Macaco encontrado no Museu Mariano Procópio tinha febre amarela

Segundo a Secretaria de Saúde, três primatas encontrados mortos na cidade em um mês estavam infectados. Na Zona da Mata, três mortes de humanos por conta da doença já foram confirmadas: em Mar de Espanha, Goianá e Barra Longa.


Por Rafaela Carvalho e Bárbara Riolino

15/01/2018 às 16h15- Atualizada 15/01/2018 às 20h36

Parque do museu só voltará a reabrir após nova avaliação da Vigilância Epidemiológica, que será feita em março (Foto: Olavo Prazeres)

A Secretaria de Saúde confirmou que o macaco encontrado morto no parque do Museu Mariano Procópio, no dia 3 de janeiro, estava infectado com febre amarela. Boletim epidemiológico da pasta também confirma que outros dois macacos achados mortos na cidade foram vítimas da doença. Além dos diversos casos de epizootias na cidade e na região, foram registrados casos de humanos que morreram após serem infectados com febre amarela na Zona da Mata. Duas mortes já foram registradas em Mar de Espanha e Goianá, ambas localizadas a cerca de 50 quilômetros de Juiz de Fora. Em Viçosa, três pessoas estão internadas com suspeita da doença. Com o aumento expressivo do número de casos de animais mortos e de suspeitas de febre amarela em humanos, as prefeituras da região têm promovido campanhas de vacinação na tentativa de fechar o cerco contra a doença.

Com a confirmação de febre amarela no Bugio encontrado morto no parque do museu em Juiz de Fora, a unidade permanecerá fechada por mais 60 dias. A expectativa é que o local volte a receber visitantes em meados de março, após nova avaliação do departamento de Vigilância Epidemiológica para verificar se o parque poderá ser reaberto. Outros dois primatas achados mortos em Juiz de Fora estavam infectados com a doença, segundo o documento divulgado à imprensa pela Secretaria de Saúde: um deles encontrado em Palmital, há exatamente uma semana; o outro localizado no Bairro Previdenciários, em 13 de dezembro de 2017.

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Na manhã dessa segunda-feira (15), mais dois macacos foram encontrados mortos em Juiz de Fora. Os animais, segundo informações da Secretaria de Saúde, estavam em uma via no Bairro Linhares, Zona Leste, e tratavam-se de uma mãe e um filhote. Material biológico de ambos foi recolhido e encaminhado para a Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte, para verificar se eles também morreram por conta da doença. Com a notificação desta segunda, a pasta já contabiliza nove primatas mortos na cidade somente neste ano.

Depois da dupla encontrada no Linhares, o caso mais recente aconteceu na última quinta (11), nas imediações do Museu Mariano Procópio, onde um outro macaco foi encontrado morto em decorrência de um atropelamento. As demais notificações ocorreram no Bairro Vitorino Braga; em Palmital; em Rosário de Minas; na Estrada de Caeté, no Retiro (as três localidades estão na Zona Rural); e na UFJF, onde o macaco também foi atropelado. Dos nove primatas, só foi possível coletar amostras de sete animais. As demais foram descartadas devido aos estados avançados de decomposição em que eles foram encontrados.

Macacos em 2017

Macacos mortos voltaram a aparecer em Juiz de Fora no final do ano passado. De outubro até esta segunda, 18 animais foram encontrados mortos. Ainda em 2017, foram nove: dois em Nova Era, um no Aeroporto, um no Francisco Bernardino, dois no Graminha, um no Bom Pastor e um no Previdenciários. O primeiro animal notificado neste período foi encontrado na UFJF, em 31 de outubro.

Dos nove primatas, a pasta obteve resultado de sete investigações. Na maioria delas os exames apontaram “não reagente” ou “não detectável”, o que significa negativo para a febre amarela ou que houve dificuldade para constatar se havia o vírus nas amostras. Destes, o único caso que segue em investigação é o do macaco encontrado no Bairro Francisco Bernardino, na Zona Norte. O animal que estava no Bairro Previdenciários, Zona Sul, tinha febre amarela.

Já no primeiro semestre do ano passado, foram 63 macacos registrados, sendo que só foi possível coletar material de 40 deles. Desses, três foram positivos para a febre amarela. Os animais contaminados foram encontrados nas regiões do São Pedro e do Aeroporto.

Morador de Goianá morreu em decorrência da doença

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) e a Prefeitura de Goianá, cidade localizada a 50 quilômetros de Juiz de Fora, confirmaram nesta segunda-feira (15) que um homem morreu de febre amarela naquele município. Segundo informações do secretário de Saúde da cidade, Lúcio Alvim, o homem teria apresentado os sintomas no dia 28 de dezembro, mas só procurou um hospital no dia 5 de janeiro, quando já se encontrava em estado considerado gravíssimo. Ele morreu no dia seguinte, sábado (6), no HPS, em Juiz de Fora. Ele teria cerca de 40 anos e não era vacinado.

