Santa Casa promove jogo que mostra órgãos que podem ser doados
Ação marca o Dia Nacional de Doação de Órgãos e tem como objetivo conscientizar a população
Uma única pessoa pode salvar muitas vidas a partir do momento em que ela manifesta a vontade de se tornar uma doadora de órgãos. Deixar essa informação clara para os seus familiares é o passo mais importante para ter o desejo atendido no momento mais difícil da vida, que é a morte. Para conscientizar as pessoas a respeito da doação de órgãos, a Santa Casa de Misericórdia promoveu, no começo da tarde desta quinta-feira (27), um jogo de encaixe no qual os participantes puderam conhecer quais órgãos podem ser doados. A atividade aconteceu na entrada da entidade e foi alusiva ao Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, comemorado neste 27 de setembro.
O pedreiro Rômulo Jorge de Souza, 29 anos, estava no grupo que participou da brincadeira e aproveitou para tirar dúvidas a respeito do tema. “Sempre me interessei sobre o assunto, pois a gente só passa a dar valor às coisas quando precisa. Eu sou doador e sempre manifestei essa vontade com a minha família. É uma atitude necessária, até porque, a qualquer momento podemos precisar passar por um transplante de órgãos”, destaca ele, acrescentando que poderia haver uma lei que exigisse que fosse documentada a vontade ou não das pessoas de se tornarem doadoras. Há muitos anos não existe mais a necessidade de a pessoa deixar por escrito ou registrado que é doadora de órgãos, como ocorria nas antigas carteiras de identidade. Atualmente, as doações só acontecem após autorização da família.
500 transplantes
Nos últimos oito anos, a Santa Casa, referência na região para o transplante de córnea, rim, fígado e pâncreas, realizou cerca de 500 procedimentos. Mesmo com este número, a quantidade de pacientes na fila de espera ainda é grande. “Apesar desse crescimento, temos mais de 330 pacientes na fila só aqui na Santa Casa. Por isso a importância deste evento é conscientizar a população de que a doação de órgãos é fundamental, ainda mais neste momento em que a saúde vive uma crise no acesso à hemodiálise. E Juiz de Fora vem sofrendo com a falta de vagas para esses pacientes”, explica o coordenador do Serviço de Transplante da Santa Casa, Gustavo Fernandes Ferreira.
O desejo de ser um doador de órgãos, segundo o médico, deve ser manifestado cedo, para que a família possa atender ao desejo do ente querido e também contribuir para a saúde de outros pacientes. “O ato de doar talvez seja um dos mais nobres do ser humano. Isso deve ser discutido dentro de casa, com a família, desde sempre, criando uma cultura de doação”, destaca Gustavo.
No próximo mês, a Santa Casa celebra 35 anos do primeiro transplante feito pela entidade. Na ocasião, foi realizado um transplante de rim entre duas irmãs. Segundo Gustavo, as duas pacientes estão com boa saúde e vivendo bem com apenas um rim cada. A entidade, além de realizar o transplante de quatro órgãos (rim, fígado, córnea e pâncreas), realiza a retirada dos demais e faz o encaminhamento a outras unidades que realizam o procedimento.
Tipos de doação
De acordo com o Ministério da Saúde, existem duas maneiras para se doar órgãos: por meio de doador vivo e doador falecido. No primeiro caso é possível doar um dos rins, parte do fígado ou do pulmão e medula óssea. No entanto, apenas parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Pessoas de fora do círculo familiar apenas com autorização judicial. Já no segundo caso, a doação acontece após decretada morte encefálica do paciente que tenha sido vítima de dano cerebral irreversível, geralmente causado por traumatismo craniano ou derrame. Nestes casos, é possível doar órgãos e tecidos (pele e córneas).
Pessoas que tenham morrido por parada cardíaca podem doar apenas tecidos. O Ministério da Saúde reitera que o diagnóstico de morte encefálica é realizado por meio de um protocolo regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina, no qual são realizadas duas avaliações clínicas por médicos diferentes. Além disso, há exigência de um exame comprobatório, o que faz do sistema brasileiro um dos mais rígidos de comprovação de morte encefálica do mundo.
Partes do corpo que podem ser transplantadas
– Pulmões
– Intestinos
– Tendões
– Pâncreas
– Ossos
– Células
– Rins
– Pele
– Coração e válvulas
– Fígado
– Córneas
– Veias e artérias
Fonte: MG Transplantes
Tópicos: saúde