Transferência de Adelio mobiliza forte aparato; Aeroporto da Serrinha foi isolado

Conforme a direção do aeroporto, operação teve efetivo de cerca de 30 pessoas, entre PMs, policiais federais, agentes penitenciários e seguranças do próprio terminal


Por Fabíola Costa

08/09/2018 às 10h52- Atualizada 08/09/2018 às 15h05

Nas primeiras horas da manhã deste sábado (8), o agressor confesso do candidato Jair Bolsonaro (PSL), Adelio Bispo de Oliveira, foi transferido de Juiz de Fora para a penitenciária federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Pouco antes das 7h30, ele chegou ao Aeroporto Francisco Álvares de Assis, o Serrinha, sob forte aparato policial. O transporte foi feito por um avião da Polícia Federal (PF). Ainda não se sabe se o voo será direto ou haverá escalas. A expectativa é que o agressor chegue ao presídio de segurança máxima ainda no final desta manhã.

Conforme o diretor jurídico do Serrinha, Alfredo Nicolau, a aeronave modelo Caravan chegou à Juiz de Fora na própria quinta-feira (6), dia do atentado a Jair Bolsonaro, à noite. Nela, estavam cerca de 15 policiais federais, que acompanharam as oitivas realizadas tanto na PF quanto na Justiça Federal. Conforme o diretor, para a transferência propriamente dita foi mobilizado um efetivo de cerca de 30 pessoas, entre policiais militares (que deram apoio à operação), policiais federais, agentes penitenciários e seguranças do próprio terminal.

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A mobilização e a estruturação do esquema de segurança começou por volta das 6h e, por cerca de quarenta minutos, o Serrinha ficou isolado. Conforme Alfredo, o suspeito chegou em uma viatura, sob a guarda de agentes de segurança, e permaneceu nela até o embarque na aeronave, que aconteceu de forma rápida e sem intercorrências. Antes de sair da cidade, Adelio teria sido novamente interrogado na sede da PF, com objetivo de saber se ele realmente agiu sozinho, como alegou, ou contou com a ajuda de outras pessoas e se o crime teve a participação de um mentor intelectual.

O Departamento Penitenciário Federal (Depen) já havia formalizado a intenção de transferir Adélio para a penitenciária federal de Campo Grande. O processo, no entanto, ainda dependia da Polícia Federal e da Justiça Federal. A decisão de converter a prisão em flagrante do acusado em preventiva foi tomada na audiência de custódia realizada pela juíza da 2ª Vara Federal, Patrícia Alencar Teixeira de Carvalho, na tarde de sexta-feira (7). A magistrada sustentou que Adélio acarreta risco à ordem pública, considerando sua “periculosidade”. Um dos objetivos da transferência é manter a integridade física dele, impedindo uma “queima de arquivo”.

Adelio foi enquadrado no artigo 20 da Lei de Segurança Nacional pelo fato de o crime ter motivação política e religiosa. Na sexta-feira, os quatro advogados de defesa do autor sustentaram a versão de que o cliente agiu sozinho, por motivações políticas, e que ele teria reagido aos discursos de Bolsonaro, discordando do posicionamento político e das declarações do presidenciável, entre elas, a de que “quilombola não serve nem para procriar”, frase dita em uma palestra proferida pelo deputado federal em 2017. Os advogados de Adelio disseram, ainda, que vão entrar com pedido na Justiça para que ele seja submetido a exame de sanidade mental.

A transferência para um presídio federal foi tomada em comum acordo entre a juíza federal Patrícia Alencar, o Ministério Público Federal e a própria defesa do acusado.

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