Nova temporada de teatro sobre família estreia dia 24
Relações familiares e tudo aquilo que não conseguimos dizer são o norte do espetáculo apresentado
Desconstruindo o arquétipo de teatro, “ESSA ESTRANHA SENSAÇÃO DE FAMÍLIA” (sim, em letras garrafais), reestreia na próxima semana. A peça, já apresentada em 2017, retorna ao Museu Ferroviário com suas provocações e metalinguagens. E, logo em seguida faz as malas para o Estado do Paraná, onde se apresenta no Festival de Teatro de Curitiba, considerado a grande vitrine do teatro brasileiro.
Em cena, o grupo formado por Angélica Joppert, Carol Tagliati, Rodrigo Coelho, Thiago Andrade, Vívian Hauck e Zezinho Mancini se aproxima do público, fazendo da sala de apresentação uma sala de estar, um meio familiar, onde as cenas descrevem dilemas das relações num esforço para transformar a dificuldade de comunicação dentro das famílias em algo mais possível, mais positivo e mais cuidadoso. “O tema família diz respeito a qualquer pessoa, seja pela boa, difícil ou inexistente relação. E também por ser um universo que produz e reflete outros espaços da sociedade”, destaca a atriz Carol Tagliatti.
A curtíssima temporada em Juiz de Fora começa numa quarta, dia 24, e aí está mais um ponto descontraído da peça. Porque não ir ao teatro quarta, quinta-feira? Introduzir na rotina o que nada mais é que a representação do real. O espetáculo, que faz parte dos projetos financiados pela lei municipal de incentivo à cultura, é apresentado numa sala do Museu Ferroviário até o dia 28, sempre às 20h30.
A apresentação no Festival de Teatro de Curitiba chega como a oportunidade de expor o espetáculo nacionalmente. Dentro da mostra aberta Fringe, todas as companhias interessadas, sem curadoria, se apresentam em um imenso palco a céu aberto, com espetáculos espalhados por vários espaços. “ESSA ESTRANHA SENSAÇÃO DE FAMÍLIA” se apresenta aos espectadores, que incluem críticos nacionais e curadores de outros festivais, e se lança à oportunidade de explorar a produção concebida e, quem sabe, dar vida longa à peça por todo o país.
Um intenso processo de desconstruir, reconstruir e reestreiar
O texto, estudado com práticas e investigações acerca do corpo e da presença do ator, se reinventa com a direção de Diogo Liberano e ganha mais intensidade. Uma encenação crua, sem cenários, figurinos, caracterizações ou trilha sonora. Sem grandes estruturas, conduzidos por uma luz simples, uma fita adesiva colada no chão e a roupa do corpo. “Juntos, os artistas foram compreendo que a força de ESSA ESTRANHA SENSAÇÃO DE FAMÍLIA está em seu gesto: reunir pessoas em torno de questões que – eles acreditam – precisam ser conversadas. Porém, não há um desejo moralizante na peça, ela não tem por objetivo definir verdades sobre como devem ser as relações familiares”, conta o diretor da peça, Diogo Liberano.
A encenação se reconstrói pela necessidade de superar uma estrutura teatral clássica e trazer a verdade para as cenas. Sentados nas cadeiras ao redor do espaço onde a cena se passa, o espectador sente a vivência do personagem, estabelece seus pontos de vista e repensa padrões impostos, sente a atmosfera de cenas que são comuns à vivência familiar. A aposta dessa nova criação é investigar uma antiga problemática: teatro é mentira? Questão retórica dentro da apresentação, chegando à perspectiva de que, se ao assistir o espectador se identifica, a cena é real. Não é teatrinho, balela ou ficção. Trata-se da representação de algo que acontece e, no caso, faz parte da vida familiar.
Zezinho Mancini, produtor da peça, aponta que uma nova temporada pode trazer novos olhares, novos questionamentos levantados e a oportunidade de apreciar o teatro enquanto verdade. “Trata-se de um novo jeito de viver e fazer existir o espetáculo.” Seja ele apresentado inúmeras vezes, inúmeros serão os novos pontos de vista daquilo que é real.
“ESSA ESTRANHA SENSAÇÃO DE FAMÍLIA”
Estreia: quarta-feira, dia 24
Hora: 20h30
Local: Museu Ferroviário
Até dia 28 de fevereiro