Nada de novo

Enquanto não for feita uma profunda reforma política, mudar os personagens dos parlamentos e dos governos será um detalhe irrelevante


Por Tribuna

09/01/2018 às 06h30

Passadas as festas, o país – se bem que ainda tem o carnaval – começa a se preparar para entrar, de fato, em 2018. É ano de Copa do Mundo, mas o fato mais relevante são as eleições de outubro, quando Presidência da República, governos dos estados, Congresso Nacional e assembleias legislativas estarão sob processo de renovação. Os cientistas políticos indicam que o número de novos parlamentares será o maior dos últimos anos, fruto, principalmente, do desgaste da atual legislatura, mas há controvérsia nesse novo cenário.

Os cientistas podem até acertar, mas o que entra em pauta é se a renovação, por si só, resolverá os problemas do país. O discurso recorrente em muitos segmentos passa, inclusive, por outsiders, isto é, personagens que se destacam fora da instância política e que pretendem levar suas experiências para os parlamentos ou para os governos. Muitos já fizeram isso, mas a novidade é o discurso. Entendem que a política já não se sustenta, o que é um equívoco, pois ela é, ainda, o meio mais adequado de transformação.

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O que pode e deve ser discutido é o modelo ora em curso no país. O presidencialismo de coalizão já se mostrou falido e, enquanto prevalecer, será fonte de corrupção, pois há interdependência entre os poderes, em vez de independência e harmonia. O Governo tem o poder de agenda, mas deputados e senadores têm o voto, daí, cria-se o caldo de cultura adequado para negociações nem sempre republicanas.

A reforma política, que poderia ter estabelecido um novo ordenamento, foi uma peça de ficção, prendendo-se mais à questão eleitoral do que política. Por isso, enquanto não houver, de fato, uma mudança profunda, a situação será a mesma com novos ou velhos políticos. Daí, o novo, agora, é mero detalhe.

 

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