Na linha de tiro

População tornou-se refém da violência, que não é mais uma demanda das metrópoles, se espalhando pelas ruas, pelas estradas e pelos lares


Por Tribuna

16/02/2018 às 07h48

Ao colocar a violência como tema da Campanha da Fraternidade de 2018, a Igreja reverbera um sentimento coletivo, pois não há como fugir dessa discussão diante de tantos eventos. Ela se explicita nas ruas, no trânsito, na intolerância e até na política; e o carnaval foi pródigo em confirmar tais mazelas. Em Juiz de Fora, a cidade abriu e fechou o ciclo de Momo com duas tragédias. Na sexta-feira, dia 9, três jovens morreram num acidente de trânsito, perto de Goianá; na Quarta-Feira de Cinzas, outros três, desta vez na BR-267, na altura do Bairro Floresta, morreram num choque entre o veículo em que viajavam e uma ambulância de Cataguases. Seis jovens, com sonhos a serem realizados, perderam a vida.

O trânsito é uma das faces perversas da violência com ocorrências frequentes, fruto da imprudência e da imperícia de motoristas que dirigem como se estivessem num autódromo e que desrespeitam regras básicas de segurança, achando que são imunes. E as estradas, salvo as exceções, estão em condições precárias.

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Por sua vez, o Rio de Janeiro, cartão-postal do país, vive uma crise de autoridade e se mostra como centro dos enfrentamentos entre bandidos e policiais, com reflexos na população, quase sempre na linha de tiro. O governador reconhece que subestimou o carnaval, admitindo que não esperava tantas cenas com pessoas sendo assaltadas, agredidas e de bandidos exibindo armas nas comunidades. O prefeito, por sua vez, ainda está no exterior, segundo ele, buscando know-how para enfrentar o crime. Seu discurso foi desmentido pela própria empresa que o recebeu em visita. Ele mistura religião com trabalho e deixa de cumprir princípios básicos do cargo.

Mas o Rio é, porém, apenas a face mais exposta do país. Em todos os quadrantes, o medo tornou-se rotina, induzindo a população a mudar comportamentos, sendo refém dos criminosos que agem à luz do dia em busca do patrimônio alheio. Ante um cenário de impunidade, o ministro da Justiça diz que a situação está, de fato, intolerável, mas não diz o que será feito, preferindo repetir o velho mantra de “vamos tomar providências”, que se repete a cada evento.

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