3 programas para explorar Tiradentes

No feriado que honra o personagem histórico mineiro, saiba o que a charmosa cidade que leva seu nome, a 150 km de JF, oferece


Por Júlia Pessôa

20/04/2018 às 07h10- Atualizada 20/04/2018 às 07h57

Muitos são os casos e “causos”, alguns com respaldo de historiadores, que cercam a figura de um dos personagens mais célebres de Minas Gerais e do Brasil, Joaquim José da Silva Xavier, Tiradentes, líder do movimento da Inconfidência, uma das forças motrizes em prol de nossa independência de Portugal. Independentemente do que dizem os fatos, temos bem pertinho de Juiz de Fora, a cidade que leva a alcunha do inconfidente, também cercada de lendas, registros e atrações. Em menção ao dia em que se celebra o personagem, sábado, 21 de abril, preparamos um roteiro com programas que vão além das igrejas, da arquitetura e de diversos outros traços que remetem às Minas e ao Brasil do passado, para você aproveitar em qualquer época do ano. (Lembrando que neste fim de semana a cidade terá vários eventos de celebração à data e já na semana que vem, do dia 26 ao dia 30 de abril, será realizado o TremBier, o maior festival de cervejas artesanais do estado, programe-se e curta!)

 

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Caminhe!

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Mirante situado no morro da Igreja São Francisco de Paula promove vista panorâmica da cidade (Fotos: divulgação)

Em Tiradentes, esqueça o carro. Uma caminhada pela região central da cidade é um mergulho cultural não apenas em toda sua carga histórica, mas também a oportunidade de conhecer cantinhos, caminhos e estabelecimentos, dos mais famosos aos “achados”. Experimente passear, por exemplo, pelos becos e bosques da cidade, os únicos lugares por onde os escravos podiam circular, já que as ruas principais eram restritas à elite e aos trabalhadores não escravizados. No Bosque da Mãe D’Água, por exemplo, é possível fazer uma trilha levíssima, em meio à vegetação remanescente da Mata Atlântica, e observar a nascente que abastece o famoso Chafariz de São José. O caminho possui muitos exemplares típicos da flora e fauna regionais ao longo do bosque, há um aqueduto construído de pedras e lajes no nível do solo, que abasteceu a cidade de água no tempo da escravidão e, ainda hoje, funciona como antigamente, desembocando no chafariz. Lá, há a superstição de que cada uma das três torneiras representa, da esquerda para a direita, amor, saúde e riqueza para quem tomar de suas águas. (Sempre que vou, bebo das três, por que não, né?). Pertinho dali, meio escondidinho, há o ateliê do Chico Doceiro, famoso personagem da cidade, já falecido, mas que conquistou o paladar dos nativos (a produção hoje é tocada pela família) com iguarias como o delicioso canudinho de doce de leite, com massa e recheio de fabricação próprias, e outros quitutes caseiros como a surpreendente cocada branca feita com água de coco, doce de banana e mesmo o tradicional brigadeiro, além de geleias de frutas e de pimenta. Imperdível também é o pôr do sol no mirante situado no morro da Igreja São Francisco de Paula, a melhor vista panorâmica da cidade. Além disso, o trajeto de quem caminha mostra lojinhas mil de artesanatos, restaurantes escondidinhos fora do circuito do Largo das Forras, barzinhos e paisagens que definitivamente não foram feitas para serem vistas sob o vidro de automóveis. Caminhe.

