Com Neymar e sem Danilo, Brasil encara a Costa Rica em São Petersburgo


Por Agência Estado (São Petersburgo)

21/06/2018 às 21h25

Vencer. Mais do que alternativa, é obrigação para a Seleção Brasileira nesta sexta (22) na partida contra a Costa Rica. Em seu segundo jogo pelo Grupo E da Copa do Mundo da Rússia, a vitória é fundamental na caminhada para a classificação. Novo tropeço no confronto que começa às 9h (de Brasília) na belíssima Arena Zenit, em São Petersburgo, e o risco de se despedir ainda na primeira fase aumentará sobremaneira.

Ninguém tem dúvidas de que a Seleção Brasileira é favorita. Mas para transformar essa expectativa em vitória, o time precisará corrigir os defeitos apresentados na estreia. Diante da Suíça, o Brasil careceu de jogadas efetivas pelo lado direito, viu Paulinho com dificuldades em fazer o vaivém entre as duas áreas, teve em Neymar um jogador que pecou pelo excesso de individualismo e, em seu jogador mais agudo, Gabriel Jesus, um atacante pouco participativo.

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“Não vou tirar dele a iniciativa de transgressor, do último terço de campo, da genialidade”, considerou Tite sobre Neymar ao falar que não vê problema no excesso de individualismo (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

O técnico Tite admitiu a necessidade de correções e disse que eles serão uma constante durante a Copa do Mundo. “Alguns ajustes de posicionamento vamos continuar fazendo”, afirmou. Apesar de reconhecer que em uma competição de “tiro curto” como o Mundial é importante encontrar soluções rápidas para as peças que não funcionem bem, ele prefere não ser tão imediatista. “Na seleção tudo tem pressa maior na sua execução. Porém, antes da pressa tem coerência, discernimento, confiança, análise”.

Um dos acertos está relacionado à lateral direita. Fagner, que entra no lugar de Danilo — que sentiu uma lesão muscular no quadril no treino desta quinta (21) —, precisará ser mais ofensivo do que o então titular. Contra a Suíça, o receio de Danilo em avançar fez com que Willian ficasse isolado na frente por aquele lado do campo. Com isso, mais de uma vez o jogador do Chelsea ficou sem opções de jogada e acabou também ele sendo presa fácil para a marcação.

Paulinho foi outro que ficou abaixo do que vinha apresentando nas Eliminatórias e da própria expectativa de Tite, tanto que acabou substituído por Renato Augusto no segundo tempo, em Rostov. O jogador desempenha função primordial no esquema montado pelo treinador, auxiliando a marcação no meio de campo e aparecendo como elemento-surpresa na área adversária, quando o foco dos marcadores fica voltado ao quarteto ofensivo formado por Willian, Philippe Coutinho, Neymar e Gabriel Jesus.

Sobre Neymar, Tite disse nesta quinta-feira que não vê problemas no excesso de individualismo. “Não vou tirar dele a iniciativa de transgressor, do último terço de campo, da genialidade”, considerou o técnico. “Todos nós temos que potencializar equipe, mas respeitar as características. O último terço do campo, vai dentro, cria, finta. Lance pessoal é característica do futebol brasileiro, não vou retirar”. Mesmo assim, é inegável que as melhores partidas da seleção desde que Tite assumiu, há dois anos, foram aquelas em que o jogador do Paris Saint-Germain foi protagonista justamente por ser mais solidário. Ninguém discorda que Neymar pode decidir uma partida com um de seus lances geniais, mas, às vezes, o problema está no excesso de tentativas.

Na frente, Gabriel Jesus terá mais uma chance de mostrar que é o camisa 9 que a seleção precisa — algo que não conseguiu na estreia. O jogador, que se movimentou bem no amistoso contra a Áustria e acabou marcando um gol no qual pôde demonstrar todo o seu oportunismo, ficou fincado entre os marcadores no domingo passado e foi burocrático nas poucas vezes em que voltou para buscar o jogo. Se falhar nesta sexta-feira, poderá perder espaço para Roberto Firmino.

‘Afã já passou’, diz Tite

Outro aspecto que Tite diz estar superado é a ansiedade. O treinador aposta que o desequilíbrio visto no segundo tempo em Rostov não se repetirá, pois a pressão da estreia já não existe. “Aquele afã (da seleção), do seu próprio técnico, da estreia no Mundial, já passou”, disse. “Eu também estava na expectativa do primeiro jogo”. Por isso, além de “jogar bem e vencer”, obrigações admitidas por Thiago Silva — que assume a braçadeira de capitão na partida desta sexta-feira —, os jogadores precisam mostrar que o desequilíbrio da primeira partida foi ocasional. Apoio da torcida não faltará.

Em São Petersburgo, finalmente os brasileiros entraram no ritmo. Cerca de 400 torcedores foram ao hotel na noite da última quarta-feira e criaram uma nova música de incentivo, que relembra as cinco conquistas e diz confiar no hexa. “O carinho do torcedor emociona, é algo muito forte e a gente fica contente”, agradeceu Tite. “Paralelamente a isso, porém tem de manter o nível de concentração alto”. Mesmo porque, se a seleção tropeçar diante do adversário que é considerado o mais fraco do grupo, o apoio pode se transformar em críticas e cobranças.

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Braçadeira
A caminhada para a redenção completa de Thiago Silva pela Seleção ganhará um passo nesta sexta. Em alta com Tite e um dos jogadores mais elogiados no empate por 1 a 1 com a Suíça, na estreia da equipe na Copa do Mundo, ele foi o escolhido para ser o capitão no confronto com a Costa Rica, pela segunda rodada do Grupo E, importante para a definição do futuro do Brasil e, por isso, disputado em clima tenso. “É um ponto muito positivo para mim, depois de ficar fora de convocações e de retornar à seleção em alto nível. Me preparei muito para isso, e estou dando sequência ao trabalho”, afirmou Thiago Silva, feliz com o seu momento e o retorno à condição de referência da seleção brasileira.

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