UFJF vai cercar Lago dos Manacás, no campus

Instituição diz que medida tem como objetivo a manutenção do espaço acadêmico-científico, a preservação da biodiversidade encontrada no local e a prevenção de acidentes


Por Tribuna

24/01/2018 às 13h01- Atualizada 24/01/2018 às 17h40

Cercamento deve começar nesta quarta-feira; trabalhos devem durar cinco dias. (Foto: Leonardo Costa)

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) anunciou que irá cercar o Lago dos Manacás, localizado no campus. A instalação de telas será iniciada nesta quarta-feira (24), por técnicos da Pró-reitoria de Infraestrutura e Gestão (Proinfra), e abrange apenas o trecho nas proximidades do Pórtico Sul. No comunicado divulgado em seu site, a UFJF justifica que a implantação tem como objetivos “a manutenção do espaço acadêmico-científico, a preservação da biodiversidade encontrada no local e a prevenção de acidentes”.

De acordo com o pró-reitor da Infraestrutura e Gestão, Marcos Tanure Sanábio, o lago tem sido utilizado como ponto de pescaria e lazer por moradores dos bairros adjacentes ao campus, principalmente no período de altas temperaturas, quando cresce o número de ocorrências destas atividades. A Tribuna esteve no local na manhã desta quarta-feira e flagrou jovens nadando e pescando. “Estamos tomando precauções. Ali tem um sumidouro, uma vazão de água muito importante. Toda água pluvial vai para dentro do lago, ele sobe e depois se estabiliza. É uma primeira precaução nesse sentido, estamos com grande tranquilidade. Queremos dar segurança às pessoas e ao meio ambiente.”

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A Tribuna esteve no local na manhã desta quarta-feira e flagrou jovens nadando e pescando. (Foto: Leonardo Costa)

Segundo o responsável, a universidade vem atuando junto às comunidades acadêmica e externa com o intuito de conscientizar a população sobre os riscos do uso recreativo das águas. Nesta terça, membros da atual administração se reuniram com a Sociedade Pró-Melhoramentos (SPM) do Bairro Dom Bosco, a fim de explicar os motivos da decisão. À Tribuna, o presidente da associação, José Braz, concordou com a iniciativa, uma vez que, na visão dele, é necessário prevenir acidentes. “Concordamos plenamente. Não adianta acontecer um fato desagradável, morrer afogado, e depois colocar a culpa no acaso, colocando a chave onde já foi arrombado. É preferível cortar o mal pela raiz”, argumenta.

Para o líder comunitário, os pais devem ter consciência dos riscos que o lago oferece às crianças devido à qualidade da água e aos riscos de afogamento. Ele sugere que a UFJF integre os frequentadores do lago aos programas de extensão desenvolvidos pela universidade, principalmente na prática esportiva. “A UFJF tem um projeto de acolher as pessoas no Centro Olímpico pra algumas atividades. Nós propusemos à universidade que pegue essas crianças e cadastre-as na natação, no futebol, trabalhando em parceria com a gente.”

A deliberação tomada na reunião foi acompanhada pela vice-presidente, Maria Inês Raposo Beghelli, e pelo integrante do Conselho, Luiz Gonzaga de Assis. De acordo com Braz, o tema será discutido com os demais membros da associação na próxima reunião, a ser realizada no dia 9 de fevereiro. Caso seja necessário, ele pretende convocar a comunidade para ampliar as conversas sobre a restrição adotada.

As obras devem ter duração de cinco dias. Durante o período, líderes dos bairros adjacentes auxiliarão a universidade na distribuição de panfletos para comunicar a proibição e riscos do uso recreativo do reservatório. O Lago dos Manacás não tem a finalidade de abastecimento humano, pesca ou balneabilidade, conforme sinalização presente em suas margens.

 

Decisão divide frequentadores

Com grande movimentação de pessoas durante todo o dia, frequentadores da UFJF ouvidos pela Tribuna na manhã desta quarta se mostraram divididos com o telamento do espaço. “Antigamente era comum as pessoas tomarem banho de rio, lago. Hoje isso não é mais normal. Acho que, por este motivo, não é visto com bons olhos isso que os meninos fazem. Eu sou contra fechar, acho que não incomoda ou atrapalha em nada os garotos irem lá”, opina o engenheiro Valério Salles. A visão é corroborada pelo representante comercial Ricardo Alves. “Sou contra fechar. Já vivemos em uma sociedade em que tudo é gradeado, fechado. Aqui é um espaço ao ar livre, onde buscamos exatamente a liberdade. Acho que irá perder esteticamente, não vai ficar bom”.

A fisioterapeuta Priscila Kirchmeyer defende a iniciativa da instituição, lembrando que o local é constantemente deixado sujo pelos frequentadores “Acho que é válido cercar, pela segurança dos próprios meninos. Sem contar também que as margens do lago estão sujas, cheias de garrafas plásticas e outros lixos. Entendo que essa pode ser a única área de lazer deles, mas acho que a utilização não está sendo feita de forma correta, pode até degradar o lago”. Já a professora Alessandra Kirchmeyer lamenta a iniciativa, mas crê ser a única saída possível. “Percebo que é uma questão cultural, de educação, de algumas pessoas não preservarem o que é coletivo. Para proteger o que é de todos, sou a favor do cercamento, que, para mim, não seria a melhor solução.”

Conforme a UFJF, a área no entorno do lago coberta por vegetação não será cercada. Para evitar possíveis agressões estéticas, a tela será instalada nas proximidades da lâmina d’água, possibilitando que as pessoas continuem contemplando a paisagem.

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Histórico

Esta não é a primeira vez que a UFJF propõe o telamento do lago com intuito de coibir práticas recreativas no espaço. Em 2015, a Tribuna noticiou que a intuição convidou  autoridades do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e SPM do Bairro Dom Bosco para discutir ações que promovessem a conscientização da população sobre os perigos destas atividade. Na oportunidade, o presidente da SPM do Dom Bosco propôs que uma das soluções para evitar o uso do lago seria o cercamento do local.

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