Chuva provoca alagamentos em Juiz de Fora e Ewbank da Câmara

Em Juiz de Fora, Inmet chegou a registrar rajadas de 73 quilômetros por horas


Por Tribuna

27/02/2018 às 16h45- Atualizada 28/02/2018 às 10h53

enchente-em-Ewbank-da-Câmara-11enchente-em-Ewbank-da-Câmara-4
<
>
Em Ewbank da Câmara, ruas e avenidas do centro ficaram tomadas pela água

Uma forte tempestade atingiu a Zona da Mata na tarde desta terça-feira (27). Em Ewbank da Câmara, a cerca de 40 quilômetros de Juiz de Fora, ruas e avenidas do centro foram tomadas pela água, deixando moradores presos dentro de suas casas. Alguns saíram com auxílio de barcos de moradores e comerciantes. O Corpo de Bombeiros não foi acionado para atendimentos no município, que foram feitos pela Prefeitura e a Defesa Civil da cidade. Uma moradora de Ewbank, que pediu para não ser identificada, disse que o volume de chuva nem foi significativo, embora a tempestade tenha sido concentrada no Centro. “Foi de repente, assim como ocorreu ano passado, na mesma época. Minha suspeita é que a sujeira acumulada no rio possa ter contribuído para o nível d’água subir tão rápido”.

Além do Ribeirão dos Tabuões, passa em Ewbank da Câmara alguns córregos, entre eles o Goiabeira e o da Deserta. O Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, que mantém um pluviômetro na cidade, não registrou precipitação significativa, o que aumenta a suspeita de o evento ter sido localizado. A assessoria de imprensa da Prefeitura de Ewbank da Câmara informou que uma tromba d’água causou a forte tempestade no município. Embora seja um fenômeno meteorológico comum em mares, ele também pode ocorrer onde há grandes rios e lagos, como é o caso da Represa Chapéu D’Uvas, que tem parte do corpo hídrico nos limites territoriais no município vizinho.

PUBLICIDADE

Além dos alagamentos de algumas ruas, um barranco caiu no Bairro Grota da Pedra, interditando parte de uma via. Já no Bairro Grota, a parte dos fundos de uma casa foi atingida por um talude, mas felizmente os moradores conseguiram sair a tempo. O imóvel foi interditado pela Defesa Civil, e a família se abrigou na casa de parentes. Danos também foram registrados nas estradas vicinais, prejudicando o transporte Escolar. Até o início da noite, a Avenida Santo Antônio, onde estão a Câmara e a Prefeitura, permanecia alagada. O prefeito José Maria Novato (Zé Maria, PPS) visitou os locais e determinou deslocamento de máquinas para a retirada de terra para desbloqueio das vias.

Transporte intermunicipal
A Transur, que faz a linha intermunicipal de Juiz de Fora a Ewbank da Câmara, informou que os horários previstos não sofreram alterações. No entanto, as viagens de Juiz de Fora para Santos Dumont, com parada em Ewbank da Câmara, estavam com atendimento alterado, já que os ônibus não estavam entrando na cidade, deixando os passageiros às margens da rodovia BR-040.

Radar meteorológico informa tempestade na região

A tempestade do início desta tarde foi alertada pelo radar meteorológico da Cemig, que fica na região metropolitana de Belo Horizonte e é operado, também, pelo Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Simge). Às 13h, o equipamento informou que Juiz de Fora, Matias Barbosa, Simão Pereira, Bias Fortes e proximidades poderiam sofrer com chuvas fortes acompanhadas de descargas atmosféricas e rajadas de ventos.
Em Juiz de Fora, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) chegou a registrar rajadas de 73 quilômetros por horas. Em pouco mais de duas horas, segundo o equipamento do Inmet, instalado no Campus da UFJF, caiu na cidade 29,8 milímetros de precipitações, índice que corresponde a cerca de 14% do esperado para todo o mês.

JF registra destelhamento e alagamentos

Em Juiz de Fora, diversos pontos de alagamentos foram registrados, inclusive em corredores de tráfego, como na Avenida JK. Como era início de tarde, no horário de entrada de alunos em escola e retorno de almoço de muitos trabalhadores, o trânsito ficou tumultuado. Segundo a Defesa Civil, entre 9h30 e 17h30, foram atendidas dez ocorrências relacionadas a quedas de galhos, ameaças de queda de árvore, muro de divisa, talude e muro de contenção, além de alagamento e trinca em parede.

Em Juiz de Fora, foram registrados alguns pontos de alagamento, como trevo de acesso ao Morro do Cristo, na Estrada Engenheiro Gentil Forn (Foto: Olavo Prazeres)

Na Rua Batista de Oliveira, o órgão foi acionado após uma parede de fechamento de telhado de um prédio vizinho cair sobre um estacionamento ao lado, atingindo dois veículos. Já na Rua Virgulino João da Silva, São Pedro, Cidade Alta, a cobertura de uma casa se desprendeu do teto durante as rajadas de ventos, caindo sobre o telhado de outra residência, que teve uma parede danificada. Dois moradores do imóvel afetado foram para a casa de parentes, e o vizinho se comprometeu a arcar com os prejuízos. O Corpo de Bombeiros também atendeu a chamados relacionados a quedas de árvores.

Com os ventos, árvore caiu na Estrada Engenheiro Gentil Forn, no São Pedro (Foto: Olavo Prazeres)

Energia
De acordo com a Cemig, em Juiz de Fora tiveram apenas interrupções pontuais de energia elétrica, mas leitores relatam falta do serviço dentro e no entorno de alguns condomínios da Cidade Alta, como Bosque dos Pinheiros, Alto dos Pinheiros, Morada do Serro e Portal da Torre. A companhia não registrou ocorrências em Ewbank da Câmara.

Fevereiro é o mais chuvoso em 9 anos

Fevereiro termina nesta quarta-feira (28) com o mais chuvoso desde 2009. Até o início da noite desta terça-feira (27), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) somava 257,7 milímetros de precipitações no mês, índice que supera em 18,5% a média histórica do período, que são 217,4 milímetros. A atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul é a responsável pelas chuvas pontualmente fortes e a permanência da instabilidade atmosférica por vários dias. Este fenômeno, comum no verão, é o que cria um fluxo de umidade que segue da região amazônica para o Sudeste brasileiro, sendo considerado o grande responsável para a recuperação de mananciais de abastecimento dos centros urbanos.

O conteúdo continua após o anúncio

Em Juiz de Fora, conforme a Cesama, a Represa João Penido está 51,3% cheia, São Pedro 96,7% e Chapéu D’Uvas, 11 vezes maior que João Penido, está 82,8% preenchida. O início de 2018 garantiu a retomada do nível de acumulação em João Penido. Para se ter ideia, em dezembro, a represa tinha apenas 35,4% do seu leito ocupado por água. Janeiro e fevereiro, aliás, estão com chuvas contínuas e por vezes fortes. Dos 58 primeiros dias do ano, 30 tiveram precipitações, acumulando 520,5 milímetros até o início da noite de terça. Este resultado representa mais da metade de todas as chuvas registradas no município em 2017, que somaram 946,2 milímetros.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.