“Incríveis”: árbitro com paralisia cerebral vai apitar Mundial de Futebol de Sete
O currículo é invejável: árbitro de Futebol de Sete, o hoje também chamado de CP Football (futebol de pessoas com paralisia cerebral), integrante do quadro nacional desde 2013 e do internacional há duas temporadas na modalidade, da Liga Juiz-forana de Futsal, e com trabalhos em jogos de competições que vão da Copa Prefeitura Bahamas de Futsal aos Jogos Parapan-Americanos de Jovens de 2017 e Paralimpíadas do Rio 2016. Na última semana, convocado pela Federação Internacional de Futebol para Pessoas com Paralisia Cerebral para apitar no Futebol de Sete dos Jogos Mundiais de Pessoas com Paralisia Cerebral (CP World Games – Sant Cugat 2018), que será disputado em agosto de 2018, em Sant Cugat, na Espanha. O incrível juiz-forano Igor Chagas Monteiro, 27 anos, faz seu quadro de hemiparesia braquiocrural esquerda, um tipo de paralisia cerebral que atinge parte de um dos lados do corpo, parecer mero detalhe a cada dia.
Professor de Educação Física com Mestrado pela UFJF finalizado em 2016 e instrutor do JF Paralímpicos, projeto desenvolvido pela Secretaria de Esporte e Lazer da Prefeitura de Juiz de Fora, Igor nasceu com a deficiência, mas não deixou que ela ditasse as regras sobre limitações. O profissional obteve o acompanhamento de um fisioterapeuta até os 6 anos de idade para otimizar o aprendizado das partes motora e cognitiva, essenciais mas especificidade de sua função nos gramados.
“O árbitro do futebol de sete precisa ter um completo domínio das regras do jogo, saber fazer uma boa análise das situações de jogo e necessita de uma maior sensibilidade. Acontecem muitas lesões durante as partidas, então você precisa conseguir interromper a partida nos momentos corretos para fazer os atendimentos. Às vezes, no futebol profissional o jogador cai para fazer uma cera, ganhar tempo. Mas no futebol de sete sempre que o jogador cai devemos ter uma atenção especial, os atletas tendem a sofrer mais com as lesões”, avalia.
A convocação para os Jogos Mundiais de Pessoas com Paralisia Cerebral trará experiência inédita ao árbitro em ascensão. “Fiquei muito feliz. Sabia da possibilidade de estar como árbitro nesse campeonato, mas a convocação só chegou na semana passada. Até sair o resultado fiquei muito ansioso. Mas é uma emoção grande de poder conhecer um novo país, uma nova cultura, ter contato com árbitros espanhois e ver um estilo diferente de arbitragem, além de estar em uma competição internacional. Será uma oportunidade de trocas culturais e esportivas”, comemora.
Empoderamento
Igor sabe que sua história serve de modelo a qualquer pessoa ligada ou não à área esportiva. “Acredito que minha história ajuda no empoderamento das pessoas com deficiência, que podem ver que não precisam estar no esporte apenas como atletas, praticantes, mas também como técnicos esportivos, gestores e também árbitros de futebol. Isso é muito comum em outros países, algo que comprovei nos Jogos Paralímpicos do Rio 2016. Que a pessoa com deficiência consiga chegar no lugar que ela almeja estar, em qualquer setor.”
E antes mesmo de viajar para a Espanha, Igor já tem novas metas na carreira. Desistir certamente não é uma opção. “Quando as oportunidades aparecem, abraçamos elas e conseguimos mostrar nossa qualidade e dedicação. Sentimos que tudo é possível, motiva a gente. Fiquei muito feliz quando fui no Rio 2016, assim como na chegada do quadro internacional da Federação. Foi uma mudança na minha vida e traz uma vontade de ter mais aspirações na carreira. Penso em trabalhar nos Jogos Parapan-Americanos, assim como trabalhar na Copa do Mundo de Futebol de Sete na categoria adulta, a principal.”
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