Confira o avanço da febre amarela em MG e tudo que você deve saber

Em JF não há confirmação de registros em humanos, somente casos suspeitos. Saiba como se prevenir


Por Rafaela Carvalho

21/01/2018 às 07h00

Subiu para cinco o número de casos suspeitos de febre amarela na regional de saúde de Juiz de Fora. Neste sábado (20), a Secretaria de Saúde confirmou que mais três pacientes com suspeita da doença foram internados na cidade. Dois deles estavam no Hospital Regional João Penido até o fechamento desta edição. O terceiro também teria sido atendido no hospital, mas morreu. A assessoria da pasta afirmou que não pode repassar informações sobre identidades dos pacientes, cidades de origem ou estados de saúde porque eles são moradores de cidades vizinhas que estão apenas se tratando em Juiz de Fora.

Na última quinta (18), um juiz-forano de 58 anos com suspeita de febre amarela já tinha morrido devido a uma hepatite fulminante, mesmo após ter sido submetido a um transplante de fígado. Horas depois, um idoso de 66 anos, oriundo de uma cidade da região, também morreu com suspeita da doença. Nenhum dos casos foi confirmado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), que só deve publicar novo boletim epidemiológico na próxima terça-feira (23).

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A expectativa é de que o número oficial de 15 óbitos confirmados aumente em Minas Gerais, considerando que outros cinco pacientes com suspeita da doença morreram até a última sexta-feira. Entre eles estão um viçosense e um morador de Porto Firme, cidade vizinha de Viçosa. Por conta do aumento do número de casos suspeitos, que já passa de cem, o governador Fernando Pimentel (PT) decretou situação de emergência em 94 municípios das regiões de Belo Horizonte, Itabira e Ponte Nova.

Além das suspeitas da doença em humanos, 17 macacos foram achados mortos na cidade na última semana, somando um total de 25 este ano. Destes, já foi confirmado que dois tinham febre amarela, incluindo o bugio encontrado no parque do Museu Mariano Procópio, que vai ficar fechado por mais de 60 dias. Enquanto aguarda os resultados das investigações, a Prefeitura tem aplicado inseticidas e realizado investigação epidemiológica.

Os horários de vacinação também foram ampliados. Neste sábado (20), 63 UBSs e outros três pontos funcionaram durante todo o dia exclusivamente para vacinar quem ainda não se imunizou. O movimento foi considerado normal e balanço sobre o número de doses aplicadas na campanha deve ser divulgado na próxima semana. Além disso, até 2 de fevereiro, todas as UBSs permanecerão abertas das 8h às 16h30.

Na região de Juiz de Fora, a cobertura vacinal ainda é de 83%, índice que fica bem abaixo dos 95% preconizados pelo Ministério da Saúde. Por isso, com o objetivo de sanar as dúvidas sobre a febre amarela, a Tribuna preparou um guia sobre tudo que se precisa saber sobre a doença, desde os sintomas até orientação da vacinação em cada faixa etária. Confira abaixo.

O QUE VOCÊ DEVE SABER SOBRE FEBRE AMARELA

A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus transmitido por mosquitos. No ciclo de transmissão silvestre, a doença é transmitida pelos mosquitos Haemogogus e Sabethes. Na febre amarela urbana, o mosquito responsável pela transmissão é o Aedes aegypti.

– TRANSMISSÃO
A transmissão ocorre apenas por meio da picada de um mosquito infectado. Macacos e humanos são hospedeiros do vírus, enquanto os mosquitos são vetores, responsáveis pela disseminação da doença. Ao picar um macaco doente, o mosquito adquire o vírus e, depois de alguns dias, passa a ser capaz de transmitir a febre amarela a outros macacos ou humanos.

– SINTOMAS
Febre (início súbito), calafrios, dor de cabeça intensa, dores nas costas e no corpo, náuseas, vômitos, fadiga e fraqueza.
Casos mais graves: febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos) e hemorragia.
Os sintomas aparecem de três a seis dias após o contato com o vírus.

– O QUE FAZER AO PERCEBER SINTOMAS
Deve-se procurar um médico na unidade de saúde mais próxima e informar sobre viagens, atividade de risco ou residência em área de mata. Mortes de macacos próximas aos locais onde a pessoa esteve ou mora, possíveis picadas de mosquito também devem ser relatadas. É essencial dizer ao médico se já recebeu uma dose da vacina contra febre amarela ou não.

– TRATAMENTO
Tratamento sintomático com hospitalização. São indicados repouso, reposição de líquido e de perdas sanguíneas, quando necessário.
Casos mais graves: o paciente é encaminhado para uma unidade de terapia intensiva para diminuir as chances de óbito.

