Jamais poderão aprisionar os sonhos
Era dia 6 de abril quando o juiz Sérgio Moro determinou a prisão de Lula. Fiquei extremamente aflita, envolvida num mix de emoções que se passou por minha cabeça e meu coração. Queria estar perto do nosso presidente! Entrar em algum ônibus, carro, qualquer meio que me levasse para a sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Mas precisava ficar em Juiz de Fora e ajudar na resistência por aqui. Assim o fiz e construímos um lindo ato, em unidade dos partidos de esquerda e dos movimentos sociais contra a prisão política de Lula.
Poucos dias depois, atendi meu coração e me dirigi a Curitiba, onde Lula já estava preso injustamente e sem condenação definitiva. Me somei aos companheiros e às companheiras que seguem firmes no acampamento da resistência, próximo à Polícia Federal. Vivi dias de muita emoção e vivenciei de forma mais intensa o que entoamos diariamente: luta, esperança, solidariedade e companheirismo.
Éramos mil acampados: homens, mulheres, jovens, idosos, trabalhadoras e integrantes de movimentos de todo o país em luta contra a prisão arbitrária de Lula. Todos os dias, às 9h da manhã, antes das atividades políticas que seguiam até a noite chegar, nos reuníamos na Praça Olga Benário (interseção de ruas assim nomeada em homenagem a essa mulher que simboliza luta e resistência) para entoar, em alto e bom som, o nosso “BOM DIA, PRESIDENTE LULA!”. Era, sem dúvidas, o momento mais emocionante do dia: colocávamo-nos em contato com Lula e mostrávamos que ele não está só.
Militantes do MST preparavam as nossas refeições com todo o carinho e qualidade. Estavam alimentando mil Lulas! As doações vêm de muitas pessoas e formas, e há uma tenda de suprimentos que não para de encher. O MST também cuidava da disciplina no acampamento, que ainda possui uma tenda da saúde popular em que as companheiras ajudam a militância a relaxar e a cuidar de forma natural da saúde. Quanto à vizinhança, a grande maioria nos compreendia e estava em paz com nosso movimento.
Eram muitos idosos acampados, que não desistiram da luta por um país mais justo e democrático. Conheci um senhor de 82 anos que estava acompanhando Lula desde São Bernardo, quando foi determinada sua prisão. Um esforço que sintetizava toda uma vida em luta pelos direitos do povo.
Três dias depois, voltamos à rotina com mais força para a luta. Somos milhões de Lulas, e jamais poderão aprisionar os nossos sonhos!