Ultramaratonista juiz-forana participa do Rio Ultra 24h

Simone Andrade participa ela primeira vez da prova no Complexo Esportivo do Maracanã, no Rio, neste sábado (13)


Por Bruno Kaehler

12/10/2018 às 07h00

“A corrida funciona para mim como um momento em que eu descanso, e não uma competição. É porque é um momento meu, feito para mim, quando descanso da correria do dia a dia”, diz Simone (Foto: Arquivo Pessoal)

Cada passada de Simone Andrade, 37 anos, aproxima a estudante de Educação Física do equilíbrio físico e mental. Às 21h deste sábado (13), cerca de quatro anos após inserir a caminhada em sua apertada rotina de trabalhadora, estudante e mãe, a atleta local faz sua primeira ultramaratona. E, apesar de competir em uma pista de apenas 400m, ela terá à sua frente um dos principais palcos esportivos do mundo. Simone correrá a prova de 12h do Rio Ultra 24h no Estádio de Atletismo Célio de Barros, estrutura que compõe o Complexo Esportivo do Maracanã, ao lado do lugar que recebe, no mesmo dia, o clássico Fla-Flu, mas às 17h.

“Essa ultra é o fechamento de um ciclo que começou com a caminhada, os 5km, os 10km e depois a Meia Maratona. E nesses quatro anos de corrida foram muitas experiências diárias. A corrida funciona para mim como um momento em que eu descanso, e não uma competição. É porque é um momento meu, feito para mim, quando descanso da correria do dia a dia. É um relaxamento e onde procuro e encontro o meu equilíbrio. Se estou cansada, corro para descansar. Se estou feliz, corro. Se não estou bem, vou porque sei que ficarei melhor. Cada um tem que procurar aquilo que faz bem para si. É o que importa. O que muda é que saltei dos 21km para a ultra. Não fiz uma maratona ainda. Isso vai tornar essa prova ainda mais especial, um presente. Digo que o que é novo assusta, mas tenho certeza de que o que está por vir é algo muito bom e papai do céu vai dar forças suficientes para eu trazer esse resultado à nossa cidade”, conta Simone.

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E foram justamente as sensações proporcionadas pelo esporte que encantaram a atleta. No sábado, ela terá mais um misto de sentimentos ao fazer algo inédito em sua trajetória. “Tenho certeza de que será maravilhoso para mim e para meu professor e amigo, Daniel (Fontinelli), que vai comigo. Como aluna de Educação Física, vou ter uma visão muito ampla do que é tudo isso por vivenciar a prática do esporte e estudar sobre. Vai servir de experiência para o futuro. E será a primeira vez que vou ao Maracanã. Nunca fui nem para ver um jogo! Chegarei como expectadora, porque os meninos das 24h já estarão competindo, e às 21h começo a minha prova.”

Apesar de não se apegar a metas, Simone buscou aproveitar cada espaço de tempo de folga que conseguia para se preparar e pensar em uma distância significativa. “Fiz treinos na pista da UFJF de rodagem ao lado do Daniel. Ele vai nesses treinos comigo para marcar tempo, observar e orientar. Não tive como conversar com pessoas que já viveram isso. Então o professor tem conversado muito comigo sobre o ponto estratégico para não chegar e querer um resultado alto. Coloquei como meta fazer com tranquilidade e segurança em primeiro lugar, porque não é uma prova simples de ser realizada. Espero que dê para correr uns 80km. É uma distância simbólica, considerável.”

Desafio

Simone é um dos exemplos cada vez mais frequentes de mulheres ultramaratonistas. Para ela, a participação feminina ainda não é tão grande por desafios do dia a dia que muitas vezes impossibilitam um treinamento adequado. “As provas de longas distâncias para a maioria das mulheres que tem os horários muito reduzidos, por trabalhar, estudar, cuidar de filhos, como eu que tenho uma filha de 16 anos, acabam sendo muito desgastantes. O dia acaba sendo curto para tanta coisa. A rotina é pesada, e você administrar tudo isso para conseguir algum resultado é gratificante, mas o importante mesmo é gostar do que faz. Não sei como dou conta de tudo isso, como me perguntam, mas é muito gostoso fazer uma prova e completar ela de acordo com as minhas expectativas. E conseguir fazer essas 12h será uma satisfação pessoal, algo muito gratificante. Uma realização.”

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