UFJF terá curso sobre ‘golpe’ de 2016

Universidade confirma proposta que irá debater impeachment de Dilma e afirma que professores têm autonomia para apresentar propostas


Por Renato Salles

10/03/2018 às 07h00

Após diversas especulações, inclusive da mídia nacional, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) confirmou o registro de um curso de extensão que irá debater pontos referentes ao período histórico recente e desdobramentos do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O impedimento pela via parlamentar é chamado de “golpe” por segmentos da sociedade. “A UFJF confirma a existência do curso. Há registro do curso de extensão junto à Pró-reitoria de Extensão”, afirmou a instituição em nota encaminhada à Tribuna. A universidade federal, no entanto, reforçou que “não se posiciona sobre a realização de cursos de extensão, em nome da autonomia didática dos professores, que têm liberdade para apresentar suas propostas”.

De acordo com publicação que já corre nas redes sociais, já estão abertas às comunidades acadêmica e não acadêmica as inscrições para o preenchimento de 100 vagas do curso de extensão gratuito, a ser ministrado entre março e junho, no Instituto de Ciências Humanas (ICH). O curso foi intitulado como “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”. As inscrições podem ser pleiteadas por e-mail, mediante a apresentação de informações como nome, telefone, e-mail e identificação se o interessado é ou não aluno da UFJF.

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Assim, o curso de extensão a ser ministrado na UFJF será homônimo ao utilizado na movimentação inicial surgida na Universidade de Brasília (UnB), que foi o estopim de ações similares em várias universidades do país, com a sugestão de uma disciplina para estudar “elementos de fragilidade do sistema político brasileiro que permitiram a ruptura democrática de 2016, com a deposição da presidente Dilma Rousseff”, conforme o programa a ser adotado na UnB.

Tão logo sugerida na UnB, a adoção da disciplina gerou polêmica. Posicionamentos contrários à proposta vieram, inclusive, do ministro da Educação, Mendonça Filho, que chegou a afirmar que tal intenção trata-se de “proselitismo político e ideológico de uma corrente política, usando uma instituição pública de ensino”. A partir do primeiro passo, várias outras instituições federais de ensino superior seguiram o mesmo caminho e já criaram ou planejam adotar cursos e projetos de extensão similares para debater sobre o período e suas consequências.

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