Ainda conforme o secretário, a suspeita é que ele tenha adquirido a doença na Zona Rural, enquanto trabalhava em uma propriedade próxima à divisa com as cidades de Rio Novo e São João Nepomuceno. No entanto, não há notificações de epizootias no local. Ainda assim, outros homens que trabalharam com ele foram entrevistados e disseram que já tinham sido vacinados. Uma equipe da secretaria ainda realizou uma investigação com a família do paciente e verificou que ele era o único membro não vacinado. A informação é de que ele teria resistência em ir ao médico.

Por conta da confirmação, a vacinação na cidade foi intensificada e pode ser realizada diariamente nas unidades de saúde, das 8h30 às 15h30. O óbito é o terceiro confirmado na Zona da Mata em decorrência da doença. O primeiro caso ocorreu em Mar de Espanha, distante 60 quilômetros de Juiz de Fora. No município também houve intensificação do esquema de vacinação. A prefeitura tem realizado busca ativa para imunizar os moradores. A cidade deve receber carros fumacê para eliminar os vetores nos próximos dias.

Viçosa

Em Viçosa, distante 175 quilômetros de Juiz de Fora, três pessoas foram internadas com suspeita de febre amarela. Segundo informações da prefeitura, dois dos pacientes seriam moradores da cidade de Porto Firme, localizada a 36 quilômetros, e foram transferidos para Viçosa no último domingo (14). O outro possível infectado seria um morador da cidade que frequentou a região da cidade vizinha. Ele está internado no Hospital São Sebastião desde sexta (12).

De acordo com a secretaria de Saúde do município, todos os pacientes apresentaram os sintomas da doença, como icterícia, febre alta de sete a dez dias, vômito e hemorragia. Um dos pacientes de Porto Firme apresentou alto grau de insuficiência hepática e precisou ser encaminhado para Belo Horizonte. Ainda conforme informações divulgadas pela Prefeitura de Viçosa nesta segunda, não é possível afirmar onde o morador de Viçosa teria sido infectado. No entanto, ele relatou que visitou uma localidade na Zona Rural. Já os moradores da cidade vizinha teriam viajado para Mariana, cidade onde duas mortes causadas por febre amarela já foram confirmadas.

Amostras coletadas dos três pacientes foram enviadas para a Fundação Ezequiel Dias (Funed), onde devem ser analisadas em 72 horas. Será realizada busca ativa nas zonas rurais de ambas as cidades, com intensificação da vacinação. Um posto extra deve ser montado em Viçosa no fim de semana para imunizar pessoas que trabalham em horário comercial durante a semana.

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Vacinação é melhor forma de prevenção

Em todo o estado, segundo boletim epidemiológico da SES, 11 óbitos por febre amarela silvestre já foram confirmados até esta segunda. Outra morte suspeita ainda está sendo investigada. Além dos casos confirmados na Zona da Mata, em Mar de Espanha, Goianá e Barra Longa, a 270 quilômetros de Juiz de Fora, as outras mortes já confirmadas aconteceram em Brumadinho, Carmo da Mata, Mariana (duas mortes) e em Nova Lima (quatro mortes). O único caso confirmado que não evoluiu para óbito ocorreu em Brumadinho. O homem que foi infectado era vizinho da vítima que morreu na mesma cidade e é considerado curado. Outras 34 suspeitas da doença seguem em investigação.

Ainda conforme a SES, os sintomas relacionados à febre amarela e que geram notificações sobre possíveis casos da doença são definidos pelo Ministério da Saúde. Assim, são notificados casos suspeitos de febre amarela: todo indivíduo que apresentar quadro febril agudo (até sete dias), de início súbito, acompanhado de elevação de enzimas encontradas no fígado e que podem demonstrar alterações nas funções hepáticas, icterícia ou manifestações hemorrágicas. Os diagnósticos de pacientes com essas características e residentes ou procedentes de municípios de jurisdição das unidades regionais de saúde de Belo Horizonte, Divinópolis, Juiz de Fora e Ponte Nova, não vacinados contra febre amarela ou com estado vacinal ignorado, serão considerados suspeitos.

Outros sintomas podem ser febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias. As manifestações costumam ser repentinas. A forma mais grave da doença é rara e costuma aparecer após um breve período de bem-estar (até dois dias), quando podem ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), manifestações hemorrágicas e cansaço intenso.

A melhor forma de se prevenir contra a doença é por meio da vacinação. Em Juiz de Fora, desde que o primeiro macaco foi encontrado morto no parque do Museu Mariano Procópio, a Secretaria de Saúde efetuou ações de bloqueio contra os vetores no entorno do local. Cinco postos extras de vacinação foram criados durante a última semana, imunizando um total de 2.675 pessoas. Destas, 484 se vacinaram no último sábado, em ação realizada no Espaço Cidadão, no Centro. Também já foi realizada aplicação de inseticida nos bairros Mariano Procópio, Previdenciários e Vitorino Braga, além da UFJF.

A cobertura vacinal na cidade é estimada em 89,85% do público-alvo, que envolve crianças com idade superior a 9 meses e adultos com até 60 anos. Gestantes e idosos precisam de autorização médica para obter a imunização. A meta é vacinar 95% deste público. Uma dose da vacina imuniza o paciente por toda a vida.

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