Velório Pra Morrer de Rir

Em uma noite chuvosa, dois defuntos dividem a capela do cemitério municipal, e por serem os únicos presentes aproveitam para dar uma última “esticada” nas pernas. Quis a morte lhes dar um pouco mais de tempo no mundo dos vivos para relembrarem seus caminhos e transformarem seus cotidianos trágicos e problemáticos como a vida era, e que para nós mortais continuará sendo, em cenas hilárias e que, apesar de falar de assuntos sérios como política, religião, amor, sexo, dinheiro etc etc e tal,  nos permitirá vê-la por um ângulo diferente, e rir… e rir muito de nós mesmos, de nossa trágica, quase dramática, mas sempre bem humorada vida boa e maravilhosa! Personalidades e atitudes opostas em vida se encontram neste momento de partida e se tornam amigos.

Os personagens são: Adalmastor da Rocha Cunha (Marcelo Carvalho), jovem advogado burocrático que morreu de ataque cardíaco ao encontrar sua esposa na cama com outro e que, definitivamente não aproveitou nada na vida e Kenedy Jr. da Silva (Thadeu Santos), um malandro, bon vivant  que aproveitou até por demais a vida e acabou morto por “balas perdidas”. Infelizmente, por ser advogado, o destino de Adalmastor NÃO será o “paraíso”, ao contrário de Kenedy Jr. que, mesmo tendo sido o rei das picaretagens (foi pastor de igreja caça-níquel, de tele-sexo, bebeu, fumou, colocou “chifres” em maridos etc) tem seu lugar garantido no céu, afinal ele é pobre e o lugar de pobre está garantido lá “em cima” ao lado do Senhor. Sem burocracia. Ao contrário dos ricos, pobre não tem “pré – análise” para liberação de entrada, feita atualmente pelos programas de computador, agora, instalados no céu. Lá “em cima” está tudo computadorizado!

Kenedy – malandro que só, até morto – aproveitando-se da desilusão e tristeza de Adalmastor por não poder entrar no paraíso, ainda tenta dar o seu último golpe, o mais difícil, que é o de enganar um advogado e ficar com todo o conforto dele, ou, pelo menos do que lhe resta, que é um caixão, ou melhor dizendo, uma urna cinco estrelas!  Um pouco de dignidade não faz mal a ninguém. Nem morto. Mas como o que tá ruim pode piorar outras “pragas do destino” lhe aguardam como a de ter sido confundido e estar sendo enterrado como se fosse uma ¨Drag Queen¨ chamada Paloma Furacão! Haja malandragem pra se safar desta!

Em um dos momentos mais divertidos da peça, Kenedy Jr. revive o auge de sua picaretagem em vida. Travestido de pastor de igreja caça níquel ele surge, para surpresa de todos, no meio da plateia e, literalmente, com a ajuda dos espectadores, realiza curas, milagres etc… É o humor sobre o dia-a-dia, sobre o cotidiano! É simplesmente a vida como ela é! Ou “é… ra”! Uma trágica comédia ou uma comédia trágica? Celebrada com muito humor ainda que o cenário seja o mais improvável ao abrirem-se as cortinas!