Mascarenhas reabre as portas após dois anos fechado
Primeiro pavimento do centro cultural recebe coletivas e propostas para ocupação do teatro
O Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM) teve sua importância reafirmada justamente quando fechou as portas. Deixou um vazio que fez brotar novos espaços e ser redescoberto antigos endereços. Agora, o lugar que viveu os últimos dois anos com restrição de acesso, por sugestão do Corpo de Bombeiros, recebendo apenas eventos pontuais, como a Semana Rainbow da UFJF de 2017 e peças do ATO, retorna à cena. Ao menos seu primeiro pavimento. A reabertura da casa que se voltou para a cultura em 1987, depois da campanha “Mascarenhas, meu amor”, é resultado do acordo entre a instituição e o Corpo de Bombeiros, com mediação do Ministério Público Federal.
“Havia desde 2016 uma demanda que o Corpo de Bombeiros trouxe para a Prefeitura de adequar todo o Complexo Mascarenhas em relação à prevenção de incêndio e pânico”, recorda o superintendente da Funalfa Zezinho Mancini, pontuando que a instituição, naquele momento, contratou um profissional para criar o projeto, que deveria contemplar todo o conjunto arquitetônico. “No meio dessa negociação, ainda em 2016, os Bombeiros solicitaram que o CCBM parasse de receber público. O grande diferencial do CCBM para a biblioteca e para a Secretaria de Educação, por exemplo, é que o centro cultural recebe até 200 pessoas de uma só vez, enquanto os outros espaços chegam a receber mais gente, mas em trânsito. Numa situação de pânico, seria mais complicada a evacuação no CCBM”, acrescenta Zezinho.
“É muito difícil adequar o CCBM no segundo e terceiro pisos. Como ele é tombado em todas as fachadas, não temos como abrir uma escada para fora. E o problema é que cabem muitas pessoas nesses andares e a única escada de acesso tem largura limitada”, explica o superintendente, observando que estudos estão sendo feitos, e um das possibilidades é que seja eliminada a videoteca no segundo andar e realocada no primeiro pavimento. Também é possível que seja reduzida a Galeria Arlindo Daibert, cuja amplitude dificulta em possíveis fugas. “O plano ideal seria termos mais uma escada no segundo andar. Mas até então não encontramos nada que ajudasse a criar isso, um espaço que tecnicamente favoreça isso, porque não há ângulo no prédio ou estrutura no piso, fora que criar uma escada representa um investimento financeiro muito grande”, comenta Zezinho, diretor do espaço em 2013, permanecendo por um ano e meio.
“O Corpo de Bombeiros fez uma lista gigante e passou para o Ministério Público, que já intermediava o caso, cobrando a segurança dos imóveis tombados da Prefeitura. Criamos um planejamento de adequação do que havia sido pedido e levamos numa segunda reunião. Os dois ficaram satisfeitos com o que já tínhamos implementado e com o prazo que colocamos para as ações que faltavam. Fizemos um acordo e definimos que em janeiro haverá uma nova visita do Corpo de Bombeiros para verificar a implementação das adequações solicitados. Temos essa autorização, então, para ficar aberto o primeiro pavimento até janeiro. As duas galerias de vidro, o teatro, os corredores e as oficinas vão poder funcionar plenamente. E as adequações estão em curso, a ideia é que concluamos ainda em outubro, mas temos mais três meses de prazo. De toda forma, a segurança já está garantida”, assegura Zezinho.
Inscrições abertas para ocupação
Singular pela estrutura, servindo a diferentes configurações de palco, e pela capacidade, de menos de 200 pessoas, a Sala de Encenação Flávio Márcio reabre de cara nova. O teatro perdeu o palco e ganhou tablados móveis, reafirmando a missão de sala multiuso e ampliando a plateia. A realidade de agora é fruto de outra negociação, no entanto. “O Centro Cultural Dnar Rocha tinha arquibancadas e estava com sugestão de restrição do Corpo de Bombeiros, porque para receber público precisaria sofrer várias adequações. Tendo um tablado, configurava que tinha espetáculos. Tiramos, deixando apenas como espaço de ensino e aprendizado, e as apresentações do Gente em Primeiro Lugar serão recebidas por outros equipamentos, como o Teatro Paschoal Carlos Magno, CCBM, Museu Ferroviário e Praça CEU”, conta Zezinho Mancini, indicando que a ocupação imediata da sala no CCBM será feita por demanda espontânea, com inscrições já abertas no local (Av. Getúlio Vargas 200 – Centro) ou pelo e-mail ccbmjf@gmail.com.
Já as galerias, também no primeiro pavimento, serão ocupadas por mostras coletivas. Este ano, o lugar sediará a exposição anual “Professor também faz arte”, da Secretaria de Educação, e outros dois projetos sugeridos pelos representantes das artes visuais no Conselho Municipal de Cultura (Concult). “Eles sugeriram exposições coletivas, para que a galeria não fosse ocupada por um artista bendito, mas por muitos. A Fernanda Cruzick propôs trazer cem artistas da cidade, de todas as idades, com o tema obsessão. O Sérgio Neumann propôs, por estarmos em dificuldade financeira e sem condições de fazer o JF Foto 18 este ano, contar com o apoio estrutural da Funalfa e o coletivo JF Fotográfico irá produzir um evento nos moldes do JF Foto”, anuncia o superintendente, garantindo que, para 2019, estão sendo produzidos editais de ocupação para todo o primeiro pavimento do centro cultural.