Sobe para seis o número de mortos por febre amarela em Minas

Um dos casos confirmados é de Mar de Espanha, a 60 quilômetros de Juiz de Fora


Por Bárbara Riolino (colaborou Renan Ribeiro)

10/01/2018 às 19h55- Atualizada 11/01/2018 às 10h29

O boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES), divulgado na tarde desta quarta-feira (10), revela que já chega a seis o número de pessoas que morreram em Minas Gerais, desde julho, vítimas da febre amarela. O registro mais próximo de Juiz de Fora foi feito em Mar de Espanha, a cerca de 60 quilômetros, onde um homem contraiu o vírus da doença e morreu. Os outros casos mais recentes ocorreram em Barra Longa, também na Zona da Mata, e Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte. Outros dez casos continuam sob investigação no estado. Um deles na cidade de Goianá, a 50 quilômetros de Juiz de Fora. Os demais são de Barra Longa, Brumadinho, Estrela do Indaiá, Mariana, Nova Lima e Teófilo Otoni. Trinta e oito suspeitas foram descartadas. A Secretaria Regional de Saúde irá detalhar as ações para combater o vírus da febre amarela nesta sexta-feira. Há ainda, conforme o boletim, casos confirmados de vírus em primatas em Mar de Espanha, Santana do Deserto, Matias Barbosa e Simão Pereira e outros estão em investigação nas cidades de Santos Dumont, Piau, Lima Duarte, Pedro Teixeira e Rio Novo.

O corpo de mais um macaco foi encontrado na manhã desta quarta-feira (10) em Juiz de Fora, caído no anel viário da UFJF, próximo à Faculdade de Educação Física (Faefid). Contudo, imagens de uma das câmeras de segurança do campus mostraram que o animal foi atropelado por um carro, às 10h03. Com o registro, subiu para seis o número de primatas encontrados mortos em Juiz de Fora neste ano. Três animais foram localizados na Zona Rural nesta semana, um em Palmital e outros dois em Rosário de Minas, e mais três na zona urbana.

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O primeiro caso de 2018 aconteceu há uma semana, quando um animal da espécie bugio foi encontrado morto no Museu Mariano Procópio. O segundo ocorreu na tarde do último sábado (6), no Bairro Vitorino Braga. Dos cinco registrados em 2018 até esta terça (9), em apenas dois deles foi possível coletar material para ser encaminhado para análise da Fundação Ezequiel Dias (Funed), laboratório de referência para casos de febre amarela e raiva, devido ao avançado estado de decomposição dos outros corpos. Assim, foram enviados para análise os animais encontrados no museu e em Palmital. Nos próximos dias, a Secretaria vai encaminhar amostras do macaco encontrado na UFJF.

Macacos mortos voltaram a aparecer na cidade em outubro do ano passado. O primeiro caso do segundo semestre, registrado em 31 de outubro pela Secretaria de Saúde, foi encaminhado diretamente à unidade local do Ibama. Até dezembro, outros oito animais apareceram mortos, sendo dois em Nova Era, dois no Graminha, um no Aeroporto, um no Francisco Bernardino, um no Bom Pastor e um no Previdenciários. Desses nove animais notificados, a Secretaria de Saúde já obteve o resultado de seis investigações. Em todas elas os exames apontaram “não reagente”, o que significa negativo para a febre amarela.

Sem interdição

A gerente de Vigilância Epidemiológica de Juiz de Fora, Michele Freitas, ressaltou que a Secretaria de Saúde ainda irá conversar com a UFJF sobre medidas de bloqueio no campus, bem como a aplicação de inseticidas em regiões onde possa haver criadouros, e disponibilizar pontos de vacinação para os servidores. Michele descartou a possibilidade de isolar a área, por se tratar de um local de passagem, diferente do que aconteceu com o Museu Mariano Procópio na semana passada, que só será reaberto após o resultado dos exames feitos pela Funed, o que vai levar, no mínimo, 30 dias.

