Festival exibe 31 curtas no fim de semana

Segunda edição do evento tem início nesta sexta-feira (4) no Museu Ferroviário


Por Júlio Black

01/05/2018 às 07h00

Um farol perdido em meio à maior cidade do Brasil é o tema do curta paulistano “Farol Invisível” (Foto: Divulgação)

A produção do audiovisual em curta-metragem de todo o Brasil volta a ter espaço em Juiz de Fora a partir desta sexta-feira (4), quando tem início a segunda edição do Festival Filmes da Estação. Realizado pela primeira vez em 2015, o evento retorna este ano com uma programação de 31 curtas produzidos em Juiz de Fora e em 13 estados brasileiros, entre eles São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Maranhão, Bahia, nos anos de 2016 e 2017. O evento acontece até domingo (6) no Museu Ferroviário, espaço que substitui a Praça da Estação.

Eles foram selecionados entre 450 obras enviadas de janeiro a fevereiro, das quais 60 foram pré-selecionadas. Os organizadores do festival, Rodrigo Souza e David Azevedo, ficaram responsáveis por escolher as produções com autores que não fossem de Juiz de Fora, num total de 26; a curadoria para os curtas locais ficou a cargo de Ana Clara Matta, que selecionou cinco trabalhos. As 31 produções foram divididas em três mostras: com 22 obras, a Mostra Estação é competitiva e vai oferecer os prêmios de melhor filme, direção e prêmio especial, todos concedidos pelo júri, sendo que haverá também votação para melhor filme entre os espectadores. Fora da competição oficial, haverá ainda a Mostra Trenzinho, com quatro curtas direcionados ao público infantil, e a Mostra Extra, com cinco curtas nos gêneros suspense e terror.

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Assim como na primeira edição, o Festival Filmes da Estação tem apoio da Lei Murilo Mendes. Um dos motivos para o hiato entre as edições, segundo Rodrigo Souza, é a dificuldade para conseguir apoio para o evento, além da mudança dele e de David para São Paulo. Por isso, apesar de terem sido aprovados pela Murilo Mendes em 2016, só em 2018 conseguiram organizar o projeto, que pela primeira vez será realizado no Museu Ferroviário. “Como resolvemos fazer o festival em um formato menor, pensamos que era hora de explorarmos o espaço do Museu Ferroviário como nova opção. Fizemos a proposta ao Luiz Fernando Priamo (diretor do museu), que foi muito receptivo à ideia”, conta Rodrigo.

Diálogo entre propostas estéticas

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Produzido em 2016, curta baiano "Fervendo" participa da mostra principal de Filmes da Estação (Foto: Divulgação)

Os curtas precisam têm duração máxima de 20 minutos, de acordo com Rodrigo Souza, para aumentar o número de produções a serem exibidas nos três dias do evento. “Não havia um critério prévio, como tema específico. O que nos interessava são as propostas artísticas e estéticas, o quanto o curta é representativo em relação ao momento atual, o contexto social”, explica. “O que mais prezamos foi o diálogo contemporâneo, o que resultou em diversas propostas estéticas, mas com curtas que acabam dialogando entre si.”

Um detalhe destacado por Rodrigo é que cerca de metade das produções que integram a produção tem direção ou codireção de mulheres. “Foi uma coincidência interessante, pois este é um momento em que se discute a produção feminina no audiovisual e a questão da visibilidade das mulheres no mercado de trabalho em geral”, comenta.

Para Rodrigo Souza, a produção de curtas continua em crescimento, mas ainda enfrenta os gargalos de exibição. “A facilidade de acesso aos meios de produção do audiovisual é uma realidade. Cada dia há mais equipamentos. E temos uma produção bastante rica, com temas muito variados, propostas estéticas diferentes. O que falta é espaço para esses filmes circularem”, analisa. “Temos sites como o YouTube, serviços de streaming, mas poucos têm o olhar para o curta. E fora do meio digital são cada vez menos espaços, com festivais que estão deixando de existir e o fechamento de salas como as do Palace, que era uma das sedes do Festival Primeiro Plano e onde foram lançados curtas produzidos com o apoio da Murilo Mendes. É importante insistir em realizar os festivais.”

 

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