– PREVENÇÃO
A vacina contra a febre amarela é a principal forma de prevenção. Uma dose imuniza por toda a vida. Para pessoas que moram ou visitam áreas de mata, repelentes e roupas que cobrem todo o corpo são medidas adicionais de proteção.

Fonte: Ministério da Saúde e Secretaria de Estado de Saúde (SES MG)

DÚVIDAS
– Qualquer pessoa pode contrair febre amarela?
Sim. Qualquer pessoa não vacinada, independentemente da idade ou sexo, pode contrair a doença.

– A doença é contagiosa?
Não. Não é possível adquirir a doença em contato com um macaco ou ser humano doente.

– Quais são as áreas de risco?
Locais de matas, florestas, rios, cachoeiras, parques e o meio rural que, em geral, abriga vírus, hospedeiros e vetores naturalmente, aumentando o risco de exposição ao ciclo natural da doença. Atualmente, regiões onde há epizootias e casos confirmados da doença em humanos também são locais de risco.

– Como proteger crianças com idade inferior a 9 meses?
Bebês com menos de 9 meses de idade não podem tomar a vacina. Por isso, o Ministério da Saúde orienta o uso de repelentes. Mosquiteiros, telas em janelas e portas e roupas compridas também colaboram para a proteção do bebê.

– Os casos existentes são de febre amarela silvestre ou urbana?
Não há casos de febre amarela urbana no Brasil desde 1942, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

– Podem surgir casos de transmissão urbana?
Sim. Mas, para isso, um Aedes aegypti teria que picar uma pessoa doente e transmitir a doença para outra.

– Por que o número de casos suspeitos está aumentando rapidamente?
Há maior frequência de ocorrência de casos no período compreendido entre dezembro e maio. Além disso, com a confirmação de casos da doença no país, são notificados como suspeitos quaisquer casos com quadro febril de até sete dias, de início súbito, acompanhado de alterações no fígado, icterícia e hemorragias, contribuindo para o aumento do número de notificações.

– O que fazer ao encontrar um macaco morto?
O setor de zoonoses do município deve ser acionado. Em Juiz de Fora, o telefone do setor é 3690-7030.

VACINA

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– Não me lembro se já tomei a vacina. O que fazer?
Procure a equipe de saúde da Unidade Básica de Saúde (UBS) do seu bairro para avaliar a necessidade de se vacinar.

– Quantas doses são necessárias?
Apenas uma dose da vacina aplicada em Minas Gerais é suficiente para se imunizar.

– Há reações adversas?
Segundo a Fiocruz, de 2 a 5% dos vacinados podem apresentar cefaleia, mialgia, febre e sintomas leves entre o quinto e o décimo dia após a vacinação.

– É verdade que dois idosos morreram em São Paulo após tomarem a vacina?
A Prefeitura de São Paulo confirmou que dois óbitos podem ter relação com a vacina. Conforme a Fiocruz, a ocorrência de doença viscerotrópica aguda, síndrome originada da vacina, é muito rara. Por isso idosos e pessoas com imunidade baixa precisam de autorização médica para receber a dose.

– Quanto tempo antes de viajar devo tomar a vacina?
A vacina está disponível durante o ano todo nas unidades de saúde e deve ser administrada dez dias antes do deslocamento para áreas de risco.

– É necessário emissão de certificado para viajar para outros países?
Em alguns casos, sim. Confira mais informações na coluna Defesa do Consumidor deste domingo, na página 10.

– Minas Gerais tem vacina fracionada?
Não. A campanha de vacinação com doses fracionadas está ocorrendo nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. Em Minas, a dose é integral, de 5 mililitros.

Fonte: Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz e Secretaria de Estado de Saúde (SES MG)

QUEM DEVE TOMAR A VACINA

BEBÊS COM MENOS DE 9 MESES
Não devem ser vacinados. A proteção fica por conta de repelentes e deve-se evitar visitar locais de risco.

PESSOAS COM 9 MESES A 59 ANOS DE IDADE
Que receberam uma dose da vacina – já estão imunizadas
Que não receberam nenhuma dose – precisam se vacinar

PESSOAS A PARTIR DE 60 ANOS
Que receberam uma dose da vacina – já estão imunizadas
Que nunca se vacinaram – devem consultar um médico antes de receber uma dose da vacina
Que não têm comprovante de vacinação – devem consultar um médico antes de receber uma dose da vacina

GESTANTES
Que receberam uma dose da vacina – já estão imunizadas
Que nunca se vacinaram – devem consultar um médico antes de receber uma dose da vacina

LACTANTES
Que receberam uma dose da vacina – já estão imunizadas
Que nunca se vacinaram – devem se vacinar caso viajem para área com transmissão ativa da doença; a amamentação deve ser suspensa por dez dias após a vacina

VIAJANTES
Que receberam uma dose da vacina – já estão imunizados
Que nunca se vacinaram – devem se vacinar até dez dias antes da viagem

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