Sapo de fora: O clube dos 13


Por Bruno Kaehler

24/06/2018 às 07h00

 

Dudu, Lucas “Silvio”, Julio, Felipe “Pescoço”, Bruninho, Raphinha, Homero, Rodrigo, Patrick, Rafael, Gustavo “van der Sar”, Túlio e Brunão cresceram em escolas diferentes e famílias distintas, em sua maioria, pela Zona Sul de Juiz de Fora. O “clube dos 13” adolescentes eram as ruas do Bairro Cascatinha. Sem tinta, os “Marujos do Cascata”, como se chamavam, coloriam as vias com sorrisos incansáveis. O motivo? O futebol.

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Após os estudos, de manhã, lá estavam Silvio, Homero e Julio alegrando o bairro com brincadeiras e histórias sobre torcidas de todo o mundo. Obrigações cumpridas em casa, e lá estavam Dudu e Rodrigo para discutir as melhores formações e equipes do futebol mundial e até no Championship Manager 2003/2004, jogo de futebol de computador que era febre. Lá estava Patrick, recém-chegado do treino na base do Tupi, para jogar mais bola na quadra do extinto Colégio Autonomia pelo simples prazer de fazer o que ama, com quem ama.

O debate e as brincadeiras saudáveis sempre envolvendo o esporte mais popular do mundo fez o clube dos 13 amigos, com o passar dos anos, virar dos 14, dos 20, com Osmir, Vitinho e tantos outros. A Copa era todo dia. Nem mesmo a distância a partir do ensino médio, com mudanças para outras cidades e até estados enfraqueceu o elo. O futebol uniu, qualificou e quantificou o clube dos 13.

Mais de dez anos depois do início das primeiras provocações e conversas entre cruzeirenses, flamenguistas, botafoguenses, vascaínos e palmeirense, a pelada ainda é disputada durante encontros planejados em Juiz de Fora ao final do ano. O clima volta a ser de Copa. As ruas voltam a ser coloridas, como quando crianças e adolescentes. O amor pelo esporte e pelos amigos seguiu forte. Os Marujos cresceram e viraram engenheiros, fisioterapeuta, professores, advogado e jornalistas, como este que finaliza o texto, orgulhoso de ter no futebol uma conexão que serve de exemplo para uma sociedade melhor. De fazer parte de um grupo de pessoas que sabe que, em um país em crise, acima de tudo de caráter, o esporte não é culpado, mas um caminho de educação, disciplina e luz.

Na primeira semana de Copa, a união me veio à cabeça. Esta união. As diferenças são apenas diferenças, e as indignações, coletivas, e não sombreadas, devem ser até mais expostas em mesas de bar. O clube dos 13 amigos vive a Copa unido, atento e nunca alienado. E já diria o marujo Osmir: “O negócio é pintar a casa de verde e amarelo, fazer churrasco, gritar gol e, se reclamar, a gente convida pra assistir!”

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