Jovem é investigada por postar ameaça contra candidato a presidente

Jovem teria usado sua página no Facebook para incitar prática de crimes contra presidenciável


Por Marcos Araújo

24/10/2018 às 20h33- Atualizada 25/10/2018 às 19h56

Delegada liberou a jovem, mas caso segue em investigação (Foto: Marcelo Ribeiro)

Uma auxiliar de serviços gerais, de 25 anos, natural de Juiz de Fora, está sendo investigada pela Polícia Federal (PF) por ter usado sua página no Facebook para incitar a prática de crimes contra um candidato à presidência da República. A jovem foi intimada e compareceu à Delegacia da PF, no Manoel Honório, durante as ações da operação Olhos de Lince, desencadeada na manhã desta quarta-feira (23), em Juiz de Fora e outras cidades do Brasil, com o objetivo de coibir crimes relacionados às eleições de 2018. Simultaneamente, foram executadas nove ações, para cumprimentos de quatro mandados de busca e apreensão nos municípios de Uberlândia (MG), São Paulo (SP), Sorocaba (SP) e Caxias do Sul (RS). Também foram lavrados cinco Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCO), com a intimação dos investigados, nos municípios mineiros de Juiz de Fora e Varginha, além de Recife (PE) e Caxias do Sul (RS).

De acordo com a delegada da PF, Fabiana Martins Machado, a operação, deflagrada em nível nacional, teve como base informações do Departamento de Inteligência da PF, que identificou postagens nas redes sociais com conteúdo de ameaça e de incitação a crime contra candidatos à presidência. As pessoas identificadas nessas postagens foram encaminhadas para as unidades da PF onde são moradoras. No caso de Juiz de Fora, a postagem foi identificada no perfil da jovem, que foi intimada a prestar depoimento.

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“Ela compareceu para o depoimento e confirmou que é a titular do perfil e que foi ela mesma que fez a postagem da mensagem com um tom que dá a entender a incitação da prática de crime contra um candidato, mas alegou que fez a postagem sem pensar nas consequências, sem pensar na repercussão que poderia ter. A mulher alegou que fez um ‘copia e cola’ da internet e publicou”, afirmou a delegada, acrescentando que a auxiliar de serviços gerais disse que a postagem teve uma repercussão grande, gerando contra ela diversas mensagem de ameaças e de intimidação em sua própria página, o que a obrigou a ocultar a sua postagem.

“Ao ser ouvida, a mulher disse que não teve a intenção de incitar as pessoas a praticarem a violência contra o candidato”, observou a delegada, afirmando que a suspeita não citou o nome do candidato na sua postagem. Todavia, pelo conteúdo, depreende-se que era direcionada ao candidato Jair Bolsonaro (PSL).

A jovem foi ouvida e liberada, mas as investigações irão continuar, pois a PF pretende descobrir se houve dolo na conduta da auxiliar de serviços gerais. Caso seja comprovado o crime de ameaça de atentado à vida do candidato, a suspeita pode ser enquadrada no artigo 23 inciso 4º da Lei de Segurança Nacional, que prevê pena de reclusão de um a quatro anos para quem incita a prática de crime de atentado à vida por motivos políticos. Ou ainda no artigo 286 do Código Penal, que é incitar a prática de crime, com pena de detenção de três a seis meses. “A depender da motivação, ela pode ser enquadrada em um ou outro”, explicou Fabiana.

Operação visa coibir crimes nas redes

A delegada também ressaltou que a operação é uma tentativa de coibir essa prática, que tem um efeito negativo. “A Constituição assegura a livre manifestação de pensamento, mas a internet não é uma terra sem lei, onde as pessoas acreditam que possam se valer do anonimato, de perfis fakes, para divulgar o que quiserem. Existe lei para coibir os abusos. Aquilo que for crime será apurado, e a PF tem meios de identificar a autoria de perfis, ainda que esteja escondido num perfil fake”, advertiu.

No momento não há mais alvos da operação em Juiz de Fora. A delegada Fabiana Martins Machado enfatizou que postagem de ameaças e de incitação ao crime devem ser denunciadas. “Deve-se printar e salvar a página. O ideal é encaminhar o nome do perfil e a página toda, onde se possa ter a sequência da mensagem”, orientou.

Em nota emitida em Brasília, a Polícia Federal disse que, “para a identificação dos investigados, foram utilizadas técnicas de reconhecimento facial que, por meio de critérios científicos, permitem a realização de análises e comparações das características faciais, tais como cicatrizes, manchas e proporções, possibilitando a identificação de forma técnica e precisa dos suspeitos.”

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As ações desta quarta fazem parte das atividades realizadas pelo Centro Integrado de Comando e Controle Eleitoral (CICCE/2018) e são resultado do trabalho desenvolvido pela Polícia Federal no acompanhamento das redes sociais, com o objetivo de identificar e evitar possíveis crimes eleitorais e ameaças aos candidatos que concorrem ao pleito.

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