Nova pílula promete substituir cirurgia bariátrica

Cirurgia bariátrica é indicada para pacientes com obesidade ou com outras doenças paralelas


Por Camila Tuchlinski/ Agência Estado

28/10/2018 às 07h00- Atualizada 28/10/2018 às 09h42

 

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São Paulo – A cirurgia bariátrica é indicada para pacientes com obesidade ou com outras doenças paralelas, como diabetes, hipertensão arterial e dislipidemia. Para fazer o procedimento, os médicos avaliam quatro critérios: idade, índice de massa corporal, outras doenças associadas e o tempo de doença.

Para ser “candidato à cirurgia”, o paciente deve ter entre 18 e 65 anos, Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou superior a 40 kg/m², com ou sem comorbidades, ou entre 35 e 39,9kg/m², com comorbidades como diabetes, hipertensão arterial e dislipidemia, que melhoram quando a obesidade é tratada. Deve ter tido falha de tratamento clínico realizado por pelo menos dois anos. Além disso, a pessoa não pode apresentar algumas situações específicas, como limitação intelectual, distúrbios psiquiátricos e etilismo atual ou recente.

A transformação estética de um paciente que realiza a cirurgia bariátrica é visível em pouco tempo. Por isso, muita gente que não precisaria fazer o procedimento tem a ilusão de que se “encaixaria” nesses critérios médicos. Recentemente começou a circular um vídeo nas redes sociais mostrando um medicamento, uma espécie de pílula que, ao ser ingerida, se transforma em balão gástrico. Os internautas ficaram empolgados com a possibilidade do método pouco invasivo.

Diante da procura, a reportagem entrevistou o médico Marcos Belotto, gastrocirurgião do Hospital Sírio Libanês de São Paulo, para tirar dúvidas a respeito da “pílula bariátrica”.

AE – Essa pílula que se transforma em balão gástrico pode ser uma alternativa para a cirurgia bariátrica?
Marcos Belotto – Sim, para casos específicos. Pacientes que apresentem contraindicações ou que não desejem a cirurgia bariátrica, mas se enquadrem nas indicações da pílula balão podem sim serem beneficiados. Porém, é importante ressaltar que, apesar de ambos terem como finalidade o tratamento da obesidade, tanto a cirurgia quanto o balão possuem particularidades que devem ser avaliadas individualmente. De modo geral, esse balão se apresenta como uma alternativa, mas não substitui a cirurgia bariátrica em muitos casos.

Quais são os perigos desse tipo de medicação e quais podem ser os efeitos esperados?
Por se tratar de um método novo, os dados sobre a sua segurança ainda são pouco conhecidos. Apesar disso, sabe-se que, por se tratar de um corpo estranho no interior do estômago, o paciente pode apresentar desde náuseas e dor abdominal discreta até o desenvolvimento de úlceras, sangramento gástrico e obstrução intestinal por migração do balão, quadros importantes e de risco à saúde do paciente, exigindo a retirada imediata dos balões. Quando o dispositivo é bem tolerado, porém, os estudos usados para sua aprovação e o fabricante relatam perda de peso variável, devendo ser associado à dieta e exercícios físicos, como ocorre na cirurgia bariátrica.

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Existe alguma orientação pós-cirúrgica, para que o indivíduo não volte ao sobrepeso? Se sim, qual?
Sim, o paciente deve ser previamente esclarecido e preparado para adequações alimentares e de estilo de vida no pós-operatório, além de ser acompanhado por equipe multidisciplinar. É fundamental que ocorra adesão à dieta, realização de atividade física e outros cuidados, como tratamento de transtornos psiquiátricos, situações que frequentemente se associam com o retorno do sobrepeso.

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