JF e região já contabilizam nove mortes por gripe

Óbitos ocorreram em sete cidades da Zona da Mata, onde outros 23 casos da Síndrome Respiratória Aguda Grave foram confirmados


Por Carolina Leonel

03/07/2018 às 07h01- Atualizada 03/07/2018 às 14h07

A Secretaria de Saúde está promovendo busca ativa de vacinação em escolas e creches de Juiz de Fora (Foto: Fernando Priamo)

Nove mortes em decorrência da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) foram registradas na Zona da Mata somente neste ano. Um dos óbitos ocorreu em Juiz de Fora e vitimou um idoso. Em todo o estado, 152 pessoas foram diagnosticadas com a síndrome. Destas, 36 morreram. A doença é causada pela combinação entre uma síndrome gripal simples e problemas respiratórios, podendo ser evitada com a vacina contra a gripe, mas continua fazendo vítimas no estado.

Conforme dados do último boletim epidemiológico da gripe — também conhecida como Influenza —, divulgado na segunda-feira (25) pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG), as mortes totalizam quase 40% dos 23 casos já registrados na região. Cataguases e Leopoldina registraram óbitos por SRAG e somam duas mortes cada uma. As cidades de Barbacena, Muriaé, Ubá e Visconde do Rio Branco tiveram uma morte confirmada cada uma.

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Em Juiz de Fora, além da vítima fatal, outros quatro pacientes hospitalizados também foram diagnosticados com a síndrome. Embora o óbito já confirmado na cidade tenha vitimado uma pessoa idosa, as crianças juiz-foranas também estão vulneráveis, visto que este foi o público-alvo com menor índice de cobertura vacinal após o encerramento da campanha de imunização na cidade. Segundo dados da Secretaria de Saúde, até o fim da semana passada, aproximadamente 18 mil doses foram aplicadas no público infantil, equivalente a apenas 66% do total de crianças com menos de 5 anos de idade no município. No total, a cobertura vacinal obtida na cidade foi 92,64%.

Os dados refletem a baixa procura por imunização neste ano no país, principal forma de prevenção contra a SRAG, fator que levou à prorrogação da campanha de vacinação por duas vezes. De acordo com o Ministério da Saúde, foram registradas 44 mortes de crianças com até 5 anos no país por complicações relacionadas à gripe. O número é duas vezes maior que o registrado no mesmo período do ano passado, quando 14 crianças morreram.

Busca ativa

Com o objetivo de ampliar a cobertura vacinal, a Secretaria de Saúde está promovendo busca ativa de vacinação em escolas e creches da cidade. Nesta semana, agentes de saúde das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) vão atuar nos bairros Santa Cruz e São Judas Tadeu, na Zona Norte, e Furtado de Menezes, na Zona Sudeste.

De acordo com a chefe do departamento de Vigilância Epidemiológica da Prefeitura, Michele Freitas, desde o início da campanha a pasta tem procurado escolas e professores para busca ativa da vacinação, ação em que a equipe de saúde desloca-se para vacinar aqueles que ainda não foram imunizados. Quando solicitado, a equipe também disponibiliza agentes de saúde para a vacinação em creches e escolas.

Também como medida para ampliar a cobertura, a PJF ampliou a vacinação contra a gripe para adultos a partir de 50 anos e para crianças entre 5 e 9 anos, enquanto houver doses para atender estes públicos. Para quem ainda não se vacinou, as doses estão disponíveis nas unidades básicas de Saúde (UBS); no Posto de Atendimento Médico (PAM) Marechal, térreo; e no departamento de Saúde da Criança e do Adolescente (DSCA), na Rua São Sebastião 772, Centro.

Vacinação é melhor forma de prevenção, diz médico

De acordo com o médico infectologista Rodrigo Daniel de Souza, a vacinação contra a gripe é extremamente importante e é a principal maneira para evitar a doença e a SRAG, uma vez que a composição da vacina age especificamente na produção de anticorpos contra os diferentes vírus da Influenza. Para o médico, muitos pais ou responsáveis não dão devida importância à vacina por ela não ser disponibilizada durante todo o ano, fator que pode ter motivado a baixa cobertura vacinal no público infantil.  “Crianças que vão tomar a vacina pela primeira vez precisam de duas doses para garantir a eficácia, fato que, muitas vezes, leva a família a não voltar com a criança à unidade de saúde para tomar a segunda dose. Isso é gravíssimo, porque apenas uma dose não garante que ela fique imunizada”, alerta.

A vacina protege contra três tipos do vírus da gripe, mas não garante proteção para toda a vida. Portanto, pessoas pertencentes aos grupos prioritários – crianças com idade entre 6 meses e 5 anos, idosos, gestantes, puérperas, trabalhadores da saúde e profissionais da educação – devem se vacinar todos os anos para garantir imunidade. Portadores de doenças crônicas não transmissíveis, povos indígenas aldeados, pessoas privadas de liberdade e funcionários do sistema prisional também têm direito a receber uma dose da vacina gratuitamente na rede pública de saúde.

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População deve ficar atenta para evitar contágio

Na Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), manifestação mais grave da gripe, o pulmão sofre uma inflamação, o que dificulta a troca de oxigênio no organismo. “Dependendo da gravidade, a musculatura pulmonar pode chegar à exaustão, causando problemas neurológicos, coma ou mesmo óbito. Portanto, é imprescindível a vacinação contra a gripe, principalmente para os grupos prioritários”, explica o médico infectologista, Rodrigo Daniel de Souza.

De acordo com o especialista, o efeito da vacina não é, necessariamente, imediato. Em geral, é preciso, aproximadamente, dez dias para que o organismo comece a desenvolver a defesa contra o vírus da gripe. “Nesse período, o indivíduo deve evitar aglomerações, evitando contato mais próximo com outras pessoas gripadas, além de lembrar sempre de higienizar as mãos. Uma das formas de se adquirir o vírus é por meio de gotículas respiratórias, mas também pelo contato com objetos ou pertences de pessoas contaminadas”, ressalta o médico.

Segundo ele, pessoas em que a síndrome viral se manifesta de forma leve, mas com risco de complicações, já devem se tratar com o antiviral, disponível na rede pública. Entretanto, o infectologista também pontua que os pacientes considerados em risco – idosos, gestantes, pacientes com asma, doenças cardíacas, doenças respiratórias, obesos – têm direito ao tratamento, mesmo com a síndrome sendo considerada leve.

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