Toyota Yaris quer ser referência entre compactos premium


Por Márcio Maio (Auto Press)

15/06/2018 às 07h00


A Toyota é a sexta fabricante automotiva no ranking de participação no Brasil e boa parte do sucesso que conquistou por aqui se deve ao sedã médio Corolla. O três volumes é o oitavo carro mais vendido no país entre janeiro e maio deste ano, com média de quase 5 mil unidades mensais. Porém, por mais que tenham apostado no custo/benefício e investido em um recheio mais empolgante para sua linha Etios, seus modelos de entrada não chegaram a fazer barulho no mercado nacional – principalmente em função do design um tanto sem graça. A renovação da concorrência fez com que a fabricante nipônica desenvolvesse uma estratégia nova: focar as vendas do Etios apenas em suas configurações de entrada, excluir do line up as mais caras e promover seu principal lançamento no Brasil nesta década: o Yaris em carroceria hatch, já chegando às lojas, e em carroceria sedã, com entregas programadas para o mês que vem. A ideia é bater de frente com as variantes intermediárias e de topo dos concorrentes.

A intenção é posicionar o Yaris como um compacto premium no Brasil. Para isso, a Toyota não economizou na lista de itens de série da linha, desde as configurações mais baratas. Só sairão da fábrica de Sorocaba, em São Paulo, Yaris que tenham computador de bordo, comandos no volante, apoia-braço dianteiro, controle de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampa, direção elétrica, ar-condicionado, vidros dianteiros e traseiros com “one touch”, travas elétricas, faróis com regulagem elétrica, faróis de neblina e retrovisor interno eletrocrômico, por exemplo, entregues no pacote da versão de entrada XL. Quando recebe câmbio CVT no lugar da transmissão manual de seis marchas, acrescenta ainda controle de velocidade de cruzeiro. Os preços são de R$ 59.590 e R$ 65.590, respectivamente, para o Yaris hatch, com propulsor 1.3, e R$ 63.990 e R$ 69.990, com propulsor 1.5, para o sedã.

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Na versão XL Plus Tech, que já sai com câmbio CVT, entram descansa-braços traseiro, ar-condicionado automático e digital, chave presencial e central multimídia com tela de 7 polegadas sensível ao toque, com sistema que permite espelhamento de aplicativos por meio da tecnologia SDL e com tecnologia Harman e navegador Tom Tom para sistemas operacionais IOS e Android e Waze para sistema IOS. Nesse caso, a motorização é 1.5 para ambas as carrocerias e os valores são de R$ 69.590 no hatch e R$ 73.990 no três volumes.

A configuração XS acrescenta bancos, volante, manopla do câmbio e revestimento das portas em couro, grade com detalhes cromados, roda de liga leve de 15 polegadas em dois tons, retrovisor externo com rebatimento elétrico, câmara de ré, tapetes em carpete e computador de bordo com tela de 4.2 polegadas em TFT, por R$ 74.590 e R$ 76.990 para hatch e sedã, respectivamente. Por último, a XLS reserva teto solar, sensor de chuva, maçanetas cromadas, faróis projetores com lâmpadas halógenas, lanternas em leds e sete airbags, por R$ 77.590 e R$ 79.990 para hatch e sedã.

Os motores são os mesmos utilizados na linha Etios, mas ajustados para trabalhar com CVT e render um pouco mais no Yaris. Na verdade, apenas 3 cv extras tanto no 1.3 quanto no 1.5 litro, quando abastecidos com etanol — e 6 cv a mais na gasolina, no caso do propulsor de entrada. Ambos têm 16 válvulas e o primeiro entrega 101 cv a 5.600 rpm, quando abastecido com etanol, e 94 cv, a 5.600 giros, com gasolina. O torque máximo é de 12,9 kgfm com etanol e de 12,5 kgfm com gasolina, sempre a 4 mil rpm. Já o 1.5 rende 110 cv de potência a 5.600 rpm, quando abastecido com etanol, e 105 cv, a 5.600 giros, com gasolina. O torque máximo, também presente nos 4 mil giros, é de 14,9 kgfm com etanol e 14,3 kgfm com gasolina.

Ambos os propulsores são construídos com bloco e cabeçote de alumínio e a suspensão é McPherson com batente hidráulico na frente e eixo de torção com barra estabilizadora na traseira. Tanto o sistema de suspensão frontal quanto o traseiro tiveram a altura elevada em 13 mm em comparação com o projeto global do Yaris. Com isso, o carro fica mais apto a encarar o perfil de solo brasileiro, bem menos plano do que em alguns outros mercados.