Doces do Chico
Rua Francisco Pereira Morais 74
(32) 3355-1900

Cachoeiras

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Cachoeirinha Paulo André (Fotos: Divulgação)

Mesmo com a chegada do frio – que chega sem dó na região -, vale a pena dar um rolê pelas cachoeiras que cercam Tiradentes, por todo astral e beleza natural dos locais. Entre Tiradentes e São João del-Rei, há várias, e também na região de carrancas, mas há algumas que ficam mais perto da cidade que leva o nome do inconfidente. A Cachoeirinha de Paulo André, localizada a cerca de 1km do centro de Tiradentes, é uma boa opção para quem quer curtir a natureza sem muito esforço, pois é a mais próxima do centro. Não espere uma grande queda d’água, mas a trilha é fácil, o visu, bonito e tem que ir a pé ou de bike, pois há pelo menos uma ponte que não suporta veículos. Um pouco mais distante, a aproximadamente 3km da área central, a Cachoeira do Mangue abrange a parte baixa da serra de São José, por terrenos de característica argilosa, Mata Atlântica e passagens pelos locais das primeiras explorações do Ciclo do Ouro. As trilhas compradas em agências de turismo incluem visita às piscinas naturais e parada para descanso e tempo para mergulho. Também a mais ou menos 3km de Tiradentes, a Cachoeira do Bom Despacho tem acesso fácil de carro, é possível estacionar o veículo bem próximo ao local e aproveitar as águas que descem da Serra de São José. A área tem uma pequena represa com águas tranquilas para crianças, mas para quem quiser se aventurar, também há opção de explorar as águas com as pedras e nadar nos pequenos poços formados pelas quedas. Outra curiosidade: o local abriga o primeiro marco da Estrada Real, inaugurado em abril de 2003. Bom lembrar: em qualquer um destes passeios, é prudente preparar uma mochila com água, lanche, repelente, protetor solar e um agasalho, só para o caso de o tempo virar.

 

Gastronomia

A comida tradicionalmente mineira é um dos atrativos mais buscados pelos turistas em Tiradentes, mas a cidade vem ganhando diversas nuances gastronômicas com o passar dos anos. Numa onda bem contemporânea, o charmoso Tragaluz, chefiado pelo criativo Felipe Oliveira, é um dos mais charmosos e concorridos da cidade, e já chama atenção pela vibe aconchegante e romântica, com iluminação a luz de velas, e o menu com base mineira repaginada. Fique ligado, porque o local está sempre lotado. O menu é tão hype que uma das sobremesas, a goiabada frita, prensada em castanha de caju granulada, frita na manteiga e servida em cama de catupiry, já foi citada até pelo “New York Times”. Além disso, o menu possui carnes (inclusive exóticas, como rã), frutos do mar, massas, e ingredientes tipicamente mineiros, como quiabo e a galinha d’angola, em um prato hit, que aparece em alguns principais do restaurante. Também nesta vibe moderninha, o Angatu trabalha com ingredientes essencialmente brasileiros, sob a batuta do chef Rodolfo Mayer, com criações como tartare de filé de sol e gema de pequi na batata doce como petisco; língua de boi com agrião, pirão de queijo, legumes e sagu (que é inclusive o prato do estabelecimento vinculado à Associação Boa Lembrança); e, de sobremesa, o curau brûleé com framboesas da Serra do Cerrado (Prados/MG), frutas frescas e paçoca de coco queimado- entre muitas outras opções. No Uaithai, o chef Ricardo Martins investe em uma cozinha autoral e inusitada, mesclando inspirações da aromáticas e leves da culinária tailandesa com o tradicionalismo e o toque ‘comfort food’ comida mineira. Alguns pratos mostram claramente essa fusão entre as duas vertentes, como o “gluey pork”, lombo de porco confitado em crosta crocante de ervas aromáticas com purê de banana ao curry e leite de coco; e o Pad Thai, releitura do prato mais tradicional tailandês: talharim de arroz marinados na cachaça artesanal de Bichinho, cebola roxa, alho confit, acelga, vagem, amendoim, ervilha torta, pasta de tamarindo, mel, namplá (molho de peixe), molho de ostras, coentro e rapadura. Um giro de sabor do outro lado do mundo com o pezinho em Minas. Detalhe importante: todos os pratos possuem versão vegetariana.

 

Tragaluz
Rua Direita 52
(32) 3355.1424

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Angatu
Rua da Cadeia 38
99903-5734

Uaithai
Rua Padre Toledo 157
(32) 99927-9903

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