Espaço político

Maioria em todos os dados populacionais, as mulheres ainda são sub-representadas nos postos políticos, fruto de leis e ações próprias para impedir sua ascensão


Por Tribuna

01/04/2018 às 07h00- Atualizada 02/04/2018 às 08h40

Maioria da população e nos colégios eleitorais, as mulheres ainda vivem a estranha situação da pouca representatividade nos parlamentos e no Poder Executivo nas suas três instâncias. Na Câmara Federal, ficam em torno de 15% numa casa com 513 deputados; proporção semelhante se expressa nas assembleias. Na Câmara Municipal de Juiz de Fora, menos do que isso. Dos 19 vereadores, apenas duas mulheres se elegeram no último pleito. Ambas, aliás, entre as mais votadas, mas o que não implica, necessariamente, uma resposta feminina ao espaço que deveriam ocupar.

Nesta edição, a Tribuna apresenta o relato de especialistas e das duas vereadoras – Sheila Oliveira e Ana Rossignoli -, que apresentam suas versões para tamanha anemia política, que continua sendo um desafio ao longo da história do país. O Brasil é um dos pioneiros no voto feminino, mas não avançou em outras questões. A lei que estabelece cotas para candidaturas ficou no meio do caminho, pois serviu mais para dar uma satisfação à Justiça Eleitoral do que para equilibrar o jogo. Essa cota, defendem alguns, deveria ser levada para os parlamentos, exigindo que determinado número de cadeiras seja, necessariamente, ocupado por mulheres.

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A discussão não é simples, pois há outros envolvimentos que precisam ser colocados à mesa de forma clara e objetiva. O olhar masculino continua preponderante, bastando ver não apenas os números, mas também o discurso.
O argumento de que mulher não vota em mulher é raso, pois não desce aos detalhes que precisam ser avaliados. Por ele, a lógica seria de maioria feminina na política, mas as implicações vão além. O reparte de verbas para campanhas e a estratégica colocação nos debates e até nos palanques são questões que, ao olhar comum, são menores, mas a repercussão é grande.

Em tempos em que as identidades se afloram e a discussão de gênero ganha força, a política poderia ser o ponto principal a ser avaliado, pois o jogo precisa, sim, ser equilibrado, não para avaliar quem tem maior representatividade, mas para colocar na prática questões que hoje são jogadas para o segundo plano, mesmo diante de uma sociedade plural e que apresenta novas demandas a cada dia.

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