Primeiras impressões

A proposta urbana do novo Toyota Yaris fez com que a marca nipônica escolhesse a cidade de São Paulo para promover o teste de lançamento do modelo. O percurso de 60 km de distância incluiu trechos de cidade e de estrada e até a parada em um autódromo, para uma experiência mais dinâmica com o carro. De cara, o visual impressiona e o carro arranca muitos olhares curiosos pelas ruas. Principalmente na cor vermelha, a que cobria a carroceria da unidade avaliada.

Na versão XLS, com motor 1.5 litro e câmbio CVT, o hatch apresenta um desempenho satisfatório. Não sobra vigor — e nem dá para isso, já que se tratam de 110 cv e um torque máximo de 14,9 kgfm entregue apenas em 4 mil rpm. Mas só chega a aparecer alguma sensação de falta de força quando se enfrentam ladeiras mais íngremes. Mesmo assim, a transmissão CVT logo se encarrega de reduzir a relação para elevar os giros quando se pisa mais fundo no acelerador rapidamente, contornando a falta de sintonia entre a esportividade sugerida no design e a garantida pelo trem de força.

O isolamento acústico, porém, é bom até certo ponto. Em velocidades baixas, quase não se escutam ruídos externos dentro da cabine. Porém, é só elevar os giros para uma ultrapassagem ou retomada que o barulho do motor invade o habitáculo sem cerimônias. As suspensões têm calibragem equilibrada entre estabilidade e conforto, proporcionando boa sensação de segurança na estrada ao motorista. No circuito fechado, porém, foi possível perceber que a proposta não é nem um pouco esportiva. Não vale a pena levar o modelo aos seus limites, mesmo com bons itens de segurança presentes, porque existe o risco de subesterço — a saída de frente. E, convém reforçar: essa não é a proposta da linha Yaris. Pelo menos não ainda.

Ponto a ponto

Desempenho
Na versão avaliada, a XLS, o Yaris hatch carrega o mesmo propulsor 1.5 do Etios, mas calibrado para render 110 cv — ou seja, 3 cv a mais que o carro de entrada da marca no país. O torque máximo de 14,9 kgfm com etanol fica disponível apenas em 4 mil giros, mas antes disso o carro já mostra um desempenho honesto. Não há sobras, mas também não falta força. Em subidas apenas é preciso pisar com um pouco mais de vontade no acelerador para ganhar agilidade. Nota 7.

Estabilidade
O Yaris hatch se mostra bem firme e equilibrado nas curvas, mesmo quando se exige mais velocidade. Apesar de bem leve, a direção é precisa e o automóvel entrega uma consistência acima da média no segmento de compactos no Brasil. Só quando é mesmo levado ao limite notam-se rolagens de carroceria. E há controle eletrônico de estabilidade não só na versão de topo, mas em todas. Nota 9.

Interatividade
A direção elétrica é bastante suave nas manobras de estacionamento e a transmissão CVT garante mais conforto ao condutor. O painel de informações tem leitura bem fácil e a central multimídia, além de uso intuitivo, é bastante funcional e moderna. A versão mais cara ainda traz teto solar, que melhora a interação dos passageiros dianteiros com o meio externo. Nota 8.

Consumo
O Yaris ainda não consta na tabela do InMetro, mas seus números são provavelmente melhores que os do Etios hatch automático por causa do CVT – sendo que o Etios obteve nota Ana categoria e B no geral com consumo de 8,1/9,2 km/l na cidade/estrada com etanol e 11,9/13,2 km/l nas mesmas condições com gasolina no tanque. Nota 7.

Conforto
O Yaris é um hatch compacto, mas suas dimensões favorecem o espaço para a cabine. São 2,55 metros de entre-eixos, o suficiente para garantir bom espaço para as pernas dos ocupantes traseiros sem que os dianteiros precisem se apertar. Quatro ocupantes viajam com alguma tranquilidade. A suspensão é firme, mas as imperfeições do piso não chegam a afetar o bem-estar do habitáculo. O isolamento acústico deixa um pouco a desejar em ultrapassagens e retomadas repentinas, até porque é preciso esgoelar um pouco o motor nessas situações. Nota 7.

Tecnologia
Apesar de compartilhar os motores com o Etios, a Toyota garante que a plataforma do Yaris é nova. De qualquer forma, há pelo menos uma diferença significativa, que é o uso do câmbio CVT no lugar do automático de quatro marchas do Etios. A central multimídia é bem moderna e a lista de itens de série é farta desde as configurações de entrada. Até controles eletrônicos de estabilidade e tração estão no pacote inicial, com câmbio manual. Nota 8.

