Jac T40 ganha câmbio CVT, mais potência e melhor acabamento


Por Eduardo Rocha (Autopress)

22/04/2018 às 07h00

Foto: Eduardo Rocha/Carta Z Notícias

Inicialmente, a chegada do câmbio CVT seria só uma forma de adequar o Jac T40 ao mercado de SUVs compactos. Acontece que o modelo foi além das expectativas. Por conta de um interesse da Volkswagen na plataforma da fábrica chinesa, o carro ganhou algumas qualidades transferidas pela engenharia alemã. O resultado é que o Jac T40 foi praticamente reinventado em relação ao modelo de câmbio manual, único vendido atualmente. O SUV que chega às concessionárias nesta virada de abril para maio ganhou um motor maior e mais potente, uma suspensão mais refinada e um acabamento com materiais de maior qualidade. O que não mudou foi a política de vendas da marca, que tenta atrair o consumidor ao cobrar por um modelo completo o mesmo valor de um concorrente mal equipado. No caso do T40 CVT, R$ 69.990.

Por um lado, são R$ 8 mil a mais que o T40 manual com o kit multimídia, de série na versão CVT. Por outro, fica entre R$ 10 mil e R$ 15 mil a menos que SUVs compactos com o mesmo nível de equipamentos. Em relação ao T40 manual, a versão com CVT tem um motor 1.6 litro de 138 cv no lugar do 1.5 litro de 127 cv. Ganhou ainda bancos em couro, ar-condicionado automático e adiciona sensores de estacionamento dianteiro ao traseiro já existente. Mudou também o quadro de instrumentos, que ganhou um visual clássico, de fácil leitura. A expectativa do CEO da Jac no Brasil, Sérgio Habib, é que as vendas totais do modelo pulem da atual média de 250 para 600 unidades por mês, sendo que a nova versão responderia por 450 unidades enquanto a de câmbio manual cairia para 150 emplacamentos mensais. O objetivo da marca é atingir 8 mil unidades em 2018, sendo 90% delas do T40.

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Mesmo o T40 manual já é bem completo. Ele tem todo o arsenal de assistência à direção, que vem se popularizando no Brasil nos últimos anos. Controle de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa, monitoramento da pressão dos pneus, sensor de luminosidade, direção elétrica, controle de cruzeiro, trio elétrico, luzes diurnas de led e rodas de liga leve aro 16. O kit multimídia conta com uma tela touch de 8 polegadas que exibe as imagens da câmara de ré e faz o controle de temperatura grau a grau do ar-condicionado. Há ainda a câmara frontal, instalada junto ao retrovisor interno, que registra continuamente as três últimas horas.

O T40 CVT recebe o novo motor 1.6 com duplo comando no cabeçote com variação do tempo de abertura das válvulas de admissão e escape. Ele rende 138 cv de potência e 17,1 kgfm de torque. Ele é capaz de acelerar de zero a 100 km/h em 11,1 segundos e levar à máxima de 190 km/h. O curioso é que o motor 1.5 tem números melhores: 9,8 segundos e 191 km/h. Isso se explica exatamente pela vocação mais “econômica” do novo propulsor, que além do câmbio CVT, tem o sistema start/stop para aumentar a eficiência.

O T40 foi projetado pela Jac Motors do Brasil sobre a plataforma compacta já existente da fabricante chinesa – a mesma que a Volkswagen escolheu. A partir daí, o executivo brasileiro encomendou a carroceria a um centro de estilos em Turim. A intenção era criar um automóvel pensado para o consumidor brasileiro. E o Grupo SHC aposta tanto no crescimento da Jac que, até o final de 2019, pretende inaugurar uma linha de produção em Itumbiara, Goiás, no mesmo local onde eram montados modelos da Suzuki até 2015 pelo Grupo Souza Ramos. Além disso, a SHC está se desfazendo de todas as 14 concessionárias que tinha com bandeiras da PSA que possui – 12 da Citroën e duas da Peugeot.

Primeiras impressões

Foto: Eduardo Rocha/Carta Z Notícias

A sensação de refinamento em um automóvel pode vir de fatores que não indicam exatamente qualidade construtiva. Fatores como isolamento acústico e neutralidade na rodagem passam uma impressão de solidez que pode corresponder ou não à realidade. O T40 manual padece exatamente desse mal. Ele é bem projetado e tem uma construção razoavelmente sólida, mas passa a impressão de ser pior do que realmente é. O T40 CVT consegue equilibrar as duas coisas. É consistente e recebeu cuidados na finalização que deixam isso fique bem claro para quem utiliza.

