Países onde pais não podem bater nos filhos são menos violentos

Em nações onde o castigo corporal foi banido houve redução de brigas físicas de 31% entre os jovens do sexo masculino e de 42% entre as meninas


Por Roberta Jansen para Agência Estado

16/10/2018 às 17h57

Violência gera violência. Os países que proibiram os pais de bater em seus filhos são menos violentos, revela uma nova pesquisa. De acordo com o estudo, as brigas entre jovens são menos comuns e o ambiente se torna particularmente mais seguro para as meninas crescerem. O trabalho da Universidade McGill, do Canadá, foi publicado na BMJ Open e traz mais indícios de que a punição de crianças com violência – mesmo que seja uma simples palmada – pode causar problemas no futuro.

Em países onde o castigo corporal foi inteiramente banido (tanto em casa, quanto na escola) houve uma redução de brigas físicas de 31% entre os jovens do sexo masculino e de 42% entre as meninas. Nos países em que a proibição foi parcial (caso do Canadá, dos Estados Unidos e do Reino Unido, onde o castigo físico não foi proibido em casa), não houve alteração significativa.

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Estudos anteriores já tinham mostrado uma clara relação entre o castigo físico das crianças e o surgimento de diversos problemas na vida adulta, desde o comportamento agressivo até problemas mentais. No estudo atual, os cientistas estabeleceram que a relação entre castigo físico e violência na juventude se mantinha, a despeito de outras variáveis, como a renda per capita e as taxas de assassinato. O novo trabalho, no entanto, não oferece mais detalhes sobre a relação.

“O que podemos dizer é que os países onde o uso do castigo corporal é proibido são menos violentos para as crianças do que os países que não fizeram o mesmo”, explicou o principal autor do estudo, Frank Elgar, do Instituto de Políticas Sociais e de Saúde da McGill. “Neste momento, estamos olhando para a questão de um ponto de vista bem amplo e em nível internacional e notamos a correlação. Mas para mostrar os efeitos diretos da proibição na violência entre jovens, precisamos voltar mais alguns anos para trás e coletar mais dados. Precisamos também fazer às crianças e aos jovens mais perguntas sobre o que acontece em casa, coisa que, normalmente, os pesquisadores ficam um pouco constrangidos de fazer.”

As brigas são geralmente mais comuns entre jovens do sexo masculino (cerca de 10%) do que entre meninas (3%). O percentual de brigas também varia muito de um país para o outro, indo de menos de 1% entre as meninas da Costa Rica para cerca de 35% dos meninos de Samoa. Os pesquisadores usaram dados provenientes de 88 países da Organização Mundial de Saúde (OMS), envolvendo cerca de 400 mil jovens.

Os países foram divididos entre os que proíbem completamente o castigo corporal, tanto em casa quanto na escola (a maioria na Europa e em alguns lugares da América Latina, da Ásia e da África), aqueles que proibiram nas escolas, mas não em casa (como China, Estados Unidos e Canadá) e os que não proibiram nem nas escolas (como Myanmar e Ilhas Salomão).

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