Secretaria de Saúde orienta população sobre eliminação de caramujos

É preciso ter cuidado para não encostar no molusco, já que a gosma liberada por ele pode transmitir verminoses


Por Rafaela Carvalho

04/04/2018 às 07h00- Atualizada 04/04/2018 às 07h51

É preciso ter cuidado para não encostar no molusco, já que a gosma liberada por ele pode transmitir verminoses (Foto: Dorinha Lopes)

A Secretaria de Saúde recebeu, neste ano, cinco notificações sobre a presença de caramujos africanos em diferentes regiões da cidade. As solicitações partiram de Rosário de Minas, Zona Rural, além de moradores dos bairros Granbery, na região central, Solidariedade, Zona Sudeste, Santa Cruz, Zona Norte, e Arco Íris, na Zona Sul. Apontado por muitos como o substituto do escargot, o caramujo pode transmitir duas verminoses e se tornar um problema de saúde pública se não for eliminado. Por isso, o setor de Zoonoses da Secretaria de Saúde está orientando a população e pode ser acionado pelo 3690-7030 por quem tiver dúvidas sobre como lidar com os animais. Uma equipe do setor também pode ir até o local.

Segundo o veterinário responsável pelo setor, José Geraldo de Castro Júnior, o caramujo africano foi trazido para o Brasil na década de 1980. O objetivo era utilizá-lo na alimentação como substituto do escargot, mas ele não foi aceito, e as pessoas soltaram os exemplares na natureza. No entanto, hoje, ele é considerado uma praga agrícola e urbana, por se alimentar de plantações e infestar também as cidades, onde há presença de lixo e mato, ou em pequenas hortas.

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Apesar de, por si só, o caramujo não transmitir doenças, ele é um hospedeiro intermediário da meningite eosinofílica, causada por um verme que passa pelo sistema nervoso e se aloja nos pulmões, e da angiostrangilíase abdominal, verminose que pode se tornar grave e levar ao óbito se o verme, que se aloja no intestino, causar a perfuração do órgão. Por isso, é preciso atentar para a eliminação correta do caramujo quando ele é encontrado, evitando o contato com o molusco que habita a concha sem proteção nas mãos, já que a gosma liberada por ele pode transmitir as verminoses.

“O molusco deve ser eliminado de forma correta. Para isso, a população deve atentar para cuidados básicos, como só manuseá-lo com luvas ou vestindo sacos plásticos nas mãos. A opção mais higiênica é recolher os animais pelas conchas, colocar em uma lata, balde ou bacia contendo solução de água sanitária ou cloro. A quantidade certa é um litro de água sanitária ou cloro para três litros de água.” Conforme o veterinário, outra solução possível é amassar os animais e enterrá-los. “A pessoa pode colocá-los dentro de sacolas plásticas, masserá-los com um objeto e enterrá-los ou descartar no próprio lixo. Mas, nesse caso, a pessoa tem que ter o cuidado de proteger os olhos, boca e nariz ao amassar o caramujo, para não espirrar gosma. Por isso, o ideal é usar uma sacola.”

É muito comum encontrar pessoas que usam sal para matar os animais, mas o método é demorado e gasta muito sal, além de prejudicar o solo. “Também não é indicado atear fogo nos animais, mas além de o caramujo demorar para morrer, é uma atitude que causa riscos e que é condenada por órgãos ambientais.” Também é preciso eliminar os ovos dos animais, que são encontrados a cerca de um centímetro da superfície da terra. Segundo José Geraldo, eles são parecidos com sementes de quiabo, com a mesma coloração e tamanho, e podem ser eliminados com a solução de água sanitária, da mesma forma que os animais adultos.

Higiene com os alimentos

O caramujo não deve, de forma alguma, ser ingerido e, caso ele seja encontrado onde há plantações, deve-se verificar se as verduras não tiveram contato com a secreção do animal. “É possível adquirir as verminoses por meio da ingestão do animal ou do alimento por onde ele passou. Por isso, é essencial lavar verduras que ficam expostas e que podem ter sido tocadas pelo molusco. Se a folha ou alimento estiverem mordidos, é preciso descartá-los. Já para fazer a higiene correta, deve-se deixar o alimento mergulhado em um recipiente com uma colher de chá de água sanitária ou cloro em um litro d’água por, pelo menos, meia hora.”

Outro método para evitar o surgimento do animal é manter terrenos e ruas capinados. “O surgimento do caramujo é comum em épocas de chuva. Ele se esconde embaixo de madeira e papelão, por exemplo. Por isso, o surgimento do caramujo passa pelo manejo correto do lixo. Quando em local indevido ou em grandes quantidades, o entulho vira alimento para os animais. No caso de terrenos com muito lixo, retirar os animais pode ser um paliativo momentâneo. Se a pessoa não recolher o lixo com frequência, deixar o mato alto e continuar mantendo lixo naquele local, os caramujos vão surgir novamente.”

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