Vidas de mulheres importam mesmo?


Por Laiz Perrut, militante do Coletivo Maria Maria - Núcleo da Marcha Mundial das Mulheres em JF

17/07/2018 às 07h00- Atualizada 17/07/2018 às 07h09

Quando nós, feministas, falamos frases tipo nossas vidas importam, o feminismo nunca matou ninguém, o machismo mata todos os dias, muitas pessoas não levam a sério e até desconsideram. Entretanto nossas palavras de ordem têm um sentido. Elas não são só para embelezar uma manifestação, pois têm a ver com a realidade das mulheres brasileiras, com o machismo com o qual as mulheres lidam todos os dias.

Hoje, falarei aqui sobre feminicídio. No dia 9 de março de 2015, a presidenta Dilma sancionou a lei que prevê o assassinato de mulheres como um tipo de homicídio qualificado e o incluiu no rol dos crimes hediondos. Desde então, os números desse crime que vem atingindo mulheres em todo o Brasil são alarmantes. Segundo dados divulgados pela Secretaria de Segurança Pública Estadual, cerca de 90% dos assassinatos de mulheres no estado foram tipificados como feminicídio em 2016.

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Em Juiz de Fora, as tentativas de feminicídio aumentaram em quase 50%. De 2016 para 2017, 18 mulheres foram mortas de forma violenta na cidade, segundo dados da Casa da Mulher. Algo preocupante, certo? Mas parece que as autoridades não estão se importando muito.

Nos últimos dias, o assassinato de Marina ganhou a mídia e apertou o coração da população juiz-forana. No próximo dia 17 de julho, teremos o julgamento do feminicídio de Jomara, sendo que seu ex-marido, o acusado, recorre em liberdade desde 2015. No dia 17 de junho, uma tentativa de feminicídio ocorreu também na cidade de Bicas, quando o ex-marido, que abandonou a mulher há mais de um ano, entrou em sua casa para atirar três vezes contra ela e contra seu atual namorado. Além de todos os outros casos que acontecem na região e em todo o Brasil.

O que fazer diante disso tudo? Uma coisa eu tenho certeza: as mulheres, os movimentos feministas não vão se cansar de lutar para que a violência contra as mulheres tenha um fim. E essa luta passa por reivindicar mais investimento em políticas públicas para as mulheres, em todos os níveis: municipal, estadual e nacional. Infelizmente, esse tipo de política pública não interessa aos governos que hoje temos. A Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, por exemplo, foi extinta por Temer.

Em Juiz de Fora, os vereadores rejeitaram o Plano Municipal de Políticas para as Mulheres em 2015. Precisamos urgentemente mudar essa situação. Lutamos pela vida das mulheres! Não nos calaremos e seguiremos em marcha!

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