UFJF não confirma curso sobre ‘golpe’ de 2016

Federal pode adotar disciplina para debater o período do impeachment de Dilma


Por Renato Salles

02/03/2018 às 20h52- Atualizada 03/03/2018 às 17h15

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) não confirma ou descarta a possibilidade de criação de uma disciplina para abordar temas relacionados ao período histórico recente que abrangeu o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), classificado como “golpe” parlamentar por alguns segmentos da sociedade. Instada pela reportagem, a instituição se posicionou de forma sucinta sobre tal possibilidade, afirmando por meio de nota, que há a possibilidade de que algum professor possa estar elaborando tal disciplina, “mas, até o momento, não há nenhum registro oficial na instituição de oferta de curso com esse conteúdo”. Há informações, no entanto, que integrantes do corpo docente do curso de Ciências Sociais do Instituto de Ciências Humanas (ICH) já teriam manifestado a intenção de propor a adoção de uma disciplina ou mesmo de um curso livre para debater a questão.

A possibilidade de a UFJF adotar uma disciplina para abranger aspectos relacionados ao impedimento da ex-presidente vem sendo especulada pela imprensa nacional, em listagens de universidade federais que podem seguir o exemplo da Universidade de Brasília (UnB). Na instituição da capital federal, o movimento inicial para a consolidação da disciplina partiu do professor Luís Felipe Miguel, do curso de Ciências Políticas da UnB, que propôs a disciplina chamada “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil” para estudar “elementos de fragilidade do sistema político brasileiro que permitiram a ruptura democrática de 2016, com a deposição da presidente Dilma Rousseff”, conforme o programa do curso.

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A proposição ganhou contornos de polêmica. A principal delas partiu do ministro da Educação, Mendonça Filho, que se posicionou contrário à adoção da disciplina em questão, chegando, inclusive, a afirmar que tal intenção trata-se de “proselitismo político e ideológico de uma corrente política usando uma instituição pública de ensino”. A despeito disto, no entanto, a disciplina para abordar o período e suas consequências foi debatida de forma colegiada e passou pelo crivo dos professores do Instituto de Ciência Política (Ipol) antes de ser ofertada de forma facultativa aos estudantes de graduação. Apesar de algumas divergências, o entendimento foi de que a proposição tinha validade e reforçaria o debate democrático.

A partir do pontapé inicial dado pelo docente da UnB, várias outras instituições federais de ensino superior seguiram o mesmo caminho e já criaram ou vão adotar cursos e projetos de extensão similares para debater sobre o período e suas consequências.

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