Esse ganho na chamada “qualidade percebida” foi um dos efeitos colaterais da passagem do T40 pela engenharia da Volkswagen. A marca alemã entrou em um acordo para utilizar a plataforma do SUV da Jac para criar uma linha mais barata de veículos elétricos. E para isso, entre outras coisas, refinou a suspensão e melhorou o isolamento. A Jac tratou de incorporar todas as melhorias. O resultado é que o T40 é um SUV que não fica nada a dever a outros do mercado. Com a diferença que dá menos status por ser de uma marca chinesa, mas custa entre 15 e 20% a menos que os rivais.

Dinamicamente, o T40 é agradável. Nas rodovias, é neutro a ponto de parecer sempre que se está em velocidades menores que as reais. É preciso vigiar o velocímetro para não ultrapassar os limites de velocidade. Nas acelerações e retomadas, o câmbio CVT tira um bocado do ânimo do SUV. Como paliativo, há seis marchas virtuais predefinidas para espantar a preguiça do conjunto, mas o comando é diretamente no câmbio _ paddle shifts atrás do volante seriam mais apropriado.

O interior surpreende agradavelmente, tanto pela qualidade dos arremates quanto pelo visual dos materiais. Há painéis que imitam fibra de carbono, diversos frisos cromados e o revestimento dos bancos em couro. Nada chega a ser requintado, mas ninguém neste segmento o é. O espaço para passageiros e bagagem é também generoso. Houve ainda uma melhora considerável no desenho do painel _ no anterior, dependendo da luz que incidia, ficava ilegível. A melhora do T40 foi tão evidente que na apresentação até inspirou um dúbio elogio: “Nem parece carro chinês”.

Ponto a ponto

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Foto: Eduardo Rocha/Carta Z Notícias

Desempenho
O motor a gasolina do Jac T40 é o 1.6 aspirado mais potente do mercado brasileiro, com 138 cv a 6 mil rpm. Ele bons recursos, como duplo comando variável na admissão e no escape, mas é anestesiado pelo câmbio CVT. Nas arrancadas e retomadas, a transmissão mostra a falta de entusiasmo característica. Ainda mais que o torque máximo de 17,1 kgfm só aparece aos 4 mil giros. No cronômetro, porém, não fica fora da média do segmento. A aceleração de zero a 100 km/h consome 11,1 segundos _ o Nissan Kicks, que também tem motor 1.6 com CVT, leva 12 segundos. Nota 7.

Estabilidade
A evolução deste T40 para a versão com câmbio manual fica nítida neste quesito. O SUV da Jac é firme nas curvas e estável nas retas, mesmo em alta velocidade praticamente não exige correções de trajetória. A direção elétrica é leve, mas tem boa comunicação com as rodas. Nota 9.

Interatividade
O T40 tem uma central multimídia simples, com conexão bluetooth e USB, mas sem espelhamento com celulares. O SUV tem volante multifuncional que comanda apenas o controle de cruzeiro e o som. O computador de bordo é controlado por um botão pouco acessível colocado do lado esquerdo, atrás do volante. Nele aparecem informações como consumo médio, autonomia e pressão dos pneus. O painel de instrumentos foi renovado, tem boa leitura e o desenho é limpo e clássico. Tem recursos como sensores de obstáculos, câmara de ré e câmara frontal para registro de trajeto _ em muitos países, esse equipamento barateia o seguro. Nota 8.

Consumo
Este motor 1.6 do Jac T40 ainda não foi avaliado pelo InMetro, mas a promessa é que seja mais econômico que o 1.5 que equipa o T40 manual. Durante o teste-drive, o computador de bordo acusou 14 km/l em ritmo rodoviário. Já quando combinou estradas vicinais, trechos urbanos e rodovia, o consumo subiu para 12,2 km/h. Apenas rodando na cidade, o consumo foi de 9,8 km/h. São números razoáveis para um modelo compacto, com CVT e que bebe exclusivamente gasolina. Nota 7.

