Novo presidente da Fiemg Zona da Mata, Aurélio Maragon, quer fomentar setor industrial
Com a experiência de ter presidido o Centro Industrial de Juiz de Fora e o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-JF), Marangon considera o posto “um grande desafio
Mineiro de Tocantins, o engenheiro civil formado pela UFJF, professor universitário aposentado e empresário da construção civil, Aurélio Marangon Sobrinho, aos 67 anos, assumiu, oficialmente, nesta sexta-feira (20), um novo desafio profissional: presidir a Fiemg Regional Zona da Mata. Com a experiência de ter presidido o Centro Industrial de Juiz de Fora e o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-JF), Marangon considera o posto “um grande desafio” – e garante não ter medo de enfrentá-lo. “Não por falta de modéstia, mas tenho experiência e bagagem.” A valorização dos sindicatos e de seus presidentes aparece como uma das principais bandeiras de sua gestão, que promete não poupar esforços para apoiar a chegada de novas indústrias para a cidade, sem esquecer de garantir condições de competitividade aos negócios locais. “Sempre alinhados com Belo Horizonte, vamos fazer um trabalho interessante, com otimismo”, reforçou o Cidadão Honorário pela Câmara Municipal e Engenheiro do Ano de 2016 pelo Clube de Engenharia de Juiz de Fora.
Tribuna – Conte-me um pouco da sua história. O senhor é de Juiz de Fora mesmo?
Aurélio Marangon – Sou de Tocantins, vim para cá em 1967. Era estudante lá, fiz o primário e o ginásio, que, na época, só oferecia 36 vagas por ano. Aos 17 anos, vim estudar em Juiz de Fora. Fiz o científico, com um pouco de dificuldade para morar aqui, passei na Faculdade de Engenharia e, enquanto estudante, comecei a dar aulas particulares de matemática, inclusive em cursinho preparatório para vestibular. Quando me formei, passei dois anos em Belo Horizonte e, ao voltar, em 1978, montei uma construtora. Passei no concurso para dar aula na UFJF. Não era regime de dedicação exclusiva e eu conciliava a empresa com a docência. Atuei como professor até uns quatro anos atrás, quando aposentei. A construtora Wao-Mar estou com ela até hoje.
– O senhor já foi presidente do Centro Industrial. Qual diferença de assumir, agora, a Fiemg? Era um projeto que o senhor tinha?
– Quem se dedica à entidade de classe, como eu sempre fiz, gosta, faz um trabalho reconhecido no sindicato, almeja algumas coisas, mas a Fiemg, não. De uma certa forma, eu diria que foi quase uma coincidência. Quando assumi o Sindicato da Indústria da Construção Civil de Juiz de Fora (Sinduscon-JF), há pouco mais de dois anos, foi por uma coincidência. A pessoa que estava cotada para assumir teve alguns problemas e preferiu não presidir o sindicato. Foi sugerido o meu nome, e eu assumi. Como presidente do sindicato, acompanhei a mudança na presidência da Fiemg. Presidentes de sindicatos indicaram para o Flávio (Flávio Roscoe Nogueira, presidente do Sistema Fiemg) o meu nome para presidir a Regional Zona da Mata. Fiquei lisonjeado e aceitei. Não só aceitei, como coloquei o meu nome à disposição.
– Qual a sua meta para os próximos quatro anos?
– Foi criado um novo cargo na Fiemg, além do presidente, há o cargo de diretor. Fizemos um acordo com o Flávio, eu vou ficar como presidente nos dois primeiros anos e depois como diretor. O diretor atual, Heveraldo Lima de Castro (presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria de Juiz de Fora), vai presidir a Fiemg Regional Zona da Mata nos dois últimos anos. Vamos fazer um trabalho conjunto. Vai mudar só o nome, o trabalho será o mesmo.
– Qual será a característica da gestão de vocês?
– Uma coisa que a gente precisa fazer é valorizar os sindicatos. Valorizar os presidentes de sindicatos. Manter a Fiemg em contato com os presidentes de sindicatos sempre. A meta é realizar reuniões periódicas, não só com os daqui, mas com a regional toda, os 16 sindicatos. Outro foco é valorizar o empresário. Não podemos dizer que é absoluto, mas uma boa parte da sociedade marginaliza o empresário, seja da indústria, do comércio ou da prestação de serviço. Vamos lutar pelos empresários da indústria. Temos que trabalhar para a sociedade e os três poderes valorizarem mais o empresário.
