Ode ao verão


Por Júlia Pessôa

21/01/2018 às 07h00

Depois de um longo inverno de muitas rinites, eu, que sempre odiei calor fora do contexto praia-piscina-férias, estava de fato ansiosa para que o Rei (não o Roberto Carlos, o Astro-Rei) desse as caras em Jufas. E ele veio com tudo, tem um sol pra cada um nos últimos dias.

A gente se perde tanto no passo apressado dos ponteiros e nos que damos nas calçadas que deixamos passar, imperceptíveis, pequenas belezas quase cinematográficas da banalidade do cotidiano.

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Esses dias, correndo para trabalhar, vi uma senhorinha, saindo muito provavelmente do Clube Cascatinha, maravilhosa, de óculos escuros, chinelos, chapéu e óculos escuros. Estava de biquíni, com um camisão meio aberto por cima, que um benevolente ventinho insistia em revelar. E a doninha lá, uma verdadeira ode ao verão, mais do que qualquer gostosa objteficidada em propaganda de cerveja.

Saí sorrindo e pensando o quanto a vida é boa quando a gente se permite ver beleza, por um segundinho que seja. Dá até pra esquecer que o mundo é cão. Que o Brasil vai ter eleição presidencial este ano e vai ser um show de horrores. Que tantas vozes são caladas por poder, dinheiro ou simplesmente porque ninguém tem a dignidade de ouvir.

Tem dias em que o mundo fica um pouquinho melhor, ou um pouquinho menos pior, só porque existem doninhas felizes de biquíni em um dia de verão.

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