A Diretoria de Imagem Institucional informou, por telefone, que as câmeras de segurança do campus registraram o atropelamento do animal nesta manhã e que, assim que foi comunicada sobre o macaco morto, adotou as medidas protocolares. Na mesma hora, uma equipe da vigilância da UFJF foi acionada para isolar o local onde o animal foi encontrado. Na sequência, a UFJF acionou o Departamento de Zooneses, que enviou a equipe para recolher o animal. A Diretoria ainda informou que as imagens do atropelamento do macaco podem ser disponibilizadas para a Vigilância Epidemiológica para ajudar nas apurações da causa da morte e reafirmou que a comunidade deve permanecer tranquila.

Em coletiva de imprensa concedida pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) na quinta passada (4), o subsecretário de Vigilância em Saúde, Rodrigo Almeida, informou que, dos 63 macacos registrados em 2017 (de janeiro a julho), só foi possível coletar material de 40 deles. Desses, três foram positivos para a febre amarela. Os animais contaminados foram encontrados nas regiões do São Pedro e do Aeroporto. Na ocasião, a secretária de Saúde, Beth Jucá, informou que 90% da população estão vacinadas e que as vacinas estão sendo disponibilizadas nas 63 unidades básicas de saúde, PAM Marechal, Departamento da Criança e do Adolescente e no Departamento do Idoso.

Além do posto volante montado no Centro Cultural Dnar Rocha, no Mariano Procópio, desde a semana passada, até esta sexta (12), outros três postos extras de vacinação funcionam no entorno do museu. Eles estão localizados nos pátios do Bahamas Manoel Honório, no Bretas Santa Terezinha e na Igreja Quadrangular do Bairro Democrata. Podem ser vacinados bebês a partir dos nove meses de vida até pessoas com 60 anos. Gestantes e idosos com mais de 60 anos, apenas mediante autorização de um médico.

Região

Na última segunda-feira (8), o corpo de um macaco foi encontrado na Zona Rural de Lima Duarte, a cerca de 65 quilômetros de Juiz de Fora, com suspeita de febre amarela. Este seria o segundo caso registrado no município. Conforme nota oficial divulgada pela Prefeitura de Lima Duarte, o animal estava na comunidade de Monte Verde e foi recolhido pela equipe da Vigilância Epidemiológica, devido à suspeita de infecção pela doença. O corpo do animal foi encaminhado à Superintendência Regional de Saúde (SRS), em Juiz de Fora, onde foi congelado e encaminhado para Belo Horizonte, nesta quarta-feira (10), para ser submetido a exames para detectar a causa da morte.

O primeiro caso de Lima Duarte, segundo a assessoria da Prefeitura, foi registrado no dia 20 de dezembro, e tratava-se de um bugio, encontrado vivo nas proximidades da Cachoeira de São Bento. O animal também foi enviado para análise. Na ocasião, ele foi recolhido pela Polícia Ambiental e teve de ser sacrificado em Juiz de Fora. O resultado do exame, no entanto, ainda não foi divulgado.

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Brumadinho

No primeiro boletim epidemiológico do ano, divulgado na última sexta-feira (5), a Secretaria de Estado de Saúde (SES) confirmou um novo caso de febre amarela em humano no estado. Trata-se de um homem de 51 anos, que morreu com sintomas da doença no dia 31 de dezembro. Ele era morador da Zona Rural de Brumadinho, cidade localizada na região metropolitana de Belo Horizonte, a 270 km de Juiz de Fora. Outro morador da cidade, 37 anos, está internado, também com suspeita da doença. Os casos são os primeiros registros de febre amarela em humanos em quase seis meses em Minas.

Segundo informações da SES, os dois homens teriam sido internados com suspeita de doença febril aguda. No entanto, a vítima de 51 anos morreu uma semana após o início dos sintomas. Um exame foi realizado pela Funed, e o resultado foi positivo para febre amarela. Já o homem que permanece internado foi atendido com suspeita de dengue e transferido para o município de Serra, no estado do Espírito Santo. Também foi feito exame para verificar se ele está infectado com a doença, mas a SES ainda aguarda a divulgação do resultado.

Investigação
Ainda neste boletim, há 21 municípios com casos confirmados de mortes de macacos por febre amarela. Outras 26 cidades contam com investigação acerca da presença da doença em primatas, inclusive Juiz de Fora. Na região, primatas infectados foram encontrados em Além Paraíba, Mar de Espanha, Matias Barbosa, Santana do Deserto e Simão Pereira de julho para cá. No total, 435 pessoas foram infectadas pela doença em 2017, com 162 mortes.

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