Descalabros em evidência


Por Celso Pereira Lara, Funcionário público aposentado

14/03/2018 às 06h30

Com os avanços no campo da corrupção neste país, foi necessária a criação de uma força-tarefa para minimizar seus efeitos. Desde que surgiu – em março de 2014 -, a Lava Jato é um motor turbinado que está sempre ligado. Prova disso é que, enquanto o STF abriu apenas cinco ações penais e não concluiu nenhuma delas nos dois primeiros anos, o juiz Moro finalizou 25 processos, com 123 condenados e 36 absolvidos. Mesmo com essa comparação gigantescamente absurda, na época, a diferença atualmente deve estar ainda maior.

Por mais que se diga que o STF é independente e imparcial, dá para perceber que as decisões de seus ministros variam de acordo com as próprias pretensões. O ministro Lewandowski, por exemplo, ainda não está satisfeito! Primeiro, rasgou a Constituição ao fatiar o impeachment da Dilma, que permanece com os direitos políticos e viajando pelo mundo, tendo suas despesas pagas com dinheiro público. Agora, ele se mostra defensor da presunção de inocência (de Lula), deixando subentender que a decisão final cabe somente aos tribunais superiores. Os poderes da decisão de segunda instância certamente serão rediscutidos no Supremo, onde a aprovação da pauta prioriza as conveniências!

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A indecente política a que o país está submetido – com os três poderes juntos e misturados, salvo honrosas exceções de seus representantes – vem crescendo assustadoramente tal qual um vulcão em plena erupção, espalhando suas lavas e devastando tudo o que encontra pela frente! Nada consegue detê-las. Assim sendo, somente na curva do horizonte é que surge uma ponta de esperança a ser depositada nas urnas de outubro próximo.
Com medo dos eleitores, vários políticos desistiram de tentar a reeleição no Senado e preferiram se candidatar à Câmara, onde teriam mais chance na eleição proporcional do que na disputa majoritária. São os senadores envolvidos com a Justiça em busca de foro privilegiado! O resultado das eleições servirá para mostrar o quanto a população brasileira amadureceu, politicamente, e revelará muito mais sobre os eleitores do que sobre os eleitos.

Querendo se defender do indefensável, o ex-presidente petista, já condenado à prisão no primeiro processo, não tem a menor preocupação com os honorários advocatícios, apesar de serem cifras milionárias. Recentemente, Lula contratou novo advogado, a preço de ouro, para cuidar de sua absolvição, mesmo com o Instituto Lula falido, mesmo sem receber convites para palestras desde 2015 e com a suspensão das intermediações com as empreiteiras. Lula soube poupar muito bem durante toda a sua vida, e o seu colchão deve ser muito comprido e alto para guardar tantos milhões!

Um país onde um sujeito altamente perigoso para a nação foi solto porque não houve violência, e as decisões de soltura de criminosos fazem parte da rotina; um país onde um ex-presidente condenado à prisão fica desafiando procuradores, juízes e Polícia Federal, e mesmo assim lidera a corrida presidencial; um país onde um político declara que o agravamento da segurança pública se deve ao combate à corrupção no lugar de combater bandido; um país que se junta à Cuba e à Venezuela para utilizar caixinhas mágicas intituladas urnas eletrônicas, enquanto o eleitor não tem o direito de conferir o seu voto; um país onde vazamento de áudio compromete ministro da mais alta Corte; um país onde até o presidente está sendo investigado por possível envolvimento em maracutaias; um país onde a presidente do STF diz que a população está “cansada de tanta ineficiência” e reconhece que os representantes dos Três Poderes da República têm um “débito enorme com a sociedade”; um país onde se degradam as instituições e se corrompem os fundamentos da ordem constitucional não pode prosperar, democraticamente, nem pode ter credibilidade em lugar nenhum.

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