– O senhor, na sua gestão, tem a preocupação de viabilizar novos investimentos industriais ou desburocratizar os processos em andamento?
– Há uma repartição especializada em fomentar a vinda de indústrias para o Estado de Minas e, no nosso caso, trazer para Juiz de Fora e Zona da Mata. Já é feito esse trabalho, e a gente dá todo o apoio logístico para os interessados. É uma busca. Estou aqui há poucos dias e já atendemos várias empresas que estão querendo investir na cidade. Colocamos a estrutura da Fiemg à disposição desses empresários e lutamos, através de movimentos políticos, para que o gestor público realmente atenda essas empresas. A função da Fiemg é mobilizar quem de direito para facilitar a vinda das empresas. Se o problema é incentivo fiscal, a Fiemg trabalha, junto com o Estado e com o Município, para dar o incentivo fiscal. A gente se preocupa muito também em valorizar o empresário que já está na região. Lutar pelo incentivo fiscal para uma empresa que venha e não favorecer a daqui, no entanto, é uma incoerência.
– Você acha que Juiz de Fora é atrativa para os grandes empresários industriais? O que está acontecendo que não estamos conseguindo viabilizar novos negócios?
– O problema é fiscal. Não só a Zona da Mata, mas o Estado é muito fiscalista. Isso inibe muita indústria de vir. Em Matias Barbosa foi criado um minidistrito industrial, e o ICMS arrecadado lá é 25% do que se arrecada em Juiz de Fora. Matias Barbosa é uma cidade pequena. Se esse pessoal estivesse em Juiz de Fora, estaria aumentando em 25% a arrecadação da cidade. Alguns índices de impostos são mais altos, não há incentivos para a indústria se estabelecer. Há exigências extremas. A nossa região perde com isso. Tudo que a Fiemg pode fazer para atrair indústrias, ela faz. Uma das nossas principais metas é trazer indústrias. Em contrapartida, é necessário que o município e a região também queiram. A atual administração é coerente com isso, também quer o desenvolvimento da cidade, quer que venha indústria, mas a gente sabe que, na história de Juiz de Fora, nem sempre foi assim. Isso atrapalhou muito a cidade.
– Como o senhor avalia a indústria de Juiz de Fora hoje? Quais são as vocações, e quais os nichos que podem ser desenvolvidos? O que temos de forte em termos produtivos?
– Eu vejo a construção civil como um grande estimulador e incentivador do crescimento da economia. É claro que não vamos desprezar, muito pelo contrário, as grandes indústrias de metalurgia e montadoras de veículos. Sabemos que a arrecadação maior de ICMS vem dessas empresas. Juiz de Fora é uma das poucas cidades que contam com mão de obra qualificada, o que é um atrativo para as indústrias, sem contar que a cidade está geograficamente bem colocada na região Sudeste, entre as três maiores capitais do país. Além disso, a qualidade de vida aqui é melhor do que muitas outras cidades de mesmo porte no país.
– O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), divulgado nesta quinta-feira (19), ficou em 50,2 pontos, mantendo-se próximo à linha divisória de 50 pontos, que separa confiança da falta de confiança. Como o senhor avalia este número?
– Meio no limite. A questão é o momento político e econômico do país. Acho até que está razoável, acima da média. É um bom sinal para a indústria que haja esse pequeno otimismo. Acho que o empresário está nessa linha, um pouco mais otimista. Vamos esperar passar a eleição, dependendo do resultado, o Brasil vai deslanchar. Pelo porte do país, deveria ter apresentado crescimento do PIB bem maior do que o visto nos últimos anos.
– E a produção industrial cresceu 10,9% em maio frente a abril, nível próximo de dezembro de 2003.
– O crescimento do PIB na indústria reduziu para menos da metade do que era nos últimos 30 anos. É preocupante a desindustrialização que temos percebido no país. A ideia é lutar contra isso. É necessário que haja uma adequação da política econômica brasileira para ver se melhora a competitividade da indústria, que perde muito para produtos importados. A produtividade do trabalhador no país também não é das melhores. É preciso investir nisso.
– Qual a sua avaliação sobre a última gestão da Fiemg?
– O que a Fiemg sempre procurou fazer – e sempre fez bem feito – é defender os interesses da indústria em Minas Gerais. Isso sempre foi muito bem feito, independente de qual era o gestor nas diversas épocas. A gente sabe que cada um tem a sua maneira de gerenciar. Podemos usar um método um pouco diferente, mas sempre foi feito um bom trabalho, e a gente espera continuar fazendo.