Acabamento
É neste ponto que a evolução do Jac T40 fica mais evidente. Além do banco em couro, com pespontos em vermelho, o interior está mais caprichado. No tablier frontal, um revestimento almofadado em plástico repete o padrão de pespontos dos bancos. No console central há molduras em preto brilhante na tela touch e nos comandos de ar-condicionado. Nas saídas de ar e no contorno dos raios do volante há frisos cromados. Nas portas, os puxadores também são almofadados, assim como no apoio de braços entre os bancos dianteiros. Não há requinte nem descuido. Os arremates e montagens aparentam boa qualidade. Nota 8.

Conforto
A suspensão dá um pouco mais de atenção ao controle da carroceria que à absorção das irregularidades. Ainda assim, não compromete o conforto dos ocupantes. O estágio do modelo pela engenharia da Volkswagen foi benéfica tanto neste aspecto quanto no isolamento acústico, que é bem superior ao do T40 manual. Os bancos dianteiros têm bons apoios laterais mas não são tão confortáveis para longos trajetos. Nota 8.

Tecnologia
A plataforma do T40 é nova e o motor é bem moderno e eficiente _ duplo comando variável e conta, inclusive, com start/stop. A central multimídia é menos conectiva que as de modelos lançados agora mas, por outro lado, tem recursos eletrônicos como controle de tração e estabilidade, assistência para partida em rampa, monitor de pressão dos pneus, sensores de obstáculos dianteiro e traseiro e câmara de ré. Nota 8.

Habitabilidade
Outro ponto alto do Jac T40. A altura do carro facilita o acesso e o interior é realmente espaçoso para um compacto, tanto em relação à área de cabeça quanto de pernas. Atrás, um quinto passageiro adulto é aceitável em trajetos curtos. Há bons porta-objetos espalhados pelo interior, como à frente do câmbio e sob o descanso de braços central. Tem ainda porta-copos no console central e porta-garrafa nas portas. O porta-malas recebe 450 litros de bagagem até a linha das janelas. Nota 9.

Design
O T40 não mostrar um design marcante, mas também não chega a ser um SUV genérico. As características mais notáveis acabam sendo a coluna traseira, com as duas laterais em arco, e a grade, com grossos frisos em prata acetinado com a nova logomarca da Jac em destaque ao centro. A linha de cintura alta também dá alguma personalidade ao modelo. Nota 7.

Custo/benefício
Os R$ 69.990 pedidos pelo novo SUV da Jac não chegam a ser capaz de impactar o mercado, mas consegue chamar a atenção. Qualquer modelo de marcas não chinesas custa pelo menos 10 mil a mais que o T40 CVT com o mesmo nível de equipamento. Objetivamente, os concorrentes diretos são outros chineses: Chery Tiggo 2 e o Lifan X60. Nota 8.

Total: O Jac T40 somou 79 em 100 pontos possíveis.

Ficha Técnica

Foto: Eduardo Rocha/Carta Z Notícias

Motor: Gasolina, dianteiro, transversal, 1.590 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e duplo comando com variação contínua de abertura das válvulas na admissão e no escape. Acelerador eletrônico e injeção multiponto.

Transmissão: Continuamente variável com seis marchas virtuais sequenciais à frente e uma marcha a ré. Tração dianteira. Oferece controle eletrônico de tração.

Direção: Elétrica.

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Potência máxima: 138 cv a 6 mil rpm.

Aceleração 0-100 km/h: 11,1 segundos.

Velocidade máxima: 190 km/h.

Torque máximo: 17,1 kgfm a 4 mil rpm.

Diâmetro e curso: 75 mm X 90 mm. Taxa de compressão: 10,5:1.

Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson com barra estabilizadora. Traseira por eixo de torção com barra estabilizadora. Oferece controle eletrônico de estabilidade.

Pneus: 205/55 R16.

Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. ABS com EBD. Assistência de partida em aclives.

Carroceria: Utilitário esportivo compacto em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Com 4.14 metros de comprimento, 1,75 m de largura, 1,57 m de altura e 2,49 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais.

Peso: 1.220 kg.

Capacidade do porta-malas: 450 litros.

Tanque de combustível: 42 litros.

Produção: Hefei, na China.

Lançamento da versão: Abril de 2018.

Preço da versão: R$ 69.990.

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