Tenista juiz-forano se destaca no circuito universitário dos Estados Unidos

O jovem Luiz Fernando Bara Faria, 20 anos, conquista bons resultados para a Coastal Carolina University, onde estuda


Por Júlio Black

23/12/2017 às 07h00- Atualizada 23/12/2017 às 15h08

(Foto: Marcelo Ribeiro)

Família com tradição no esporte juiz-forano, os Bara são conhecidos pela sua ligação de décadas com o vôlei e o basquete. Mas as gerações que chegam estão aí para levar o sobrenome para outras quadras – como a de tênis, em que Luiz Fernando Bara Faria vem obtendo conquistas de expressão nos torneios universitários dos Estados Unidos, em que defende a Coastal Carolina University. Integrante da equipe de tênis da instituição desde 2016, o jovem de 20 anos foi um dos responsáveis pelos bons resultados obtidos este ano, entre títulos de simples e duplas e campanhas de destaque em torneios da NCAA, a entidade máxima do esporte universitário norte-americano.

Luiz Fernando mudou-se para a Carolina do Sul há cerca de dois anos, quando recebeu propostas de bolsas de diversas universidades para jogar tênis e estudar. Foi mais uma etapa da trajetória que começou aos sete anos, quando começou a praticar o esporte, ainda como brincadeira, seguindo os passos da mãe, Nadja, com a irmã Dominique. O negócio começou a ficar sério aos 11 anos, quando a família se mudou para Joinville (SC) e passou a treinar cinco dias da semana, quatro horas por dia. O passou seguinte foram os torneios em sua faixa etária, até participar de competições internacionais e chegar ao número 320 do ranking mundial junior da ITF (Federação Internacional de Tênis) – o que rendeu os convites das instituições americanas, entre elas a Coastal.

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“Das propostas que recebi esta foi a que me permitiria uma adaptação mais fácil, sendo uma cidade perto da praia e de clima não tão frio”, explica Luiz, que teve bolsa de 80% no primeiro semestre e agora já tem a bolsa integral para, além do tênis, ser estudante do curso de business management. Outro ponto determinante foi o fato da Coastal Carolina fazer parte da Divisão 1 da NCAA, que divide as instituições em cinco divisões.

Número um da equipe

Os treinamentos, conta, são diferentes do que estava acostumado no Brasil. “Por conta dos estudos, temos apenas três horas diárias, mas são treinos de alto nível, e lá o piso da quadra é rápido, não é o de saibro que eu estava acostumado. Isso muda muita coisa, com mais treinos na academia que de corrida. O piso rápido exige mais força no saque e potência nos golpes”, explica. “E o time conta com ótimos jogadores de todo mundo. Somos oito na equipe, e apenas um é americano, os demais vieram de Suécia, Austrália, Chile, Colômbia, Peru e Inglaterra.” Dois oito, seis são titulares, e é preciso ralar muito para se tornar o jogador número um da equipe.

Temos apenas três horas diárias, mas são treinos de alto nível, e lá o piso da quadra é rápido, não é o de saibro que eu estava acostumado. O piso rápido  exige mais força no saque e potência nos golpes”

“Atualmente sou o número um em simples e duplas, mas cheguei como o número seis de simples e dois de duplas. Você fica mais embaixo no roster (elenco) exatamente para se adaptar, não pegar adversários mais fortes logo no início”, justifica.

A adaptação não foi fácil apenas nas quadras. Ele ainda tinha dificuldades com o inglês durante o primeiro semestre, mas como morou com alguns americanos teve que conversar na língua estrangeira o tempo todo, o que o ajudou a desenvolver fluência e entendimento. E isso contribuiu também para melhorar suas notas na universidade, conseguindo um GPA (Grade Point Average, a média entre provas e trabalhos), superior a 3.5, sendo que o máximo é 4. Essa média faz com que ele tenha o Academic Awards, conferido aos atletas/estudantes com GPA superior a 3.5.

Desempenho ajuda a Coastal a subir de conferência

Sobre a temporada, Luiz Fernando explica que ela é dividida em duas partes, com o primeiro semestre dedicado à competição por equipes e o segundo para torneios individuais. A equipe da Coastal Carolina conquistou na primeira metade do ano os títulos da temporada regular e da conferência da Big South Conference, garantindo vaga para o campeonato nacional, o NCAA Nationals, que reúne as 64 melhores universidade das cerca de 450. O time, porém, foi eliminado na primeira pela Wake Forest, uma das universidades top 5 do tênis. “Só de estar entre os 64 já foi uma grande conquista”, destaca.

No segundo semestre, ele conquistou os títulos da Chave A1 (com 32 tenistas) do South Carolina Men’s Collegiate Tennis Championship, disputado em setembro na cidade de Benton, na Carolina do Sul, que Luiz Fernando venceu nas duplas e simples. Depois veio o NCAA Regionals, disputados no mês de outubro em Carry (Carolina do Norte), em que chegou até as oitavas de final, batendo dois cabeças de chave da North Carolina e Wake Forest antes de ser derrotado pelo campeão do torneio. Mesmo sem ir até a final, a campanha de Luiz é a melhor da história da Coastal no torneio.

Esses desempenhos, junto com os de outros torneios disputados por ele e seus colegas de time, fizeram com que a Coastal Carolina subisse de conferência, passando da Big South Conference para a Sun Belt, ambas da Divisão 1 da NCAA mas com a segunda agrupando universidades ainda mais fortes. “Vai ser um grande desafio, ainda mais por ser o número 1 da equipe em simples e duplas e por ter que encarar adversários ainda mais qualificados.”

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De olho no circuito profissional

Luiz Fernando tem mais dois anos de faculdade pela frente, e seu o objetivo inicial é voltar ao NCAA Nationals conquistando o título da conferência, além de passar das oitavas no NCAA Regionals, em que deve ser cabeça de chave. Sua vontade é partir para o tênis profissional – no qual a sua maior referência é o suíço Roger Federer – quando encerrar os estudos, mas não descarta seguir na área que escolheu estudar. “Por isso mesmo não posso descuidar dos estudos, busco manter meu GPA acima da média para permanecer com as portas abertas.”

Por enquanto, ele descansa com a família no Brasil e fica de folga até o próximo dia 27, quando retoma os treinamentos. A volta para os Estados Unidos está marcada para 8 de janeiro, pois a temporada terá início duas semanas depois, contra Wake Forest, e não há tempo a perder.

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