Avó de criança enterrada em quintal de casa quer trazer corpo para Juiz de Fora

Caso aconteceu em Teresópolis. A mãe, 19 anos, e o padrasto admitem ter ocultado o cadáver da menina, morta por espancamento


Por Daniela Arbex

17/02/2018 às 15h49- Atualizada 17/02/2018 às 18h27

Mikaelly de Oliveira Ribeiro foi enterrada no quintal da casa onde morava com a mãe e o padrasto

 

Uma mulher de Juiz de Fora foi presa em flagrante pela polícia, em Teresópolis (RJ), na noite de sexta-feira (16), acusada de ocultar o corpo da filha de 1 ano e 7 meses. Raiane de Oliveira Gonçalves, 19 anos, e o ex-companheiro dela, o segurança Janoir Martins Custódio, foram detidos depois que o corpo da menina Mikaelly de Oliveira Ribeiro, morta em 4 de agosto do ano passado, foi localizado no quintal de uma casa na Rua Beira Rio, Região Serrana do Rio. Segundo informações do delegado responsável pelo caso, Diogo Schettini, da 110ª Delegacia de Polícia, o corpo foi encontrado após a Polícia Militar receber uma denúncia anônima que resultou na escavação do terreno onde estava os restos mortais da criança.

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Segundo o delegado, Raiane, que em Juiz de Fora morava com os pais no Bairro Linhares, contou ter se mudado para Teresópolis em julho do ano passado, após ter conhecido o segurança pelas redes sociais. A mulher disse que a filha teria sido morta por Janoir após ser brutalmente espancada por ele. Ela afirma que o teria ajudado a enterrar a menina no quintal da casa alugada onde moravam após ameaças de morte. Na versão dela, Janoir também a agredia e mantinha as duas em cárcere privado. Apesar de depois ter se separado do homem, Raiane alegou não ter procurado a polícia por medo do ex-companheiro.

A Polícia Militar, no entanto, chegou até a mãe da criança na sexta-feira, em Teresópolis. Foi Raiane quem informou pistas sobre o local onde o corpo havia sido enterrado. Laurindo Rodrigues, do Conselho Tutelar Leste de Juiz de Fora, afirmou que foi procurado pela diarista Rosana Soares de Oliveira, avó materna da criança, e por Jorge Luiz Ribeiro Júnior, pai biológico da menina, no dia 15 de fevereiro, quinta-feira. “Diante da gravidade do caso, pedi a segunda via da certidão da menina e acionei o Conselho Tutelar de Teresópolis e, posteriormente, de Petrópolis. Mas não deu tempo.”

Segundo o conselheiro, o pai biológico de Mikaelly também pediu ajuda ao Conselho Tutelar na esperança de encontrar a filha com vida. “Ele estava chorando muito. Foi um desespero muito grande. Que esse caso sirva de alerta para que outras meninas não se aventurem em relacionamentos com pessoas que acabaram de conhecer”, salienta Laurindo. Desde julho de 2017, Jorge Luiz vinha fazendo apelos nas redes sociais em busca da filha.

Em entrevista para a Tribuna, Rosana, 42 anos, disse que vinha tentado contato com a filha, há meses, sem sucesso. “Meu coração está despedaçado. Muita gente está me criticando, dizendo que eu deixei minha filha ir, mas eu não tinha como impedir, ela é maior de idade. Esse rapaz engambelou todo mundo. Disse que ela voltaria no mês seguinte, mas passou o tempo e nada. Cheguei a ir com o pai da Mikaelly até Teresópolis, no dia 11 de agosto, sem saber que minha neta já estava morta.” Na ocasião, Rosana não conseguiu ver a filha nem a neta, e foi informada que elas tinham viajado para o Chile.

Segundo a avó materna da menina, nas poucas vezes que conseguia falar com Raiane, a filha dizia que Mikaelly estava engordando e que em dezembro traria a menina para passar o aniversário de 2 anos na cidade. “Mas elas não apareceram. Ficamos sem notícia até o dia 13 de fevereiro deste ano, quando Raiane me mandou um torpedo: “mãe, a nossa Mika foi morar com Deus”. Agora sabemos disso tudo. Meu chão desabou”, lamenta a diarista, que luta para trazer a neta para ser enterrada em Juiz de Fora.

 

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