Propaganda e duas doses generosas de cachaça

Uma iniciativa porreta da Tribuna de Minas: falar sobre propaganda em um mundo cada vez mais desconfiado dela.


Por Marcos Villas Boas, Sócio da República Comunicação, Professor do curso de Publicidade e Propaganda e tenista nas horas vagas

01/02/2018 às 11h00- Atualizada 02/02/2018 às 09h51

Estamos vivendo uma era bastante complexa quando o assunto é propaganda. O povo anda meio avesso a ela, de nariz torcido mesmo. E não estou falando de uma crise apenas das mídias tradicionais, mas do consumo da comunicação persuasiva como um todo, em todas as plataformas possíveis. Os míseros 5 segundos antes de um vídeo no YouTube são eternos, provando a teoria da relatividade; os anúncios obrigatórios no Facebook são insuportáveis; o comercial no Spotify só vem para atrapalhar a playlist; os posts de remarketing que nos perseguem como psicopatas são um pé no saco (desculpe o termo).

Aliás, hoje, pagamos para não ver propaganda. Existem até pop ups para anunciar bloqueadores de… pop ups. É propaganda contra propaganda. Isso me faz lembrar de um médico lendário de Caxambu, sul de Minas, que tinha uma receita maravilhosa para quem queria parar de beber. Ele desenvolveu uma técnica única, que atraiu milhares de pacientes. Era simples. Só tomar um remédio milagroso, desenvolvido e manipulado por ele, duas vezes ao dia, com uma generosa dose de cachaça. Um verdadeiro sucesso com os pacientes, que se entregavam ao tratamento por anos a fio e, o melhor, com o apoio das esposas.

PUBLICIDADE

Enfim, é mais ou menos o que queremos fazer aqui. Falar de propaganda num mundo cada vez mais desconfiado dos resultados dela. Uma iniciativa porreta da Tribuna de Minas, já que nunca antes na história desse planeta, se precisou tanto discutir os rumos do bom e velho reclame. Estamos vivendo uma revolução no mercado de comunicação e todos fazem parte dela, principalmente, você, seja produzindo conteúdo, curtindo ou, melhor ainda, compartilhando. É como viver num liquidificador no 220, tudo rápido, agitado, misturado e o resultado mesmo, só vamos ver na hora que apertar o off.

O problema é que estamos o tempo todo em modo on. Já tem tempo que deixamos de estar conectados para sermos conectados. E como ninguém vai desligar essa parada, o jeito é servir esse caldo assim mesmo, sem coar e, muito menos, sem tempo de decantar. O que prometemos aqui, nesse espaço que vai acontecer domingo sim, domingo não, é discutir a boa propaganda, as estratégias, as novas tendências, nossas dores, propósitos, o que o mercado está produzindo de melhor e, por que não, de pior. E vamos falar de qualquer mercado, inclusive o nosso. Queremos dar uma chacoalhada nos pilares das nossas trocentas pontes, fazer tremer um pouco o chão do Calçadão, colocar a mão no vespeiro juiz-forano, sem medo da ferroada. Queremos discutir, pensar, fazer refletir. Queremos trazer um mundo de gente e de ideias para a nossa sacada. Puxe a cadeira e vem com a gente. A vista é boa e vai ser bacana, divertido, perturbador talvez. Vai ser a nossa cachaça: às vezes difícil de engolir, mas viciante.

Quer falar mais sobre propaganda ou ajudar a construir nossa coluna? Email para marcos@republicanet.com.br

O conteúdo continua após o anúncio

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.