A arte como sentido da vida
Dnar Rocha completaria 86 anos em 21/07/2018, se não tivesse se encantado há quase 12 anos, em 24/11/2006. Num novembro triste, Minas Gerais perdia o artista plástico Dnar Rocha, falecido na Juiz de Fora que o abrigou, desde meados do século XX, e o projetou no universo das cores. Desenhista e pintor, Dnar deixou como exemplo ter sido em vida um dos mais íntegros artistas que escolheram as margens do Paraibuna para realizar sua arte; e seu legado artístico é uma obra que poderia ser a síntese da pintura de Juiz de Fora.
Do menino simples nascido na rural Tabuleiro ao grande artista plástico em Juiz de Fora, a trajetória do mineiro Dnar Rocha (21/07/1932 – 24/11/2006), seja no desenho, seja na pintura, ou ainda na vida, teve como essência o humanismo e o olhar comprometido com os homens e as mulheres. De boiadeiro e prático de farmácia em Tabuleiro a barbeiro e contador em Juiz de Fora, Dnar trilhou vários caminhos para assegurar a subsistência, mas foi na descoberta da arte que encontrou a paixão maior e o sentido da vida.
Dnar integrou o Conselho de Amigos do Museu Mariano Procópio e sempre se colocou ao lado de artistas, jornalistas e escritores nas campanhas para a preservação e a restauração do primeiro museu de Minas Gerais. E relevantes obras de sua autoria integram o acervo do Museu Mariano Procópio.
Já nos primeiros desenhos, ainda nos tempos da barbearia do compositor B. O. (Alber de Oliveira Alves), antigo reduto da escola de samba Feliz Lembrança no Bairro São Bernardo, Dnar revelava talento e vontade de alçar voos mais altos. Por sugestão de um dos frequentadores, que ganhara um retrato a lápis, conheceu a Sociedade de Belas Artes Antônio Parreiras, onde encontrou pintores que foram a fonte de inspiração para avançar e ampliar o conhecimento artístico e a técnica. Nesse tempo, meados dos anos 1950, a alma de desenhista e de pintor já assumia lugar definitivo em sua vida.
Como companheiros de jornada de Dnar, os Bracher (Décio, Celina, Carlos e Nívea), Renato Stehling, Roberto Gil, Heitor Alencar, Sílvio Aragão, Ruy Merheb, Roberto Vieira, Wandyr Ramos, Reydner, Américo Rodrigues e outros expoentes que, a partir do final dos anos 1950, vislumbraram um novo horizonte para a arte mineira. Já no primeiro contato com os pintores que frequentavam a sociedade de Belas Artes Antônio Parreiras, Dnar percebeu que o local aglutinava pessoas ligadas à cultura de diversas áreas, pois estavam lá também Affonso Romano de Sant’Anna, Luiz Affonso de Queirós Pedreira Ferreira e Wanda Panisset, que se tornariam seus amigos.
Ficam a obra e a lembrança de um homem simples, mas capaz de seduzir nosso olhar pela complexidade de sua alma e de sua força inventiva.