Bonde da história

Movimentos poderiam usar as ruas para defender reformas que o país espera, mas sem o radicalismo que hoje mais prejudica do que ajuda a população


Por Tribuna

30/05/2018 às 07h00- Atualizada 30/05/2018 às 07h37

Depois de quase uma semana de silêncio, os presidenciáveis começam a mostrar a cara e apresentar suas propostas para a crise que o país ora enfrenta com a greve dos caminhoneiros. Para uma situação tão grave, fica claro que nem eles têm fórmula pronta para superar o impasse. Uns entendem que a política de preços adotada pela Petrobras, com reajustes diários, é perversa, outros deslocam a discussão para a reforma tributária, único instrumento capaz de reformular o processo de tributação no país. Também chamam a atenção para a política adotada pelos governos estaduais de fazerem caixa com aumento do ICMS sobre o combustível. Ninguém desconhece a situação dos entes federados, mas apontam abusos em algumas administrações.
A greve dos caminhoneiros destampou a panela de insatisfações do país que se vê acossado por impostos em demasia sem uma resposta adequada do Estado.

Os impostos sobre os combustíveis, com reflexo direto no frete e, por consequência nos preços finais, não retornam ao bolso do consumidor e nem permitem trafegabilidade adequada para os veículos de qualquer porte. Salvo as rodovias privatizadas – que já foram melhores -, as vias sob a administração do Dnit estão em situação crítica. A área econômica continua com o velho modelo de arrecadar como no primeiro mundo e prestar serviços de terceiro.

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Salvo os focos intransigentes, o movimento reflui, e o país precisa disso, pois as consequências são extremas. Os focos radicais, que se prendem ao discurso do “fora, Temer”, estão perdendo o bonde da história, pois, em vez de uma demanda que irá vencer já no fim do ano como encerramento da legislatura, deveriam cobrar não apenas a redução dos preços, mas também melhores condições de trabalho para os caminhoneiros que cortam o país em todos os quadrantes. Poderiam também incluir na sua pauta a cobrança de compromissos éticos dos pré-candidatos à Presidência da República e de execução das reformas que o país espera.

 

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