Tramitação de processo de impeachment de Pimentel é suspensa

Bancada petista apresentou duas questões de ordem sobre acolhimento de denúncia contra governador de Minas. Posicionamento sobre indagações deve ocorrer na semana que vem


Por Renato Salles

02/05/2018 às 16h56

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) suspendeu, nesta quarta-feira (2), a tramitação do processo de impeachment contra o governador Fernando Pimentel (PT), iniciado por meio de denúncia do advogado Mariel Marra, acolhida pela Mesa Diretora da ALMG e lida em plenário na sessão da última quinta-feira, 26 de abril. A interrupção do andamento do pedido de impedimento ocorreu após o líder do Governo na Casa, o deputado estadual Durval Ângelo (PT), e o primeiro secretário da Mesa, Rogério Correia (PT), apresentarem questões de ordem pleiteando a nulidade do processo. As solicitações foram acatada pelo primeiro vice-presidente da Casa, Lafayette Andrada (PRB), que presidia a reunião desta quarta.

Com a suspensão, todos os prazos do processo ficam paralisados. Entre eles, o limite de cinco dias úteis para que as lideranças parlamentares indicassem membros para formar uma comissão especial que debateria o processo de impeachment. A paralisação dos trâmites não possui um período de tempo definida, valendo até a avaliação dos pedidos apresentados pelos deputados da base do governador Fernando Pimentel na ALMG.

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Em contato com a Tribuna, Lafayette Andrada, que tem domicílio eleitoral em Juiz de Fora, comentou sobre a interrupção – inicialmente momentânea – do andamento do pedido de impedimento do governador. “O PT apresentou duas questões de ordem à Mesa, questionado o impeachment. Como estas questões foram apresentadas, elas precisam ser respondidas. A partir destas repostas, o processo segue normalmente. Acredito que isto deve acontecer na próxima semana, entre terça e quarta-feira”, afirmou Lafayette.

Um dos pedidos de nulidade apresentados pelos parlamentares petistas questiona o fato de o pedido de impeachment ter sido lido pelo primeiro vice-presidente da ALMG, Laffayete Andrada, e não pelo presidente da Casa, Adalclever Lopes (PMDB). O entendimento é de que, até pela gravidade do ato, ele seria de atribuição exclusiva do presidente da Assembleia. O outro pontua sobre o fato de Andrada não ter apresentado as motivações que o levaram aceitar a denúncia contra Pimentel. “Ele só leu o pedido. Andrada não falou quais os motivos para considerar procedente a abertura do processo de impeachment”, afirmou Correia, conforme publicado pelo jornal “O Tempo”.

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Pela internet, o líder do Governo na ALMG também se posicionou sobre as questões de ordem que suspenderam a tramitação do processo que pleiteia o impeachment de Pimentel. “Na questão de ordem, aponto irregularidades no processo, começando pelo próprio recebimento do pedido, feito sem fundamentação e lido pelo primeiro vice-presidente da Casa ao invés do presidente. Mostro também que a própria denúncia também é completamente inepta por falta de argumentos. Se constitui, na verdade, de uma coletânea de notícias de jornais”, detalhou Durval Ângelo, que reforçou: “Espero que a minha questão de ordem, que vai ser analisada semana que vem pela Mesa, seja acatada e que se arquive o processo de impeachment contra o governador Fernando Pimentel.”

Já entre os parlamentares oposicionistas, as movimentações de Durval Ângelo e Rogério Correia tem mero viés protelatório. Neste sentido, o entendimento é de que o rito da análise do pedido de impeachment de Pimentel seja retomado já na semana que vem. “Não há chance de o processo não prosseguir. Não acredito que o Adalclever aceite esses pedidos. Vamos indicar os membros da comissão especial e iremos votar o impeachment aqui na Assembleia. Esse é um processo que começa, mas ninguém sabe como vai terminar”, considerou o líder da minoria na Casa, o deputa Gustavo Valadares (PSDB), também em citação veiculada pelo “O Tempo”.

Ex-prefeito se manifesta contra pedido de impeachment

Nesta quarta-feira, o ex-prefeito de Juiz de Fora, Bruno Siqueira (MDB), concedeu uma entrevista à Rádio CBN Juiz de Fora, em que se posicionou contrário a um possível impeachment de Fernando Pimentel. Apesar de manter o tom crítico a gestão do governador, o emedebista considerou que um possível afastamento poderia resultar em mais instabilidade política, agora no âmbito estadual.

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“Particularmente, sou contra um processo de impeachment do atual governador. Até porque temos apenas mais alguns meses para acabar o mandato. Assim, vamos deixar o povo mineiro julgar. Um impeachment só vai fazer com que nós tenhamos mais instabilidade política. Precisamos ter tranquilidade para que o governador, apesar das dificuldades que está enfrentando, possa terminar o seu mandato de uma forma de serena. O povo mineiro saberá julgar nas urnas se o atual governador deve continuar ou não à frente do Palácio da Liberdade”, afirmou Bruno, que deixou a Prefeitura no último dia 6 de abril e tem se colocado como pré-candidato ao Senado.

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