Habitabilidade
Não existem tantos porta-objetos na cabine, mas há espaço suficiente para guardar objetos que normalmente precisam estar próximos do condutor. O porta-luvas é espaçoso e o porta-malas, de 310 litros, está na média do segmento. Nota 7.

Acabamento
O Yaris XLS segue a lógica mais racional já adotada pela Toyota em outros modelos. Não há requinte e, em função de se tratar de uma categoria com lançamentos importantes recentes — como o Volkswagen Polo e o Fiat Argo —, esse é um ponto desfavorável para o Yaris. Não que seja feio por dentro, mas o carro traz um excesso de plásticos rígidos e superfícies não tão suaves ao toque que destoa da concorrência. Nota 6.

Design
Aí o Yaris XLS se dá bem. O desenho é bem contemporâneo e a Toyota mesmo assume que houve uma preocupação especial com esse aspecto depois de tantas críticas recebidas na época do lançamento da linha Etios. O Yaris abusa de vincos protuberantes e os faróis se conectam diretamente com a grade na dianteira. Na variante topo de linha, o projetor com lâmpadas halógenas transmite requinte, assim como a coluna traseira em preto brilhante e as maçanetas cromadas. As rodas em acabamento bicolor aumentam ainda mais essa sensação. Nota 10.

Custo/benefício
O Toyota Yaris começa em R$ 59.590 e já vem bastante equipado desde sua versão XL manual. Outro ponto importante é a ausência de opcionais, algo que não acontece entre seus concorrentes. Esse valor pode chegar a R$ 77.590 na variante XLS, a mais cara. Como se trata de um carro focado mesmo em um público mais criterioso, a relação custo/benefício do Yaris funciona bem melhor nas configurações mais baratas do que nas mais caras. Mas vale lembrar que já é de praxe a Toyota cobrar um pouco a mais que a concorrência em seus modelos, por conta da desvalorização menor de seus produtos e da boa credibilidade que carrega no mercado nacional. Nota 6.

Total
O Toyota Yaris XLS hatch somou 75 pontos em 100 possíveis.

Ficha técnica

Toyota Yaris XLS hatch

Motor: A gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.496 cm³, quatro cilindros em linha, com quatro válvulas por cilindro e duplo comando de válvulas variável na admissão e no escape. Injeção eletrônica multiponto e acelerador eletrônico.

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Transmissão: Transmissão continuamente variável com simulação de sete velocidades e uma marcha a ré. Tração dianteira. Tem controle eletrônico de tração.

Potência máxima: 105 cv com gasolina e 110 cv com etanol a 5.600 rpm.

Torque máximo: 14,3 kgfm com gasolina e 14,9 kgfm com etanol a 4 mil rpm.

Diâmetro e curso: 72,5 mm X 90,6 mm.

Taxa de compressão: 13,0:1.

Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com barra estabilizadora. Traseira com eixo de torção e barra estabilizadora. Tem controle eletrônico de estabilidade.

Pneus: 185/60 R15.

Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás.

Carroceria: hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares, com 4,42 m de comprimento, 1,73 m de largura, 1,49 m de altura e 2,55 m de entre-eixos. Oferece airbags frontais, laterais, de cortina e de joelhos para motorista de série.

Peso: 1.150 kg.

Capacidade do porta-malas: 310 litros.

Tanque de combustível: 45 litros.

Produção: Sorocaba, Brasil.

Lançamento no Brasil: 2018.

Itens de série: Computador de bordo, comandos no volante, descansa-braços dianteiro, controle de estabilidade tração, assistente de partida em rampa, direção eletroassistida progressiva, vidros dianteiros e traseiros com acionamento elétrico por um toque, travas elétricas, faróis com regulagem elétrica, faróis de neblina, retrovisor interno eletrocrômico, controle de velocidade de cruzeiro, função Eco Driving do computador de bordo, descansa-braços traseiro, ar-condicionado automático e digital, chave inteligente presencial com sistema de partida sem chave, banco traseiro rebatido 40/60, central multimídia com tela de 7 polegadas sensível ao toque e com espelhamento de aplicativos de smartphones, volante, manopla do câmbio e revestimento das portas em couro, grade com detalhes cromados, roda de liga leve de 15 polegadas em dois tons, bancos de couro, retrovisor externo com rebatimento elétrico, câmara de ré, teto solar, sensor de chuva, maçanetas cromadas, faróis projetores com lâmpadas halógenas, lanternas em leds e sete airbags.

Preço: R$ 77.590.

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