente o Ipsemg. Já o Hospital São Vicente de Paulo (antigo HTO) afirmou que não suspendeu a assistência ao convênio.

Usuários do Ipsemg já vinham encontrando dificuldades para agendamento e marcação de consultas e exames em Juiz de Fora. Entretanto, a situação se agravou ao afetar os hospitais. Segundo Geraldo, este é o cenário do atendimento de saúde ao servidor público em praticamente todo o Estado, com maior gravidade em municípios do interior, deixando defasada a assistência em saúde dos quase 900 mil usuários mineiros. “Perdemos vários hospitais credenciados e, com isso, o que está sendo prejudicado é o atendimento médico-hospitalar dos trabalhadores do serviço público. Nós já entramos com uma representação no Ministério Público, mas até o momento nada foi solucionado”, diz.

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Insatisfação

A insatisfação da categoria aumenta, conforme o diretor do Sindipúblicos-MG, porque mensalmente é descontado um percentual do contracheque dos servidores que não está sendo repassado ao instituto, deixando a categoria desassistida no atendimento à saúde. “É descontado, todo mês, 3,2% do salário de cada servidor e mais 1,6% da contribuição patronal. Só que esse valor tem ido para o caixa único e não está sendo repassado (do Estado) ao Ipsemg. Além disso, o Governo nem recebe o sindicato para conversar. Já tem mais de um ano que o presidente do Ipsemg não senta com o sindicato para tentar solucionar a situação. Não estão aberto ao diálogo”, diz.
Por meio de nota encaminhada à reportagem, o Ipsemg citou apenas que “os pagamentos aos credenciados e fornecedores vêm sendo realizados à medida da disponibilidade financeira, obedecendo a cronograma e fluxo definidos em lei para a continuidade dos atendimentos aos beneficiários”.

Serviços interrompidos

No município, alguns hospitais afirmaram que tiveram seus serviços totalmente suspensos para os conveniados. Além disso, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) subsede Juiz de Fora destacou que há registros de que a suspensão da assistência também esteja acontecendo em clínica e em laboratórios. Conforme a diretora do Departamento de Comunicação do Sind-UTE, Yara Aquino, um usuário estava há mais de um mês com uma ecografia agendada. No entanto, no último dia 5 de novembro, a clínica ligou ao usuário cancelando o atendimento por falta de repasse de recursos pelo Ipsemg. Além disso, segundo ela, há uma enorme dificuldade, por parte dos usuários, de conseguirem agendar qualquer tipo de exame pelo convênio.
Entretanto, nos casos das unidades hospitalares, os impactos têm sido ainda mais graves. Há pouco mais de quatro semanas, o professor Edimar da Silva tentou atendimento e internação nas unidades hospitalares da cidade conveniadas ao Instituto – Hospital Doutor João Felício, Instituto Oncológico, Nove de Julho e Hospital São Vicente de Paulo (HSVP). No entanto, conforme contou sua esposa Aparecida Luiz da Silva, ele teve a assistência negada pelos hospitais. “A solução foi encaminhar meu marido para o HPS (Hospital Pronto Socorro). Na unidade foi constatado que ele está com pedras na vesícula e por isso estava com muita dor, sendo necessária a internação”, contou.

No Hospital Doutor João Felício, Instituto Oncológico e Nove de Julho, os atendimentos estão retidos desde o início deste mês. Contudo, segundo a gerência administrativa destas unidades, para os pacientes do Ipsemg que estão em tratamento oncológico nestes hospitais, é garantida a continuidade do tratamento. Entretanto, novos atendimentos, casos eletivos e consultas nas demais especialidades estão interrompidos “devido à falta de pagamento por parte do Ipsemg”.

O HSVP informou, por meio de sua assessoria de comunicação, que, embora a suspensão da assistência médico-hospitalar pelo Ipsemg tenha ocorrido em outros hospitais, a unidade não interrompeu nenhum atendimento aos usuários do convênio. Sobre o caso do professor Edimar da Silva, a unidade não confirmou que tenha sido negado atendimento a qualquer usuário do Ipsemg.

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Tópicos: saúde

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